Alguns dias se passaram e aceitar aquele namoro foi a melhor coisa que fiz na vida.
Ele era minha melhor escolha.
Era tão atencioso, protetor, sexy... Nossa, eu amava sua voz rouca, a forma como ele me tomava, como me fazia sentir.
Nunca tinha sentido tanto prazer, tanta emoção tudo junto. Era tão estranho, tudo aconteceu tão rápido, mas ele tomou parte de mim, tanta que eu já me sentia boba ... Olhava pra ele sentindo uma euforia tamanha no meu peito.
Ele me levou pra lugares que me encantavam.
Saiamos pra cinemas que poucas vezes conheci, teatros, rios.
Até a casa dele.
Depois de uns dias eu descobri porque meu pai ficou tão impressionado quando ele disse seu nome.
Ele era filho dos donos de indústria elétrica da cidade. Recém vendida.
Por isso eles estavam aqui.
Conhecer sua casa foi a maior virada de chave na minha cabeça.
Me fez ver o quanto aquela cidade era pequena e ultrapassada.
Tudo era tão luxuoso.
Estávamos em seu quarto.
Em seus braços, enquanto tomávamos o corpo um do outro, como tanta vezes fizemos escondidos porque meu pai era muito rigoroso.
Enquanto eu o enlouquecia.
Ele adorava tudo que eu fazia, se dopava de mim, tão insaciável.
Nossos corpos se encaixavam perfeitamente, éramos um do outro e isso era dito todas as vezes ao pé do ouvido. Promessas e mais promessas. De que sempre seríamos um do outro.
Estava apaixonada, tanto que não conseguia mais me ver sem ele... Sem aquele sentimento, sem a sua presença.
— Eu te amo, Edy... Amo tanto.
— Você é minha, Clarisse...
Tudo era perfeito. Tudo.
E como ele prometeu, Marlon se tornou uma lembrança r**m esquecida.
Eu o via nas aulas, mas Edy estava todas as vezes ao meu lado, o evitando.
Nossa eu amava tanto sua proteção, sua devoção. Ele era tudo que eu queria.
Até o fatídico dia...
....
EDGAR:
Ainda sentia o calor do corpo dela colado ao meu, os cabelos soltos sobre o travesseiro, o coração batendo rápido demais contra o meu peito.
Clarisse... Nossa, eu nunca quis vim pra essa cidade, mas se fosse pra encontrar ela, eu viria quantas vezes fosse preciso.
Era um daqueles momentos em que eu queria parar o tempo.
Mas então ouvi a voz da minha mãe, ríspida, atravessando a porta.
— Edgar!
Meu estômago gelou. Apertei o ombro de Clarisse e sussurrei:
— É minha mãe... se cobre, rápido.
Ela obedeceu de imediato, puxando a coberta até o pescoço. Eu nem tive tempo de me levantar quando a porta se abriu com força.
Minha mãe entrou como uma tempestade, os olhos faiscando ao ver Clarisse ali.
— Então é verdade…
o tom dela era de puro veneno.
— Você não tem mesmo limites, não é, Edgar?
Clarisse se encolheu ainda mais. Eu me levantei, tentando manter a calma, mas o coração já estava martelando de raiva.
— Mãe, a senhora não pode simplesmente entrar assim!
Vesti o short, pegando as roupas de Clarisse do chão, e pondo ao lado dela na cama.
Minha mãe me ignorou, apontando para Clarisse.
— Olhe pra isso! Uma garota desse tipo, Edgar? É assim que você retribui tudo o que fazemos por você? Fazendo de tudo pra me dar desgosto? Se envolvendo com alguém que não é da nossa altura?
Vi Clarisse murchar de vergonha. O rosto dela queimava. Minha raiva cresceu.
— Para com isso, mãe!
Mas ela não parou. Deu um passo à frente, a voz cortante:
— Eu desacreditei quando os funcionários me disseram que você trazia uma qualquer pra baixo do meu teto! E Você está usando essa menina só pra me atingir, não é? Um ato de rebeldia! Ela não é ninguém, Edgar! Não se dá nem o respeito.
— Chega!
gritei, o sangue fervendo.
— A senhora não sabe o que está dizendo.
Ela riu, amarga.
— Claro que sei. E vou te lembrar: você tem namorada. Ou será que essa daí sabe que você e a Liana só deram um tempo?
Senti Clarisse tremer. O olhar dela foi direto pra mim, cheio de dor.
— Já acabou faz tempo, mãe.
rebati, firme.
— E a senhora sabe disso.
— Vocês deram um tempo!
ela insistiu, quase gritando.
— É só você voltar que tudo volta ao normal. A Liana é a garota certa pra você, não essa… e ela está te esperando!
— Chega, mãe!
minha voz saiu dura.
— Saia daqui agora!
Foi nesse instante que meu pai apareceu, surgindo atrás dela.
— Olívia! O que você pensa que está fazendo?
ele ergueu a voz, coisa rara de acontecer. Segurou o braço dela, puxando-a pra fora.
— Vamos sair desse quarto agora.
Antes de sair, me lançou um olhar rápido, firme, quase cúmplice.
— Tire ela daqui, Edgar.
assenti. Clarisse estava imóvel, agarrada à coberta como se fosse a última defesa que restava. Meu peito se apertou.
— Me desculpa por isso…
sussurrei, pegando as roupas dela e ajudando ela a se vestir, com todo cuidado que pude.
Não demoramos a sair daquela casa.
Minha mãe passou de todos os limites.
....
No carro, o silêncio dela era pesado, sufocante. Eu precisava quebrar.
— Não dê ouvidos ao que minha mãe disse… ela não conhece você.
Finalmente, ela falou, a voz baixa, machucada:
— Você terminou com a garota que ela falou há muito tempo?
Por um segundo congelei.
Liana nunca foi alguém que eu lembrance diariamente, era algo tão sem sentido.
Só sentia admiração. Era uma pessoa que cresceu junto comigo, aquele namoro foi mais uma coisa forçada, que me forcei a viver pra encaixar na sociedade que me impulseram.
Mas eu queria ter escolhas, queria ter poder, queria fazer meu próprio destino.
E foi com ela que eu achei essa força, só com ela. Com Clarisse.
Só consegui encarar o volante por alguns segundos, sentindo o peso daquela pergunta.
— Um dia antes de ficar com você…
respondi enfim, a verdade arranhando na garganta.
Vi os olhos dela se arregalarem, o choque estampado.
— Meu Deus… eu fui tão i****a. De novo.
Parei o carro rápido em um canteiro da pista, nem sei se era permitido a parada, mas nada mais importava.
— Não!
me virei pra ela, segurando seu rosto com as duas mãos.
— Não fale isso. Olha pra mim… o que a gente tem é real. Real pra caramba.
Ela negou com a cabeça, lágrimas brilhando.
Eu não deixei.
A beijei, desesperado, como se aquele beijo fosse capaz de provar tudo.
— Não me olha assim.
pedi, roçando minha boca na dela.
— Ainda somos os mesmos.
— Você sente alguma coisa por ela?
perguntou entre soluços.
— Claro que não!
— Mas ela disse que… é só você voltar que…
— É o que ela quer, só isso.
interrompi.
— Eu tô aqui com você. E se for voltar pra cidade, você vai comigo.
Ela me encarou, os olhos marejados e cheios de amor.
— Eu… te amo tanto, Edy.
Meu peito quase explodiu. Beijei ela de novo, mas dessa vez com um medo que não consegui esconder.
— Eu amo você, Clarisse. Mais do que qualquer coisa.
....