— Você tem razão. — disse tristemente.
Alguns minutos depois saiu de casa junto com Joshua, se despediram no estacionamento e ela foi buscar David.
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Ao chegar lá o pequeno já a esperava, dessa vez com Tomás que parecia conversar com ele animadamente.
— MAMÃE! — o pequeno correu até ela.
— Ei meu amor! — ela o pegou no colo e foi caminhando até Tomás. — Demorei?
— Não, hoje você chegou na hora certa. — ele disse e a mãe lhe encheu de beijinhos.
— Ah que bom meu bem! — ela sorriu. — Oi Tomás!
— Oi Any. — ele sorriu e lhe deu um beijo no rosto. — Estava aqui conversando com esse garotão.
— Espero que ele não tenha te dado muito trabalho. — Any disse sem jeito.
— Não, eu gosto de conversar com ele. — ele sorriu para David. — É um garotinho muito esperto e inteligente.
— Obrigada.
— Mamãe, o bichinho ferrou você! — David disse, espantado.
— Aonde meu filho? — ela perguntou preocupada.
— Aqui no seu pescoço, tá roxo! — ele arregalou os olhinhos.
Tomás prendeu o riso ao ver que se tratava de um chupão. Any não sabia onde enfiar a cara.
— David... — Any disse entredentes, enquanto encarava Tomás sem jeito. Sabia que o menino não entendia nada, mas estava lhe deixando sem graça.
— Tá doendo? — perguntou, apertando a marca roxa.
— Não meu amor. — pegou a mãozinha dele e deu um beijo, o colocando no chão. — Não se preocupe com isso ok?
— Tá bom, onde tá o meu papai? — olhando ao redor, e franzindo as sobrancelhas, enquanto procurava Josh.
— Ele teve que ir trabalhar. — Any explicou e David fez um bico.
— Mas ele ficou em casa dormindo! — disse confuso. — Eu pensei que ele viria me buscar e brincar comigo.
— Oh meu bem. — ela se agachou. — Eu sinto muito, mas ele teve que ir. — tocou os cabelinhos alourados do pequeno. — Mas a mamãe tá aqui, não vale?
— Vale. — ele balançou a cabecinha em afirmação. — Mas eu queria o papai.
Any suspirou e Tomás cruzou os braços observando. Dava de ver que o pai de David não era um exemplo no quesito paternidade e também dava para notar a carência que o pequeno sentia pela figura paterna.
— Não fique assim meu bem. — a mãe o pegou no colo. — Vamos almoçar juntos e depois podemos visitar a titia Miranda, o que você acha?
— Tá bom, mas só se o tio Tomás almoçar comigo. — ele coçou o olhinho.
Any olhou Tomás e o homem sorriu pra ela, também assustado com o pedido da criança.
— Mas o Tomás deve ter coisas para fazer meu bem. — Any explicou.
— Não tem não, ele disse que ia almoçar assim que você chegasse. — negou com a cabeça e Any sorriu. — Então ele pode almoçar com a gente, não pode mamãe?
— Bem, se ele quiser sim. — Any olhou para Tomás.
— Vamos tio Tomás! — David chamou, apoiando a cabecinha no ombro da mãe.
— Vamos sim pequeno. — Tomás sorriu, sem resistir a carinha da criança. — Só preciso ir avisar que já estou saindo, me aguardem um instante ok?
Os dois assentiram e Tomás se retirou.
— Mamãe, você e o papai são namorados não são? — o pequeno perguntou enquanto enrolava o dedo no cabelo.
— Somos sim meu bem. — ela sorriu, e arrumou os óculos. — Por quê?
— Porque se você não fosse namorada do papai, eu queria que o tio Tomás fosse seu namorado. — ele disse inocentemente.
Any arregalou os olhos.
— Meu filho, não diga besteiras. — ela disse sem graça, imaginando o mico que pagaria se Tomás estivesse presente. — Não diga mais isso, ok? — beijou os cabelinhos dele.
— Mas por quê?
— Porque não.
Alguns minutos depois Tomás regressa e vão juntos a um restaurante ali por perto do colégio de David.
