Capitulo 48

2274 Palavras
Dez minutos depois a criança já ressonava tranquilamente, Any lhe deu um beijinho e voltou para o seu quarto, a fim de voltar a dormir. Viu Joshua mudando os canais da TV, ele assim que viu a esposa, já foi logo começando com seu show. — Não quero que ande por aí em almocinhos particulares com outro homem! — ele disse, de maneira firme. — Tomás é um amigo. — ela explicou. — E não dei nenhum motivo para você ter ciúmes dele. — Claro que eu não tenho ciúme dele, deve ser um pobre coitado que não tem onde cair morto, e ganha a vida suportando um penca de pirralhos irritantes, o dia inteiro.  Any ergueu a sobrancelha, ele estava bem enganado em relação a Tomás. A mulher teve que prender o riso.  — O problema é que você é minha mulher e tem que se dar o respeito. — Nunca deixei de me dar o respeito. — Any disse ríspida. — Não vou permitir que fale assim comigo. — Olha Gabrielly, nós dois nunca tivemos problemas no nosso casamento. — ele respirou fundo. — Mas de uns dias pra cá, você anda impossível demais, não acha? — Não. Eu não acho, estou igual a todos os dias. — Essa história de faculdade, esse grude de vocês com esse tal de Tomás. Não estou gostando nada disso. — ele disse, insatisfeito. — Eu vou fazer faculdade Joshua. — ela disse, deitando ao lado dele. — E vou me formar, você querendo ou não querendo. — O que deu em você Gabrielly?! — ele berrou. — Como você vem dizer essa p***a pra mim? Eu sou o teu homem, eu te sustento! — É exatamente por isso que eu quero estudar. — ela o encarou. — Pra quando você falar isso, eu ter como te dar uma resposta à altura. — ela deitou e bocejou. — Agora vamos dormir sim? — Eu não quero que estude! — ele repetiu atônito. — Você não precisa! E o meu filho? Quem vai cuidar dele? — Chega amor, eu vou dar um jeito! — ela disse chorosa. — Vamos dormir sim? Eu estou morrendo de sono e estou com náusea. Joshua cerrou os punhos, não iria permitir que Any fizesse faculdade. Imaginar ela rodeada de colegas, de professores faziam seu sangue gelar. Não queria nenhum engraçadinho perto dela. E esse Tomás já estava começando a lhe irritar. ¨¨¨¨ No dia seguinte, no centro de educação infantil. Tomás estava na sua sala quando ouviu um choro de criança, que parecia vir do corredor. Sua secretária abriu a porta, lhe entregando alguns papéis que ele tinha pedido. — Escuta Kelly. — ele chamou, antes que ela saísse. — O que houve? Que choro é esse? — Ah, um dos pequenos se ralou, ele caiu da escada, mas não foi nada grave. Eu já vou ligar pra mãe, para que venha buscá-lo. — E quem é a criança? — ele se levantou, preocupado. — E por que ninguém me avisou? — É o David Beauchamp. — ela explicou. — Não achei que fosse necessário. Como eu bem disse, não foi nada grave. — saiu atrás dele. Tomás saiu e viu o pequeno David sentadinho na cadeira ao lado da mesa da secretária, ele balançava as perninhas e tentava olhar o machucado em seu cotovelo. — Ei campeão! — Tomás se agachou ao lado dele Ele olhou o homem e parou de chorar de forma forçada e o encarou apenas com um biquinho de choro. — Tá dodói. — ele mostrou o curativo. — Eu sei pequeno, mas já está tudo bem. — ele bateu no ombro dele. — Não, precisa engolir o choro, isso não é saudável. — Mas o papai falou que os homens não choram e quando eu choro ele manda eu parar. — ele disse, voltando a chorar, que espécie de pai esse homem era? — Quero a mamãe! — ele pediu aos prantos. — Seu pai não sabe o que diz. — ele se levantou e pôs a mão no bolso, olhando a criança. — Eu já vou ligar pra sua mãe, pequenino. — a secretária explicou com um sorriso maternal. — Não Kelly. — Tomás interviu. — Dessa vez eu quero que ligue para o pai dele, preciso conversar seriamente com esse homem. — Mas, ele nunca vem aqui senhor e... — ela foi interrompida. — É uma ordem. — ele disse, de forma séria. — Como quiser. — ela assentiu. Tomás pegou David no colo e o levou