Capítulo 5

887 Palavras
TALITA Acordo as 7h da manhã lembrando do pesadelo com aquele professor babaca e gostosão, como pode uma pessoa ser tão bonita por fora e tão podre por dentro? Me levanto e corro para a academia, afinal já estou atrasada. Quando começo meu treino de braços, o babaca do Gui se aproxima. -Oie minha gatinha, tenho uma novidade para você- Diz sorrindo maliciosamente. -O que? – pergunto desanimada ao extremo. - Rompi meu noivado, não vou mais me casar, finalmente podemos sair para jantar e nos conhecer melhor- sorri- nada mais nos impede, eu sei que você tem uma quedinha por mim, apesar de não demonstrar tanto interesse, as mulheres sempre fazem isso, né.. - O que??? Você está maluco???- Falo extremamente irritada- Eu nunca tive qualquer interesse em você, não me relaciono somente pelo o que pessoa apresenta por fora, eu vejo a moral e a índole, coisas que você sempre demonstrou não ter enquanto era noivo e ficava no meu pé. Será que você nunca percebeu que eu JAMAIS me relacionaria com você? ABAIXA SUA BOLA E ME DA LICENÇA- Saio bufando e indo em direção as esteiras. Aquele cara acabou com a minha vontade de treinar. Corro vinte minutos na esteira na força do ódio, nesse momento preciso de endorfina nas minhas veias mais do que qualquer outra coisa. Volto para casa e são 8h30 já, tomo meu café da manhã de sempre e encontro meus pais na cozinha. - Oi mãe, oi pai- digo sorrindo- Noto que minha mãe está com olhos marejados e meu pai com a cabeça baixa. -Oi filha, precisamos conversar seriamente- diz meu pai com olhar de preocupação. - O que houve?- respondo esperançosa de não ser algo muito grave. - Filha, o papai conseguiu um emprego na Itália, em uma das maiores construtoras do país. Porém, precisamos nos mudar na semana que vem, eu já sabia que isso poderia ocorrer, por isso estava viajando tanto a trabalho. Estava fazendo a validação do curso de engenharia, sua mãe queria te contar, mas não teve coragem e eu a pedi para guardar esse segredo. Não esperávamos que a proposta sairia tão rápido. Não consigo esboçar qualquer palavra e sinto as lágrimas caindo dos meus olhos. -PORQUE vocês não me contaram? Qual é a dificuldade em me comunicar das coisas que ocorrem ao meu redor? Vocês fazem isso desde que eu era criança. Todos os meus sonhos são menores em comparação ao que vocês querem. Devo parar a minha vida para viver a de vocês?- Digo aos prantos. - Tudo o que fizemos por você foi para o seu bem, Tali- Mamãe diz com a voz firme- e agora não será diferente, você precisa trancar a faculdade, pois não conseguiremos manter duas casas, você terá que vir conosco para a Itália e deverá recomeçar sua faculdade lá. - NÃO VOU MESMO- digo gritando- Vocês vão e eu fico. -Como assim? Você não tem dinheiro para se sustentar, muito menos sustentar uma casa. Quem paga tudo para você sou eu, desde alimentação até seus pequenos luxos.- Meu pai exclama furioso. - Isso muda hoje- Saio da cozinha e entro no banho. Choro. Um choro de desespero, angústia e decepção. Porque eu sempre sou a última a saber, a última a opinar e a última a ter poder de decisão? Até quando vão me tratar como uma criança? Termino o banho e me arrumo para a entrevista. Coloco uma calça social lilás clarinha, uma camisa branca com detalhes em branco e uma sandália branca, nem tão alta, nem tão baixa. Sei que não é muito apropriado ir de sandália em entrevistas, mas a calça flare é longa e quase não aparece. Prefiro ir descalça do que ir de sapatilha, credo. Peço o uber pelo celular, me n**o a andar de ônibus. Já que meu pai quer jogar na minha cara que me sustenta, então o cartão dele vai apitar enquanto eu ainda posso. Chego em um prédio todo espelhado na Avenida Paulista e fico chocada com o local. Todos muito bem vestidos. Me apresento para a recepcionista e ela me libera para subir. Chegando ao local me colocaram em uma sala de espera, onde estavam outras candidatas. Uma mais metida que a outra, somente com roupas de marca. Elas devem estudar na elite de São Paulo e nem devem precisar da remuneração. Passo por diversas fases de seleção, faço petição, respondo questões até que ouço a secretária. - Senhora Talita, pode dirigir—se a sala do presidente para a última fase da seleção. Caminho pelo corredor até a última porta, quando abro me deparo com uma sala gigante, com uma vista imensa da paulista e atrás de uma enorme mesa vejo o meu pesadelo- literalmente- o professor Juliano. Fico sem reação e ele me chama - Boa tarde, senhorita! Entre, pode se sentar. -Diz Juliano, apontando a imensa cadeira em sua frente. Com olhar malicioso. Fico tão nervosa, que digo para Juliano que se ele quisesse eu poderia me retirar e chamar a próxima candidata, porém ele me diz que estou contratada e pede para eu passar no RH, eu fico abismada e só consigo agradecer. Mas me intriga a cara de quem está planejando algo que ele faz, ele me olha de uma maneira diferente, como se ele quisesse me testar.
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