2. Capitulo – Só não pode sorrir

3983 Palavras
Diante do espelho da penteadeira, ela examinou os seus cabelos. Os seus olhos estavam inchados, não havia dormido bem. Só de pensar no que havia acontecido, no beijo, fez o seu corpo se aquecer. Estava com vontade de voltar para a cama. “Era sábado, pelo amor de Deus!” Ajeitando a sua maquiagem, ela optou em apenas colocar uma saída de banho. Iria para piscina, e descansar um pouco. Ao chegar na cozinha encontrou a mesa posta, escolhendo iogurte e frutas frescas, comendo lentamente. - Bom dia Sra. Alcantara. Era Maria, trazendo café fresco e pães, com queijo. Junto consigo trazia uma lista do que precisaria para a semana seguinte. Na quarta haveria um jantar na sua casa, dando carta-branca para que Maria decidisse o que seria o menu principal. Todos os convidados elogiavam a culinária de Maria, fora a administração que ela fazia na casa fazendo sempre com perfeição. Eram quase oito da manhã, quando saiu da piscina e nenhum sinal de Brendon. Fora então no seu quarto, tomou um rápido banho, colocou uma roupa mais casual. Indo então para o escritório, onde o encontrou digitando algo no notebook. Ela percebeu quando ele apertou uma tecla, fechando o computador. - Tudo bem? Ele perguntou, encostando as suas costas na cadeira em modo relaxado. - Sim. Ele estava de banho tomado, cabelo bagunçado que lhe dava um ar mais juvenil. Brendon quando não estava de terno, gostava de usar roupas mais sport casual, o que era impossível ignorar o vigor dos seus músculos. – Você já tomou café? - Ainda não, você já? - Já. Ela respondeu, indo até o sofá. – Achei que tivesse dormindo. - Não, o seu pai me ligou pedindo para eu analisar uns relatórios que lhe foi enviado. - Obrigada. - Pelo que? Perguntou, sem entender. - Por ajudar a minha família. - Nossa família, de certa forma. A fala lenta e profunda mexia com os nervos dela. – Ah, eu conseguir para você. Ele estendeu um cartão para ela. - O que seria isso? Ela perguntou curiosa. - Ouvi o comentário da Sra. Vanguard e concordo de certo modo. Brendon ficou de pé indo até ela. – Ela se chama Ingrid de la Viera, a estilista espanhola que fez a maioria dos vestidos de ontem. - Sério? O olhar dele era de diversão, parecia bastante humorado, embora no seu rosto houvesse um sorriso irônico. - Entrei em contato com ela mais cedo, disse que lhe receberia de bom grado agora pela manhã, que seria o horário mais disponível no momento. Camile sabia que era importante para ela ter uma estilista para a vida social tão intensa que tinha, pois era algo que exigia bastante atenção ao seu guarda-roupa. Era normal um homem usar o mesmo terno algumas vezes, mas uma mulher que vestisse uma roupa mais de uma vez, era sinal de que não tinha dinheiro para comprar um novo. A aparência era tudo, e servia como cartão de apresentação para o mundo dos negócios. - Quer jantar em casa ou fora? Ela perguntou, olhando para o cartão, o lendo. - Em casa. - Avisarei a Maria então. - Eu cozinho. Aquilo a pegou de surpresa. Sabia que ele tinha feito um curso de gastronomia em Portugal, mas nunca tinha feito algo para ela. - Combinado então. - Vá, aproveite o seu dia. Ele fez uma pausa. – Qualquer coisa me avise. - Está bem. Ela saiu do escritório, fechando a porta atrás de si. Indo até à garagem onde avistou o seu carro, um BMW série 3 e enquanto manobrava, colocava para tocar a sua playlist do dia, aumentando o volume e saindo pelos portões já aberto. Não demorou a chegar, embora tenha demorado a sair. A estilista era uma senhora de meia-idade, que se vestia de forma extravagante e falava sem parar. Havia recomendado para Camile tipos de tecidos, sapatos que combinasse, assim como maquiagem. Marcando para a próxima semana, um horário