Ele não tinha como passar sem chamar a atenção, era evidente. Wesley estava com ele, o mesmo olhar sério e irritado que tinha vida hoje pela manhã nos observava, meus ombros doíam só de lembrar que seríamos parceiros. Jonathan soltou a minha mão e sorrio com escarnio do homem que tinha se aproximado, Levi foi quem o cumprimentou primeiro.
- Prefeito. - a palavra veio seguida de um leve aceno que a certo ponto parecia de respeito, mas se olhasse bem séria algo mais puxado para a tolerância. Jonathan não compartilhava do sentimento.
- Christiel, apenas Christiel. - ele insistiu com um sorriso casto, o olhar caiu e ao erguer se encontrou com o meu novamente, não desviei, o que deixou o ambiente pesado para os demais. - A senhorita deve ser a agente transferida de Miami. O capitão Alborn me falou sobre você, é um prazer conhece-la.
Claro que ele tinha falado, não tinha nada que fizesse o prefeito vir até essa roda de pessoas avulsas. Lhe lancei um sorriso sincero, o arcanjo a minha frente respirou fundo como se eu tivesse feito algo significativo. O seu cheiro era nítido, um arcanjo puro, poderoso, me questionava o que ele fazia entre humanos, e ainda mais como prefeito, um cargo público bem notado. Estendi a mão para ele que logo a segurou, imitando o gesto de Jonathan e beijando o dorso. Mas aquilo foi diferente, no momento que sua mão segurou a minha senti um calor inebriante, único e familiar, e quando seus lábios tocaram a minha pele eu já não enxergava normalmente. Não que tivesse algo de errado com minha visão, mas a minha frente parecia que estava tendo um dejavu.
- Hirin Wylard. Posso falar o mesmo sobre conhece-lo, Christiel. - encontrei a minha voz o mais rápido que consegui, acompanhada de um sorriso sensual eu lhe respondi calmamente. - Este é o meu irmão, Haviel. Ele também veio transferido...
Ambos eram arcanjos, e quando se encararam perceberam isso. Provavelmente tinham uma diferença de posição, mas a força dos dois eram muito semelhantes. Se cumprimentaram e os cinco entraram em uma conversa que eu decidi não participar. Christiel estava despertando coisas em mim que eu não sabia explicar, era como se já tivéssemos passado por uma vida inteira, como se eu tivesse perdido a memória em algum momento da minha vida. Segui para o banheiro, em uma tentativa desesperada de ficar sozinha por um tempo, encarando o espelho largo e tentando entender o que estava acontecendo comigo.
- O batom ainda está no lugar... - a voz de Jonathan me despertou dos pensamentos. O encarei pelo espelho, ele estava com as mãos nos bolsos do fardamento, um olhar malicioso e uma postura meio largada.
- Aqui é o banheiro feminino, Agente. Não lhe ensinaram a ler? - questionei sem me virar para ele, Jonathan se aproximou alguns passos e parou novamente.
- Eu sei ler... eu só pensei que poderíamos conversar um pouco, sabe. Algo mais íntimo. - ele deu de ombros. Me virei para encara-lo e sorri lateralmente, me encostei na pia do banheiro cruzando os braços sob os s***s.
- Não sou do tipo de garota que vai correr atrás de você, ou ficar esperando sua ligação. - ele arqueou uma sobrancelha e mexeu a cabeça em um ar de riso.
- E que tipo de garota é você? - ele perguntou trocando o peso dos pés e franzindo o cenho, como se realmente estivesse interessado na resposta.
- Sou do tipo que te dá o número de algum bar, e te abandona na cama antes de amanhecer. - ele pareceu um pouco surpreso e avançou mais dois passos.
- Então você sou eu, versão feminina. Gostei disso. Acho que vamos nos dar bem. - deu de ombros e me lançou um olhar interrogatório.
- Não, Jonathan. Se tem algo que não vamos fazer é nos dar, principalmente se continuar com essas atitudes. Se quer t*****r vai ter que voltar as cantadas antigas, seguir mulheres até o banheiro é um pouco... desesperado? Talvez seja essa a palavra, para não dizer ridículo. - ele riu e deu um passo atrás ficando de lado.
- Eu normalmente uso banheiros para o sexo, é mais prático. - caminhei até ele em passos lentos, Jonathan era lindo sim, seus olhos verde floresta podiam encantar quem chegasse perto, o porte do seu corpo também era atraente, ele era um homem desejável de corpo e rosto, só não podia dizer o mesmo da sua personalidade, uma pena.
- Veio mesmo me chamar para f********o no banheiro? Na primeira vez? Eu me senti realmente insultada agora. - comentei o encarando bem de perto, olhos nos olhos, o corpo ao seu alcance mas sem o mínimo de interesse nele. - Se me der licença, vou voltar para o salão.
Passei por ele e saí do banheiro, mas ao chegar no corredor o senti segurar meu braço, não com pos muita força mas o suficiente para me forçar a virar e encara-lo.
- Tudo bem, que tal começarmos de novo? - Jonathan sugeriu me lançando seu melhor sorriso convencido.
Eu estava prestes a responder quando o cheiro novamente tomou conta do ambiente ao nosso redor, senti sua presença atrás de mim. Jonathan ergueu o olhar para ele, um que passou de convencido para irritado rapidamente.
- Algum problema aqui? - o aperto ficou um pouco mais forte conforme a irritação dele aumentava. - Acho que a senhorita Wylard não está gostando muito do seu agarre.
Ele me soltou a contra gosto, os dedos marcados em linhas vermelhas sobre minha pele ficaram bem evidenciados. Eu normalmente teria o socado, ou algo do tipo, mas a presença de Christiel me fez recuar o pensamento. Uma onda dr calmaria, era isso que o anjo transmitia para mim.
- Não deveria se meter em assuntos que não são seus, prefeito. - o cargo saiu de seus lábios em uma voz enojada, mas Christiel não pareceu se abalar com isso.
- Da minha parte, ele é muito bem vindo. - ergui o queixo em sua direção com um sorriso presunçoso nos lábios vermelhos. Jonathan passou rapidamente por nós dois e esbarrou no ombro do anjo antes de sumir de vista. Me virei para encara-lo tendo o olhar profundo novamente sobre mim. - Eu não precisava de ajuda...
- Não vim ajudar você, senhorita Wylard. Tenho conhecimento que esconde muito bem uma arma aí, eu vim ajudar o Jonathan. Acho que ele não queria sair com um tiro da festa. - ele riu me levando a rir também. Sua mão pousou sobre meu braço avermelhado. - Eu posso?
Assenti. Um calor inundou minha pele ao seu toque, mais uma vez senti a sensação de dejavu. Uma fraca luz azulada saiu de seus dedos enquanto ele me curava.