Andrew
— Andrew, quando você chega? A mesa festiva está pronta. Nina e a sua filha vieram me dar os parabéns pelo meu aniversário. Estou apenas esperando o meu único filho. Ouço a voz ofendida da minha mãe ao telefone.
Suspirando cansado, entro no pátio onde passei a minha infância.
— Já estou perto de casa. Eu vou entrar agora. Jogo o telefone no banco da frente. Estaciono perto da entrada.
Fecho lentamente os olhos. Tenho trabalhado quatorze horas por dia na última semana. Parece demais, mesmo para um homem como eu.
Eu olho em volta. Tudo mudou aqui nos últimos anos. Foi construído um novo parque infantil, apareceu um gramado liso e a fachada do prédio também foi atualizada.
Tive uma infância feliz. Pelo menos até os treze anos. Enquanto o meu pai estava vivo. Após a sua morte, minha mãe e eu ficamos sozinhos.
Saio do carro e tiro do banco de trás as suas peônias favoritas e uma bolsa da joalheria. Uma jovem desconhecida abre a porta.
— Você é Andrew? Olga foi pegar um saca-rolhas na casa do vizinho. Ela diz com um sorriso, olhando-me nos olhos.
— Sim, boa tarde.
Vou para o corredor e tiro os sapatos. Coloco as flores e o presente na cômoda. Logo atrás de mim ouço a aniversariante entrando no apartamento.
— Andrew, finalmente. Quão duro você trabalha? Logo vou esquecer como você é. Diz a minha mãe em voz alta.
— Trabalho normalmente, como todas as pessoas que querem alguma coisa da vida. Feliz aniversário, querida mãe!
Beijo a minha mãe no rosto que ela me ofereceu, pego as flores e entrego junto com o pacote. Pisco para o convidado que nos observa. Ela sorri.
— Que flores lindas, Andrew! Lisa, por favor, coloque-os num vaso sobre a mesa. - A menina pega o buquê e vai para a sala. — Vocês já se conheceram?
Revirando os olhos, respondo: não tivemos tempo.
Ela é filha de um vizinho, mas, considero como uma filha.
A minha mãe nunca gostou da nora. Elas são simplesmente muito diferentes. Natacha, por seu caráter e juventude, é explosiva, sempre diz imediatamente o que pensa. Em suma, uma língua sem limites.
Lembro-me do nosso último encontro. A minha esposa é uma mulher linda pra cara*lho. Cada vez que me lembro da por*ra da saia dela, sinto desconforto nas calças e o sangue esquenta nas veias.
Quando vi os seus lábios, pensei que fosse explodir. Por que di*abos ela os aumentou? Não, por um lado, realmente me convinha. Eu imediatamente os imaginei no meu pên*is. Po*rra.
Lavo o rosto com água fria. Lembro-me de como essa empresária me surpreendeu na sexta-feira. Como ela dirige a sua ma*ldita agência? Com quantas pessoas ela já trai*sou? Distribuem extintores de incêndio na entrada daquela pó*rra de agência? Eu rio da minha própria piada enquanto entro na sala.
O jantar festivo segue a conversa. Nina, mãe de Lisa, fala sobre a sua viagem à Europa. As mulheres estão ocupadas discutindo, estou tentando não adormecer no meu prato de salada.
— Andrew. A minha mãe chama a atenção para mim. — Lisa voltou recentemente de Moscou. Ela se formou na Universidade Estadual de Moscou com louvor em finanças, ela é tão inteligente, você pode imaginar? Atualmente procurando emprego, talvez você tenha um lugar adequado? Olho para minha mãe e volto o meu olhar para a corada Lisa.
— Não vou falar sobre isso, num jantar festivo, eu não trato dessas questões, tenho pessoas que fazem isso. Digo para minha mãe, olhando para a menina.
— Bem, sei que de alguma maneira você pode fazer isso, troquem números de telefone. A minha mãe continua insistindo.
— OK, sem problemas.
Tiro um cartão de visita do bolso do paletó. Entregando para Lisa, e digo: ligue-me na segunda-feira, discutiremos isso.
Depois de cerca de uma hora, os convidados vão embora. Lisa me parecia uma garota modesta e quieta. Esbelta, tão pequena, bem-educada. Ela não disse nem algumas palavras durante todo o jantar, apenas olhou para mim, como se estivesse esperando que eu a atacasse ali mesmo. Eu me sinto como um lobo cinzento.
Mamãe está olhando os brincos que trouxe da joalheria. São feitos de ouro branco, com diamantes.
— Obrigado, filho. Eles são maravilhosos. Os seus olhos brilham de prazer. — Não deveria ter comprado algo tão caro. Você está me mimando de novo. O seu pai sempre me deu joias e você me ajuda a lembrar dele.
Ela sempre se lembra do pai. O amor, a devoção e o respeito dela por ele, dezessete anos após a sua morte, me surpreendem e atingem o fundo do meu coração.
Nunca ouvi brigas na casa dos meus pais. Se a minha mãe não estava satisfeita com alguma coisa, ela conversava sozinha com o meu pai, no escritório dele. Na frente de estranhos, ela o chamava apenas pelo primeiro nome. Konstantin Borisovich e nada mais. Sempre.
Isso é semelhante à minha vida com Natacha, era isso que eu esperava de um casamento. Apesar disso, sempre me lembro da minha ex-mulher com um misto de raiva e luxúria. Eu quero matá-la e tran*sar com ela ao mesmo tempo. E já tenho um plano de como fazer o segundo...
Natacha
— Natacha, olá, entre rápido, a minha torta está queimando. Diz Dasha, me beijando na bochecha e correndo em direção à cozinha.
— Olá. Parabéns para você. Eu digo tirando as sandálias, gritando.