mais apropriado. Diante de tanta conversa, e cores. Camile estava decidida a ir atrás de café. E, sabia muito bem onde tinha uma cafeteria próxima dali. Então depois compraria o sapato que Ingrid lhe falou, e salão. O seu sábado estava bastante agitado. Já era quase três da tarde, quando guardou os inúmeros pacotes no porta-malas. Mas, queria comer algo antes de continuar. Parando no shopping mesmo, num restaurante. Ela aguardava o seu pedido quando viu ao seu lado, um casal comendo algo, e em cima da cadeira próximo à mulher uma revista, onde na capa tinha uma foto de Pamela e Brendon. Camile se esforçou para ler a legenda, e a náusea voltou. Deixando então, uma nota considerável pelo pedido, embora não tivesse comido. Havia perdido a fome. Dentro do carro, murmurava palavras improprias para senhoras. Uma coisa era certa, ela estava sentindo ciúmes. Em momento de estresse, as mulheres tinham a desculpa de gastar dinheiro. Bastante dinheiro, e se Camile quisesse compraria até mesmo a loja de sapatos que estava atrás naquele momento. Com aquela ideia na cabeça, cogitava se não seria uma boa ideia. Andando então em outro shopping, procurando o sapato. - Camile! Ela não queria ter reconhecido aquela voz. E, justamente naquele momento. “Sério que logo aqui?” Ela murmurou consigo, esboçando um sorriso quase falso. - Pamela. Camile sabia que por hora, o certo era ser educada. - Que inesperado. - Digo o mesmo. - Que tal um café? Ela perguntou, mexendo em algo da sua bolsa. – Eu pago. “Ah, sim, vou cair nessa querida”. - Obrigada, mas não temos nada a conversar. - Nossa, nenhuma desculpa do tipo “Estou atrasada”? Pamela parecia não querer ficar por baixo. – Tem medo de mim, Camile? - Por que eu deveria? Camile a olhou intrigada. – Pelo que sei, não somos inimigas. - Claro que não querida, afinal de contas temos algo em comum. O sorriso de Pamela foi sem graça. – E, tenho certeza que Brendon não gostaria que o nosso reencontro causasse esse m*l-estar que você está querendo provocar. Sem nada dizer, Camile apenas tentou sair dali, impedida por Pamela que segurou o seu braço. Camile queria socar alguma coisa, mas essa não era a atitude a si tomar em público. Em vez disso, soltou-se dela, indo para a loja de sapatos ao lado, fez as compras, foi a manicure, fez pedicure e cuidou da sua pele. Após ter feito tudo isso, olhou para o relógio e já passava das cinco da tarde, finalmente indo para a casa onde retirou todos os seus pacotes de compras. Estava na sala, quase subindo as escadas, quando ouviu uma voz conhecida na sala. Indo até lá. - Podemos nos ver na segunda, no almoço. Era Brendon ao celular. Camile nunca tinha parado para ouvir as conversas que ele tinha ao celular, mas desde que Pamela parecia ter aparecido com o propósito de reatar com o seu marido, a sua insegurança e ciúmes estavam a flor da pele. Ela sabia que não era certo, respirando fundo então voltando a ir para as escadas. Queria guardar os seus pacotes, e tomar um banho. - Não sei Rafael, melhor eu cuidar disso primeiro. Brendon respondeu, olhando para seu relógio. – Sim, segunda eu vejo isso com você no almoço. Até depois. Desligando logo em seguida. Brendon olhou para a foto que tinha na sala em cima da mesinha de centro dos dois, de casamento. Camile era uma pessoa esforçada, tinha caráter, era orgulhosa... vulnerável. Uma combinação que ele achava intrigante e atraente. Indo para a cozinha, terminar o jantar. E, uma garrafa de vinho cairia bem para aquela noite. No seu quarto, ela saiu do banho escutando bem baixinho uma música vinda da parte de baixo. Antes de sair do quarto, colocou um vestido até os joelhos com uma sandália de salto alto, com uma maquiagem bem suave. Descendo as escadas, a música se fez mais