para sua sala, onde tratou de entreter a criança com um jogo qualquer no computador. ¨¨¨¨ Enquanto isso na empresa, Joshua trocava um beijo quente com a secretária, quando são interrompidos pelo telefone. — Maldição. — ele grunhiu. — Vai atender essa merda e volta logo. Atende o seu mesmo, vai que seja a Any. Molly sorriu de forma sedutora e saiu atrás de atender ao telefone. Ele ficou olhando a b***a dela enquanto saia porta afora. Alguns segundos depois o seu toca e ele atende de forma entediada. — E então? — E uma tal de Kelly, fala do colégio do bebê. — Molly respondeu. — Para de chamar meu filho de bebê, ele já é quase um homem. — rolou os olhos. Molly riu. — Não sabia que existiam homens de três anos. — zombou. — Passo ou não? — Passa. — ele rolou os olhos. — Pronto. — Senhor Beauchamp? — ele ouviu a voz feminina. — Ele mesmo. — rolou os olhos. — O que houve? — Senhor Beauchamp, o seu filho se ralou e o senhor precisa vir buscá-lo... — ele não deixou a mulher terminar de falar e tratou de interrompê-la. — Olha moça, eu não cuido dessas coisas entendeu? — disse sem paciência. — Minha esposa é quem trata dos assuntos do Júnior aí na escola. Ligue pra ela. — O senhor não entendeu senhor Beauchamp, e tampouco me deixou terminar de falar. — ela disse com uma extrema educação. — O senhor Urrigán deseja conversar com o senhor, e é sumamente importante a sua presença. — Eu sou um homem ocupado, diga ao senhor Urrigán que eu não vou. — ele explicou. — Se quiser ligue para a minha mulher. — Senhor... — Joshua não lhe deixou terminar de falar e desligou na cara dela. — O que houve? — Molly apareceu, curiosa. — Houve algo com o bebê? — Nada, só se ralou. — ele deu de ombros e lhe sorriu de forma pervertida. — Esses funcionários de escola são cada dia mais folgados. Já não basta eu ter que pagar uma fortuna todo mês ainda querem me dizer o que eu tenho que fazer. — ele beijou o pescoço dela. — Injustiça não é? — Demais chefinho. — ela fez um biquinho escroto e logo tornaram a se beijar. ¨¨¨¨ No centro de educação infantil, Kelly chegou à sala de Tomás e o viu assinando alguns papéis enquanto David brincava no computador, com os olhinhos vidrados. — Senhor Urrigán, o pai do pequeno se n**a a vir. — ela disse baixinho. — O que eu faço? Ligo para a mãe? — Não. — ele enfatizou. — Retorne para o Beauchamp e diga que se ele não vier, eu mesmo vou até lá. — Mas ele me disse que não resolve os problemas do filho na escola. Isso é coisa para a mãe dele resolver. — Faça o que eu digo Kelly. — ele piscou. A secretária suspirou e sorriu assentindo. — Tudo bem. — se retirou. ¨¨¨¨ — Mas que diabos! — Joshua berrou, assim que ouviu o telefone tocar, dessa vez era seu celular. Ele foi até o aparelho e o atendeu. — Alô. — Senhor Beauchamp. Aqui é Kelly... — ele a interrompeu. — O que a senhora quer? — ele disse sem nenhuma paciência. — Eu já estou cheio da senhora, dá para parar de me incomodar? — disse, afinal já era a quarta vez que a mulher ligava e ele se recusou a atender as três ultimas. Agora estava lhe incomodando em seu celular. — Como conseguiu o número do meu celular? — Sua esposa deixou caso houvesse alguma emergência. — ela explicou. — O senhor precisa vir conversar com o diretor. — ela insistia. — É sobre o seu filho, não se importa com ele? — É claro que eu me importo com o meu filho, mas eu tenho mais o que fazer. Ligue para a mãe dele! — O senhor Urrigán disse que se não estiver presente, ele mesmo vai até aí. — Ele não sabe onde eu trabalho. — ele deu um leve risinho. — Sua esposa deixou o endereço caso houvesse alguma emergência. — ela repetiu. Ele grunhiu. p**a merda. Cerrou os punhos e suspirou, sabia que esse pessoal não lhe deixaria em paz enquanto não fosse até lá. Tirando que não era uma má ideia ir até o colégio de David, tinha uma conversa pendente a acertar com o tal professorzinho. — Tudo bem, em meia hora eu chego aí. — disse vencido. — Obrigada pela compreensão. Estamos esperando. — desligou e ele rolou os olhos. ¨¨¨¨ Como prometido, dentro de meia hora Joshua aparece na direção da escola. — Pois não?  