— As crianças foram à loja com Fausto. Ouço a voz da minha amiga.
Eu olho em volta. Tetos altos, corredor espaçoso, a casa cheira a algo delicioso, baunilha. Como na infância. Hum.
Entro em casa. Dasha com um vestido de verão branco claro fica ao lado da ilha no centro da cozinha e olha pensativamente para a torta queimada.
— Você pode cortar com cuidado e decorar com creme e frutas vermelhas. Eu sugiro.
— Ah, ótimo, eu tenho tudo. Por favor, olhe os mirtilos na geladeira. Diz Dasha com alívio.
Ela não mudou muito em três anos. Só perdeu um pouco de peso e está com um penteado diferente.
— Dasha, por favor, me perdoe por não atender o telefone e não responder às mensagens. Digo, culpada, me aproximando da minha amiga. — Eu senti... Mmm... nem sei como explicar.
— Minha querida. Diz Dasha, me abraçando. — Você acha que não entendo? Eu conheço você e Andrew. Como você é teimosa e como ele é.
— Essa não é a questão, Dash. Franzo a testa, lembrando-me do meu ex-marido e do nosso último encontro.
Ele é apenas uma máquina de fazer dinheiro insensível. Duas semanas se passaram desde a noite no restaurante. Envio todos os relatórios ao seu vice. O meu ex-marido simplesmente apareceu na minha vida, me chamou de id*iota e desapareceu novamente. Eu odeio isso.
Bem, ele também resolveu o seu problema com a estimativa.
Eu simplesmente não conseguia me comunicar com os nossos amigos em comum, como antes, sem ele. E eu não teria conseguido, se ele não tivesse me dito que deveria falar com Dasha. Continuo pensativa, olhando pela janela para o pátio da casa dos Ragozins.
— Como você está agora? Dasha vem até mim. Agora nós dois olhamos pela janela. Brinquedos infantis, patinetes e bicicletas estão espalhados pela grama. Há arrependimento na minha alma, muito agudo, ardente. Andrew traiu não só a mim, mas também os meus sonhos de uma grande família.
— Está tudo bem, Dasha. Digo alegremente, virando-me para ela. — Nós até o vimos na semana passada.
— Viu? Dasha diz surpresa. — Vocês dois se encontraram, e ainda estão vivos?
— Você pode imaginar, eu nem precisei relatar um ferimento e eles não ligaram para o Ministério de Situações de Emergência. Rio alto. Dasha apoia. As minhas brigas com Andrew sempre foram acaloradas. A reconciliação era do mesmo jeito. Os seus lábios quentes, mãos fortes. Balanço a cabeça para limpar as memórias.
— Podemos, ter a nossa amizade como antes? Digo, cruzando as mãos num gesto de súplica. Eu mesmo liguei para ela, e ela me convidou para uma visita. — Senti muita falta de vocês. Faz muito tempo que quero ligar para você, mas estou tão ocupada com a agência que é uma pena.
Fausto e Dasha têm dois filhos. O filho deles, Mark, completou 7 anos hoje. A sua filha, Eva, tem cerca de cinco anos.
— Natacha, bem, é claro. Estou muito feliz que você finalmente tenha recuperado o juízo.
Volto para a mesa, decoro a torta com frutas vermelhas e coloco nela o número sete para o aniversariante.
— Você está namorando alguém? Dasha pergunta maliciosamente.
— Não mais. Um ex-colega me cortejou por cerca de um ano. David. Ele se mudou para Nova Iorque há um mês. Ofereceram uma promoção no trabalho.
— E ele nem te ligou?
— Claro que ligou. Mas eu tenho uma agência, os meus pais estão na cidade. De alguma forma, tudo está fora do tempo, em geral.
Eu não me arrependo de nada. Ao longo do ano que passamos juntos, nos tornamos pessoas próximas. David é muito simpático, gostei de passar o tempo ao seu lado, o seu toque e se*xo com ele foram agradáveis. Ao mesmo tempo, sempre havia a sensação de que faltava alguma coisa. Não havia fogo como eu estava acostumada.
— Tenho certeza que você definitivamente conhecerá o seu homem, Natacha. Dasha me tranquiliza: você é uma garota linda, inteligente e sexy. Eu realmente não entendo o que mais os homens precisam.
Eu definitivamente vou conhecer, sim. Na próxima vida. Talvez ele simplesmente não tenha nascido ainda. Eu rio sozinho.
Passamos as próximas duas horas nos preparando para o aniversário. Fausto e as crianças voltam para casa. Parabéns Mark, abraço ele e depois à pequena Eva. Eu dou presentes. Estou tão feliz que Dasha e Fausto estejam bem.
Quando tento prender balões entre a parede e o teto, fico feliz por estar usando shorts com regata. Eu ficaria ridí*cula num vestido.
Ouço a porta da frente do corredor se abrir. Imediatamente, toda a casa ouve gritos e batidas de pés de crianças.
— Andrew chegou. Grita Mark.
— Olá, campeão. Alguém está fazendo aniversario hoje? Andrew zomba do afilhado. Eu sabia que ele apareceria aqui hoje. Eu estava pronta para isso. Mas meu coração ainda dói.
— Sim, sou eu, você se esqueceu??? Diz a criança indignada.
— Nossa, como pude esquecer. Diz o padrinho, em meio às risadas das crianças.
Vou para o corredor para que ele não pense de repente que estou me escondendo dele. M*al posso esperar, para encontrar com o m*aldito CEO, da empresa que pode me salvar.
Andrew, de jeans e camiseta pólo branca, ocupa metade da sala. Sempre foi assim. Alto, forte. Olho para as veias das suas mãos, com as quais ele segura Mark.
O meu olhar cai nas costas do meu ex-marido...