presente. Era baixa, mas melodiosa. Entrando na cozinha, encontrou uma taça de vinho gelado sobre a bancada. Brendon estava do outro lado da cozinha, observando cada movimento dela. - Que cheiro gostoso! Ela falou indo até o forno, não vendo que ele estava ali perto dela. Ele bebeu o restante do vinho que tinha na sua taça. Indo então até ela. - Que bom que gostou. Ele sorriu com o susto que ela tomou. – Não me viu aqui? - Não, achei que estivesse no quarto ou algo assim. Brendon estava de barba feita, banho tomado e vestia uma calça social preta com uma camisa de cambaia de mangas dobradas até a altura dos cotovelos. Ele foi até o balcão onde tinha deixado a taça para ela, lhe estendendo logo em seguida. - Para você. - Acha que preciso? Ela recebeu. Ele pegou a taça dele e fez um brinde. Camile queria aproveitar aquele tão tranquilo momento que dividia com ele. Mas, agora havia o fantasma de Pamela metendo-se entre eles. “Será que o mesmo que ele fazia agora com ela, fazia com aquela atriz?” Só de pensar no corpo dele entrelaçado com o corpo de Pamela, sentiu-se insegura. A sua imaginação era seu pior inimigo naquele momento, ela precisava lutar para controlar todos aqueles sentimentos ou então estaria perdida. Um agradável aroma subiu da pequena panela no fogão. - Está quase pronto. - Não tenho fome ainda, então posso esperar. Com movimentos coordenados ele ia e vinha pela cozinha como um verdadeiro chefe. Ele virou-se para ela. - E como foi seu sábado? “Será que devo te contar?” Ela pensou por um milésimo de segundo. - Estava tudo bem, até Pamela entrar em cena. Brendon fez uma careta. - Se importa em explicar? Perguntou, indo até à garrafa e lhe servindo mais vinho. - Esbarrei nela, num dos shoppings que estava andando. - Verdade? Ela olhou de forma séria para ele, queria identificar alguma expressão no seu rosto. - Se foi coincidência? Camile ajeitou o seu cabelo, dando visão total do seu pescoço para seu marido. – Realmente não quero pensar nisso. Camile foi até a pia, pegou a salada verde que já estava lavada, começando a cortar, e ao se virar sentiu a mão de Brendon em seu queixo. - O que você acha que ela quer? A voz era calma e sedosa, quase como uma carícia. - Ela tem uma missão, não é verdade? Camile perguntou, tentando se afastar do seu marido. – E, esta determinada a se dar bem. - Não permita que ela te aborreça. Ele tocou na mecha que teimava em cair na frente dos olhos dela. – Acho que isso é que quer. “Non cambierà nulla tra di noi” (Nada mudará entre nós) A voz calma e macia de Brendon fez com que ela respondesse mexendo os lábios. - “Quindi spero che sia” (Assim espero que seja). “Beije-o” era seu pensamento. - A prática leva a perfeição. Ele respondeu suavemente. – Recordo que ainda no ano passado tinha um pouco de dificuldade. - Não seria certo que eu não aprendesse a língua materna do meu esposo, não acha? Os olhos dela assumiram um ar travesso. Ela se sentia tão relaxada, era como se estivesse a flutuar. Talvez efeito do vinho. “Será que era hora de parar?” Ela passou a língua nos lábios. Os dois gostavam daquela refeição simples, saboreada na atmosfera de um aconchegante lar, uma mudança bastante aceita diante da agitada vida social que eles levavam. - Café? Ele perguntou, quando ambos terminaram de jantar. - Aceito. Eles tinham terminado de limpar tudo, e guardado. - Maria vai agradecer ao chegar amanhã. Ele falou, indo até à saída da cozinha, apagando a luz. - Sim. Camile respondeu, indo para as escadas. – Obrigada pelo jantar, estava tudo muito gostoso. - Boa noite Camile. - Boa noite Brendon. Camile sentiu falta daquela expressão de prazer nos olhos dele, enquanto examinava as feições dela. Subindo as escadas, Brendon não teve como deixar de notar o leve