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— Esse restaurante é ótimo, servem alguns pratos mexicanos. — Tomas comentou enquanto se acomodavam.
— Eu nunca comi aqui. — Any disse, pegando o cardápio. — Hm, tacos. — ela fez uma carinha. — Que vontade que me deu. — sorriu.
Tomás viu que seu sorriso era encantador e infantil. Dava pra ver que Any era uma mulher extremamente meiga e ele gostava disso. Era uma pena ela já ser comprometida com outro homem, caso contrário, investiria nela sem sombra de duvidas.
— Os tacos daqui são os melhores. — ele acenou para o garçom. — Você não vai se arrepender de provar.
Any sorriu.
— Você faz o que na escola Tomás? Professor eu sei que você não é.
— Na verdade eu sou professor sim. — ele coçou a nuca e Any ficou confusa. — Mas não das crianças, eu sou professor universitário.
— Mas você é tão novo. — ela sorriu estonteante.
— Sim, mas eu me formei muito cedo e meu foco sempre foi lecionar. — ele deu de ombros. — Por isso já dei um tiro certeiro.
— E o que você leciona?
— Letras. — o garçom se aproximou e eles fizeram os pedidos. — Mas respondendo a sua pergunta. — ele continuou depois que o garçom saiu. — Eu estou tomando conta da direção da escola, a minha irmã é a diretora, mas como ela estava viajando, eu estava no lugar dela, vou ficar mais essa semana e na próxima ela voltará a ocupar o cargo.
— Sua irmã também seguiu o rumo da educação? — Any franziu a sobrancelha. — Que legal.
— Pois é, quando nossos pais compraram a escola nós nos familiarizamos com esse ambiente, e eu me apaixonei, vi que era o que eu queria fazer por toda a minha vida.
— Seus pais são os donos da escola?
— Sim, agora só minha mãe, meu pai morreu quando eu tinha quinze anos. — ele suspirou.
— Eu sinto muito. — Any franziu a sobrancelha. — Os meus pais também morreram, eu sei a dor que é perder as pessoas que amamos.
Tomás sorriu de leve.
— Meus alunos são uma parte importante de mim. — ele sorriu. — Eles me ajudaram a superar a perca do meu pai. Hoje em dia me sinto muito realizado.
Any deu um sorriso triste.
— O que houve? — ele perguntou, preocupado. — Eu disse algo de errado? — arregalou os olhos.
— Oh não! — Any disse, de forma rápida. — Não é isso, é que eu estava pensando em como eu também queria me formar. — mordeu o lábio.
O garçom chegou com os pedidos e Tomás a olhou de maneira confusa. Quando o garçom saiu ele perguntou:
— E por que você não se forma?
— Eu não teria tempo. — ela suspirou entristecida. — E também, o meu marido não concorda, diz que eu não preciso estudar. — ela pegou o prato do filho e começou a cortar o filé do pequeno, que estava entretido com sua musiquinha.
Tomás negou com a cabeça, que homem mais egoísta.
— Any, se você quiser estudar não pode permitir que ninguém interfira na sua vontade, nem mesmo seu marido.
— Mesmo assim Tomás, como eu estudaria? — ela suspirou. — Eu tenho um filho pequeno, que precisa de mim.
— Mas David estuda pela manhã, você pode estudar nesse horário também. — ele opinou e Any ergueu a sobrancelha, interessada. — A faculdade que eu trabalho tem um turno matutino.
— Eu não sabia disso. — ela mordeu o lábio, com um fio de esperança.
— Você poderia tentar.
— Você acha que eu tenho chances de conseguir?
— É claro que sim, no mês que vem vão começar as provas de vestibular para o próximo período.
— Eu queria muito. — ela sorriu de forma sonhadora.
— O que você gostaria de cursar?
— Direito. — sorriu e ofereceu o suco para o filho.
— Uma ótima escolha. — ele assentiu satisfeito.
— O que é direito, mamãe? — David perguntou.
— Um curso que as pessoas fazem pra se tornar advogados. — ela respondeu dando uma garfada.
— Você vai ser divogada ? — ele perguntou.
— Se Deus quiser, sim. — ela assentiu.
