— Não vai falar nada! — Beauchamp grunhiu. — Eu já paguei tudo o que me pediu.
— É verdade, mas se você vacilar, eu não vou ter receio algum em contar tudo a ela.
— Você é um merda mesmo. — Joshua suspirou. — Any está grávida, não pode passar nervoso. Leva isso em consideração.
Pedro ficou mudo por alguns minutos. Joshua rolou os olhos e o sinal abriu, ele arrancou com o carro e ouviu a voz de Pedro por fim.
— Maldito! — o outro bufou. — Fez outro filho nela! Nem pense que isso vai ser uma desculpa por que posso lhe causar um aborto com tudo o que eu disser e mostrar.
— Chega! Você não vai falar nada, não vai prejudicar o bebê! Eu vou aceitar sua chantagem, mas se você fizer alguma das suas gracinhas, eu te mato. — ele disse roucamente.
— Você não é Deus pra decidir quem vive ou quem morre Beauchamp. — Pedro debochou.
— Não sou Deus, mas posso ser o d***o se me tirar do sério. — ameaçou. — Se como amigo eu sou r**m, como inimigo nem queira ver, tenta só. — desligou na cara do outro.
Pedro não iria lhe tirar do sério. Ele que nem tentasse mudar seus planos, ou então iria sofrer as consequências.
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Enquanto isso, em casa. Any dava banho em David e morria de rir com o que o pequeno falava.
— E eu soltei um pum. — ele dizia brincando com a espuma da banheira.
— Mas meu filho... — Any ergueu a sobrancelha, com um sorrisinho.
— Foi sem querer mamãe! — ele arregalou os olhos. — Não deu de segurar, eu tava no colo do papai e deu vontade.
— Tudo bem meu amor, não tem problema. — ela sorriu lhe tirando da banheira. — Vem tirar essa espuma, que você tem que dormir um pouquinho.
Ela terminou de dar banho no filho e lhe vestiu com seu pijaminha. Fez o nescau e pôs no copo com bico e ficou com o pequeno até que dormisse, o que não demorou. Foi guardar seus livros e se preparar pra tomar um banho. Ouviu o telefone tocar e atendeu.
— Pronto! — disse equilibrando os livros de maneira ágil.
— Any? Sou eu, o Derrick. — ouviu a voz ofegante do amigo e se preocupou.
— Derrick, está tudo bem com a Sina? — ela perguntou preocupada.
— Está sim, acontece que o bebê está nascendo! — estava apavorado.
Any sorriu abertamente e logo ouviu um grito estridente de Sina.
— Oh meu Deus! — ela pôs a mão na boca. — Onde vocês estão agora?
— Estamos indo para a maternidade, eu estou a ponto de ser morto! — ele bufou.
Any escutou outro grito. Não pode evitar rir.
— Pra qual maternidade vocês vão? — ela perguntou. — É a mesma que ela trabalha?
— Sim, é para lá mesmo que estamos indo. — Derrick respondeu.
— Eu estou indo para lá... Escuta, ela pode falar? — ela perguntou e ouviu Derrick falar com a loira e logo ouviu a voz de Sina.
— Any, eu estou morrendo... — ela dizia exagerada.
— Sina fica tranquila, você é obstetra, sabe que dói. — Any sorriu. — Não lembra o que você me disse quando eu estava dando a luz?
— Por que você não me mandou para aquele lugar e gritou mais alto? — ela grunhiu. — Isso é a morte.
Any não aguentou e soltou uma gargalhada.
— Fica calma, eu estou indo para a maternidade, já avisaram a Sofya?
— Não, não conseguimos falar com ela. — ela suspirou.
— Tudo bem, eu dou um jeito de avisar. — Any assentiu. — Fique calma que tudo vai dar certo tá?
— Tá bem... — ela respondeu chorosa. — Tchau Any.
— Tchau amor, boa sorte! — desligou e tratou de guardar seus livros e tomar um banho.
Assim que terminou de se arrumar, interfonou para o apartamento de Bia e perguntou se ela poderia dar uma olhada em David. A garota disse que sim e logo estava subindo.
Enquanto esperava Bia, interfonou para o apartamento de Sofya e conseguiu falar com Jack. Avisou que Sina estava dando à luz e o homem disse que iria avisar a esposa imediatamente.
— Any... Estou entrando! — ouviu Bia chegar e pôs a cara para fora da cozinha.