balanço das nádegas por baixo do vestido. Ela era incrivelmente linda, se não fosse o acordo, talvez agora tivesse tentado a levar ela para a cama. “Na escuridão, ela podia fingir que o desejo e a necessidade eram a mesma coisa, principalmente quando o seu marido entrou no meio da noite no seu quarto. Ele exibia nos seus movimentos pelo quarto, as contrações dos seus músculos fortes e bem definidos. Não era tão musculoso, tinha uma pele clara coberto apenas por um pequeno short de dormir. Com movimentos rápidos e ágeis, ele aproximou-se da cama, e aconchegou-se nos seus braços e os seus lábios foram direto para o pescoço dela. Os seus dedos eram experientes, totalmente diferente da inexperiência dela. Camile gemia quando os dedos dele deslizaram por suas curvas esbeltas, de forma provocante e tentadora, até que a sua respiração travou na garganta”. “Agora...Brendon, agora...” Ela acordou suada, como se o seu corpo tivesse tido uma contração numa parte um tanto intima de Camile. Suspirando, ela corrigiu o travesseiro na sua cabeça, olhando para o lado vazio da sua cama. Embora casados, eles não dormiam no mesmo quarto. Ela estabeleceu isso ao aceitar casar com ele. “- E ele aceitou? Digo, ele quis casar com você, mesmo sabendo que vocês não teriam relações sexuais? Lisandra perguntou surpresa, enquanto as duas tomavam café numa cafeteria próxima ao shopping que elas estavam. - Sim. Camile respondeu sem graça. - Ele é gay. Não era uma pergunta, vindo da sua amiga e Camile arregalou os olhos espantada com aquilo. – Ele olhou direito para você? - Sim, olhou. Envergonhada, ela acenou para que o garçon trouxesse a conta. – E, não. Ele não é gay. - Como você sabe? Ela não sabia, mas Brendon sempre viveu arrodeado de belas mulheres, e até mesmo já tinha ouvido relatos de que ele é insaciável na cama.” Camile acordou cedo, já havia tomado banho e agora estava junto a Brendon tomando um tranquilo café da manhã no terraço daquele domingo ensolarado. - Você dormiu bem? Ele perguntou, sem tirar os olhos do jornal que lia. - Sim. E você? Ela o encarou, esperando que ele deixasse o jornal de lado e lhe desse a devida atenção. E, sentindo a mirada em si, Brendon sorriu de lado, virando-se para ela. - Sempre. Respondeu, olhando para a boca da sua esposa. – Você é linda, sabia? Aquela declaração pegou Camile de surpresa. - E você não perde essa mania de me deixar sem graça, logo cedo. Respondeu, levando o guardanapo a boca, como disfarçando o rubor no seu rosto. - Não, só precisava dizer isso. Ele bebericou um pouco do seu café. - Obrigada. - O que vai fazer agora pela manhã? Perguntou, lhe dando total atenção. - Tenho que conferir a lista que Maria me entregou para o jantar de quarta, e você? - Ainda tenho que terminar de ver o relatório que o seu pai me enviou ontem, mas estarei livre a tarde. “O que será que ele faria se ela desse a volta na mesa, sentasse a sua frente e se oferecesse para ele?” Camile sentiu o rubor tomar o seu rosto novamente. - Aconteceu alguma coisa? Ele perguntou curioso, pelo silêncio repentino dela. - Só pensei bobagem. Ele ficou em pé, indo até ela. E, Camile sentiu o seu coração acelerar de uma forma que não esperasse que acontecesse. “Desde quando os dois flertavam entre si?” Perguntou-se, passando a língua entre os lábios. “Oh, pelo amor de... Contenha-se Camile.” Ela se levantou, impondo aquela distancia entre eles. - Irei ver se a Maria precisa de algo. Brendon apenas deu de ombros, sorrindo. Ele olhou para o jornal que lia anteriormente em uma das páginas, uma foto em que ele e Pamela estavam no palco do leilão beneficente no Hotel. Aquilo ainda estava a dar o que falar. E, como não queria ter nenhum m*l-estar entre ele e Camile, faria de tudo para que ela se