No decorrer do almoço Tomás lhe deu diversas informações a respeito do vestibular, disse também que a ajudaria em tudo o que ela precisasse e que lhe daria todo o apoio possível. Any ficou super empolgada e esperançosa.
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À noite, Joshua chegou e viu que Any estava sentada no sofá com David no colo, já eram onze da noite, não imaginava que ele ainda estivesse acordado.
— Olá. — ele disse colocando as chaves na mesinha de centro e deu um selinho na esposa, que acariciava os cabelinhos do pequeno, que coçava os olhos, com um biquinho de choro. — O que foi filho? — ele perguntou. — Porque ainda está acordado a essa hora?
— Ele teve um pesadelo. — Any explicou. — Mas já passou, não é meu bem? — ela se perguntou e ele assentiu.
— Eu quero dormir abraçadinho com a mamãe. — ele disse, se aconchegando no colo da mãe. — Daí o bicho papão não vai me pegar.
— Dorme então. — Any sorriu. — Não quer mais o Nescau ? — ela perguntou mostrando o copinho com bico.
Ele negou com a cabeça.
— Crianças... — Joshua negou com a cabeça e afrouxou a gravata. — Onde você estava a tarde? Liguei pra cá e você não atendeu, e seu celular parece que não existe Any, você vive esquecendo. — rolou os olhos.
— Fui visitar minha tia. — ela suspirou.
— Papai por que você foi trabalhar? — David perguntou, sonolento.
— Porque eu preciso trabalhar David. — ele disse, simples.
— Mas eu pensei que você iria ficar comigo.
— Eu não disse que ficaria em casa o dia inteiro. — bufou. — Enfim, trate de dormir, que amanhã tem aula.
— Mamãe e eu comemos no almoço com o tio Tomás, e foi legal, não é mamãe? — o pequeno bocejou.
Joshua encarou a esposa.
— Você almoçou com quem? — ele perguntou, fitando-a insatisfeito. — Quem é esse tal de Tomás? — grunhiu.
— Meu amigo! — David disse.
Any estava com medo do que Joshua diria.
— Ah, o professorzinho? — ele debochou.
David fez um biquinho, não gostando da forma que Josh falava de Tomás, afinal gostava do homem.
— Não ri dele! — o pequeno disse, de forma brava.
Joshua riu alto, deixando David vermelhinho de raiva.
— Josh. — Any ergueu a sobrancelha. — Não se troca com ele. Ele só tem três anos e gosta do Tomás. — disse acalmando o pequeno.
— Dane-se. — ele rolou os olhos. — E depois a gente vai ter uma conversinha, a respeito de você sair por aí com esse tal de Tomás, ouviu? — ele disse, baixinho.
— O tio Tomás é legal. — David voltou a apoiar a cabecinha nos s***s da mãe. — Ele vai fazer a mamãe virar divogada !
— Hã? — Joshua arregalou os olhos.
Any engoliu o seco.
— Divogada papai! — o pequeno repetiu.
— Meu amor, fique quietinho meu filho. — ela pediu, um pouco nervosa enquanto o balançava no colo para que ele tratasse de dormir.
— Que história é essa de virar advogada? — Joshua perguntou. — Já disse que eu não permito que você estude!
— Podemos conversar sobre isso depois? — ela perguntou. — Ele precisa dormir. — se levantou com o filho.
— Então faça com que ele durma de uma vez. — bufou e foi para o quarto.
Any foi com David para o quartinho do pequeno, e ficou acariciando os cabelinhos dele, enquanto ele bocejava.
— Mamãe, o papai ficou bravo por que eu disse que você vai virar divogada ? — ele perguntou curioso.
— Se diz advogada meu amor. — ela corrigiu com um sorriso.
— Com A?
A mãe assentiu.
— E não, ele não ficou chateado. — ela mentiu dando de ombros. Sabia que cortaria um dobrado para convencer o marido que não tinha nada demais em estudar. — Ele só está cansado, agora durma sim? — ela acariciou as costinhas e lhe deu um selinho materno.
— E se o monstro voltar? — arregalou os olhinhos.
— Não tem nenhum monstro meu bem, a mamãe e o papai estão aqui, não tem por que você ter medo. — David sorriu.