Ele reconheceu a voz da tal de Kelly e sorriu ao ver que era bem gostosa. Se soubesse, lhe faria ligar mais vezes.  — Senhor Beauchamp? — ela deduziu ao ver a enorme semelhança entre o homem e o pequeno David. — Me chame de Josh. — deu um sorrisinho, a admirando. — Você eu deixo. A mulher suspirou, ao notar que ele estava lhe cantando, ele era um homem extremamente atraente e também muito gato. Mas conhecia Any e gostava muito da moça. Jamais daria corda para o marido dela. — O diretor já está esperando senhor Beauchamp. — ela disse, ignorando o que ele tinha dito anteriormente. — Pode entrar. — apontou a porta. Joshua deu um sorrisinho canalha e foi até a sala do tal diretor. Tomás viu a perfeita cópia de David atravessar a porta. Realmente os dois eram muito parecidos. Por fim conheceu o pai do pequeno, aquele que deixou o filho plantado no dia do aniversário, aquele que era um "ótimo" pai, que não permitia que a esposa estudasse e que estabeleceu a uma criança de três anos que ela não pode chorar. — Pronto, eu já cheguei. — Joshua falou assim que fechou a porta. — Pode me dizer o motivo de ter que me fazer vir até aqui? Eu sou um homem ocupado. — Eu sou Tomás Urrigán. — ele estendeu a mão. Joshua apertou de má vontade, enquanto sentava na cadeira.  — O seu filho está dormindo. — Tomás apontou o pequeno sofá e deu um sorriso ao ver o menino.  Joshua coçou a nuca. — Nossa, foi pra isso que me chamou? — ele disse enfadado. — Para ver meu filho dormindo? — Senhor Beauchamp, temos que falar sobre a sua relação com o menino. — Tomás disse, tentando ignorar a frieza do homem a sua frente. — Dá pra notar que David tem muita carência da figura paterna e... — Joshua o interrompeu. — Espera aí. — ele riu. — Quer me ensinar a cuidar do meu filho? Você tem filhos? — Bom, não tenho filhos, mas... — Então vá ter uma dúzia de filhos. — ele grunhiu. — E vá cuidar deles, deixe o meu filho que eu cuido. Eu pago vocês para educarem, não pra se meterem na minha vida! — disse exaltado. David acordou com o grito do pai e coçou o olhinho. — Papai?! — ele se levantou e ficou sentadinho. — Porque você tá gritando com o tio Tomás? Joshua ficou em choque e encarou o homem a sua frente. Então aquele era o tal de Tomás? Não era possível, o cara não era professor, e sim diretor e não parecia ser um fracassado como ele pensava. O homem era alto, forte, com olhos verdes. Como não tinha sequer prestado atenção no nome do infeliz, quando se apresentou? Maldição. — Ah então você é o tal de Tomás? — Josh disse, assim que se recuperou do susto. — Depende do que esteja se referindo. — Tomás disse, pegando David no colo, já que o pequeno estendia os braços.  Joshua olhou a cena com careta. — Você é sujeitinho que fica colocando abóboras na cabeça da minha mulher, ou estou errado? Tomás negou com a cabeça. — Pequeno, por que não vai lá com a tia Kelly e me deixa conversar com seu pai rapidinho tudo bem? — ele disse a David. O pequeno assentiu e Tomás o pôs no chão. — Tia Kelly! — ele disse, enquanto saia coçando o olhinho. — Que cena mais meiga. — Joshua o olhou de forma debochada. — Já pensou em trabalhar de babá? Você é ótimo cuidando de crianças, já eu prefiro fazê-las. — Dá para ver que o senhor é um pai nota zero senhor Beauchamp. — Tomás cruzou os braços. — O David é muito carente e também me disse que o senhor não permite que ele chore e... — Beauchamp o interrompeu. — Olha aqui... — Joshua apontou. — Eu espero que você não esteja com outras intenções, ao tratar o meu filho com tanto "amor e carinho". Eu não sou i****a. — O que está querendo dizer? — Tomás sorriu. — Isso é uma reunião pedagógica, não sei do que está falando.
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