sentisse bem com ele. - Vítor, está ocupado? Ele falou, ao ligar para seu advogado. – Preciso que resolva alguns assuntos para mim. (Pausa) – Sim, é sobre isso. (Pausa) – Certo, faça o que for possível e o impossível também. Desligando o celular logo em seguida. Após longos minutos discutindo com Maria. Camile decidiu por começar com uma tábua de frios, e bruschetta de tomate, um risoto acompanhado de cogumelos refogados, frango assado e salada. Para a sobremesa Grand gateau, o primo do Petit gateau. Havia todo aquele cuidado para o jantar de quarta, pois eles receberiam seus pais depois de tanto tempo. Tanto a família de Brendon quanto o pai de Camile viriam na quarta, e ambos queriam que tudo fosse perfeito. A mãe de Camile não estava mais entre eles desde que ela tinha oito anos, criada por seu pai que nunca mais tinha dito que casaria novamente. A sua mãe e ele se davam muito bem, mas acima de tudo se amavam. O seu pai dizia-lhe que eles eram melhores amigos, e ele tinha se apaixonado primeiro. - Maria, no dia usaremos a toalha de linho branca, os cristais Baccarat que ganhei no dia do meu casamento, e os talheres... -... Estou indo na casa do Rafael e da Lisandra. Brendon a interrompeu. – Você quer ir comigo? Ele perguntou, se aproximando delas. Ele já tinha se trocado, usava uma camisa social branca de tricoline, com calça social preta. Camile olhou o relógio, era quase hora de almoço. Ela sabia que precisaria trocar de roupa, para algo mais apropriado. - Te espero. Ela sorriu, entregando o que tinha anotado para Maria, indo então para as escadas. Não demoraria, já tinha separado uma roupa caso ocorresse algum convite inesperado. O seu estilo raramente mudava, ela admitia ao vestir uma calça legging preta e uma blusa de seda amarela. Colocou uma maquiagem suave, perfume da mesma forma, um salto alto e encontrou Brendon próximo ao seu carro. “Deus! Ele é tão lindo”. E o perfume que vinha do seu corpo era totalmente inebriante. - Eles nos convidaram para um almoço, se você não se incomoda. Ele foi falando, abrindo a porta pra ela. - Adoro almoçar com eles. Respondeu com animação. - Ótimo. Ele deu a volta no carro, sentando em frente ao volante. – Almoçamos com eles então. Brendon deu-lhe uma piscadinha. Durante o percurso até a casa dos seus amigos, os dois permaneciam em silêncio, embora vez ou outra trocassem algumas palavras. Recostar-se no carro era um alívio, Brendon dirigia num trânsito ameno para um domingo pela cidade. A paisagem passava rapidamente. E, logo chegaram na estrada que levava as casas grandiosas onde os seus padrinhos de casamento moravam. A casa enorme deles ficava escondida por trás de muros altos e portões de segurança. Ele desceu do veículo assim que estacionou na frente da entrada da residência, indo para o lado de Camile. Assim que as suas mãos se tocaram, e ela ficou ao seu lado. Brendon se curvou e encostou o seu rosto próximo ao pescoço dela. - Só queria sentir de mais perto o seu cheiro. Ele falou quase num sussurro, deixando Camile totalmente paralisada quando a porta abriu-se, revelando os dois anfitriões. - Se comporte Brendon. Ela falou olhando para ele. – Não é necessário fingir aqui, Lisandra sabe da nossa relação. “O que teria sido aquele brilho nos olhos castanhos esverdeados do seu marido?” Ela se perguntou quando pareceu que ele estava totalmente agindo de forma inerte. O almoço em si tinha sido bastante agradável, com Rafael os fazendo rir constantemente. E, embora Brendon parecesse distante em alguns momentos, eles estavam bastante à vontade. - E os gêmeos? Perguntou Camile, enquanto o café era servido. Brendon ao seu lado não mostrava reação nenhuma. - Estão na casa da mãe do Rafael. Lisandra respondeu. – Veio pessoalmente buscá-los. - E, vocês dois? Soltou Rafael, bebendo um pouco do uísque que tinha consigo. – Quando vamos ver o futuro herdeiro de vocês? - Ah, o nosso casamento é recente, não é Brendon? Camile respondeu, totalmente sem jeito. – Queremos curtir um pouco a nossa relação. Ele apenas assentiu, terminando num gole a sua bebida. - Nos desculpe, mas surgiu um imprevisto e preciso ir. Ele falou de repente, ficando em pé. Lisandra olhou para seu marido de modo sério. - Fora algo que falei amigo? Não quis constrangê-lo em nenhum momento... -... Até parece Rafael, apenas tenho algumas coisas a fazer antes do domingo se encerrar. Brendon falou de modo amistoso. – Se Camile quiser ficar um pouco mais... -... Não, eu irei com você. Camile se sentiu um pouco incomodada. – Nos desculpe por essa saída repentina. - Tudo bem. Eles iam caminhando, conversando e marcando um novo encontro. - Quarta terei um jantar com a minha família, mas podemos nos ver na sexta. Falou Camile vendo Brendon ir até o carro sem esperá-la. - Eu ligo para você. Lisandra respondeu, sentindo o abraço do seu esposo na sua cintura. – E, qualquer coisa me liga. - Ligo sim. Camile caminhou até o veículo que já estava ligado. Entrando no carro, ela olhou para o homem atrás do volante. - Aconteceu alguma coisa? - Não, só quero ir embora. Ele respondeu, saindo da propriedade dos seus amigos, pegando a estrada. – Depois desculpo-me com eles. - Entendi. O seu olhar diante a paisagem era vago. Algo tinha acontecido, e ela começava a entender o que teria sido. - Me desculpe Brendon. - Pelo o quê? Ele perguntou, sem tirar os olhos da estrada. - Por falar daquela forma sobre demonstrações de afeto em público. Ela respondeu, sem jeito. – É que, foi algo que combinamos apenas quando tivesse algum repórter por perto, ou eventos que o público pudesse ver. - Compreendo. Respondeu, mantendo-se totalmente distante dela, e aquilo a incomodava. Mas, não disse mais nada. Tudo que menos queria era uma discussão dentro do carro, onde algo r**m poderia acontecer. Ele estacionou na garagem deles, apenas desligando o veículo e indo até à entrada. “Eu já pedi desculpas, o que ele quer mais?” Ela perguntou-se, entrando na residência e encontrando tudo quieto. Retirando-se para o seu quarto. Camile queria um banho, antes de ter qualquer discussão com Brendon, mas o que ela ouviu ao sair do banheiro fora o som ao longe de sax. Era assim que sempre acontecia. Aquilo sempre esvaziava a mente de Brendon de palavras, pessoas e situações. Quando ele tocava, era somente ele ali, com a música e o prazer de tocar. No seu quarto, Camile deitou na sua cama. Ela deixou-se levar pelo ritmo suave que preenchia cada canto da casa. Sempre diferia, cada melodia que o seu esposo entoava com aquele instrumento, embora abafado cada canto era preenchido e cada nota era como um apelo sensual. “Deus, como ele tocava bem”. Pensou ela, m*l contendo o suspiro. “Será que ele tocava assim com Pamela?” E, mais uma vez o fantasma da ex de seu marido, lhe atormentava. No seu quarto, ele tinha tirado a sua camisa, e ido direto para seu sax que ficava guardado próximo a sua cama. Aquela era uma boa ocasião para tocar. Ele sentia um misto de sentimentos na qual, apenas uma boa música o ajudaria a lidar com aquilo. Ele tinha ficado chateado com o comentário de Camile. De olhos fechados, tentava se concentrar na harmonia que entonava. Não era para parecer tão difícil assim. Ela era sua esposa, sua mulher. E, a única que não ficava encantada pelo seu charme, que não se entregava. Não estava frustrado com aquilo, apenas intrigado. Desde que tinha conhecido Camile no colegial, ela era totalmente indiferente a ele. Sorrindo consigo, ao lembrar.
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