— Ah, oi Bia! — ela sorriu. — Olha, eu vou sair, acho que lá para as sete ou oito da noite eu estou de volta. O David está dormindo. — ela disse pegando as chaves do seu carro. — Lá para as seis da tarde você acorda ele, mas acorda mesmo, por que senão ele não dorme a noite.
— Por que seis e não quatro, como todos os dias?
— Por que ele foi dormir mais tarde hoje, quando ele acordar pede uma pizza ou alguma coisa pra vocês comerem, tem dinheiro ali do lado da TV. — Any sorriu. — Enfim, quando eu chegar eu acerto tudo com você, ok?!
— Tá bom... Posso usar o telefone? — ela se jogou no sofá.
Any rolou os olhos e sorriu.
— Pode Bia. Mas não é pra descuidar dele e pra ficar de olho viu? — coçou a nuca e Bia assentiu. — Enfim, eu tenho que ir... Tchau! — se despediu de Bia e saiu.
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Joshua chegou à empresa estressado, odiava esses encontros de negócios, afinal nem sempre as coisas saiam como ele queria, e isso lhe deixava com os nervos à flor da pele. Viu Molly de costas, mexendo em alguns arquivos e sorriu safado, indo até ela. A abraçou por trás, fazendo-a tomar um susto.
— Nossa Josh, você quer me matar?! — ela grunhiu. — Imagina se alguém aparece?
— Ninguém vai aparecer. — ele rolou os olhos. — Anda, vamos lá pra minha sala, tanto trabalho acaba estressando não é?
— Eu acho melhor não. — ela disse, colocando as pastas em cima da mesa.
— E por que não? — ele perguntou, sem entender. — Está naqueles dias é? — riu.
— Não. — ela se apoiou na mesa e cruzou os braços. — Mas eu acho melhor nós pararmos com isso. — Joshua ergueu a sobrancelha. — Depois que eu conheci o seu filho, eu não consigo mais, não me sinto bem.
— O que tem a ver o meu filho?
— Ele é tão pequeno. — ela suspirou. — E você vai ser pai de novo Josh, já tem uma mulher e eu não quero mais ser sua amante. Você tem uma família.
— Não está me dizendo que está preocupada com a Any agora não, né? — ele riu. — Depois de tudo o que fizemos? Não acha que é um pouquinho tarde para arrependimentos?
— Pode ser que seja. — ela suspirou. — Mas antes tarde do que nunca.
— Tudo bem, faça como quiser. Mulher é o que não falta pra mim. — ele zombou e voltou a entrar na sala. — Me passa os relatórios que o meu pai te deu. — entrou na sala e sumiu porta adentro.
Molly suspirou ao ver que ele não tinha dado a mínima. Dava pra ver que significava bem pouco pra ele. Talvez fosse melhor assim. Pegou tudo o que ele tinha pedido e levou até o chefe.
Joshua bebia um drink e viu Molly sair assim que pôs os relatórios em sua mesa, não se importava nenhum pouco com a secretária, só era uma pena ter a sua diversãozinha diária cortada, mas nada que ele não pudesse resolver.
A loira do almoxarifado já tinha demonstrado que estava bem a fim de se transformar em seu novo brinquedinho e agora ela se transformaria.
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Era tarde quando ele chegou em casa, estava tudo em silêncio e parecia que todos estavam dormindo. Foi até o quarto e encontrou Any deitada, porém ela estava acordada.
— Ainda acordada? — ele perguntou.
— Aham. — ela assentiu, com uma caretinha. — Eu estou um pouco enjoada... Levantei para vomitar e não consegui mais dormir. — olhou no relógio.
Joshua ergueu a sobrancelha, notando que ela já tinha começado a botar as tripas pra fora.
— Isso são horas Josh?
— É que eu estava com Pedro. — mentiu, outra vez.
— Ah sim, eu tinha me esquecido de dizer que ele veio aqui mais cedo, antes de você vir deixar o David. — ela coçou os olhos.
— É, ele me falou. — ele comentou, cerrando os punhos, estava com tanta raiva de Pedro que tinha receio de não conseguir disfarçar. — Onde você estava? Eu liguei pra cá mais cedo e quem atendeu foi aquela garotinha alterada aqui debaixo.
— Ah, eu fui ao hospital, Sina deu à luz. — ela disse com os olhinhos brilhando. — O filho dela é tão lindo amor, se parece com David quando nasceu. Eles estão muito felizes.
— Enfim não é? — riu divertido. — Depois de tanto tempo tinham que estar mesmo... Estava começando a achar que o Derrick não era de nada. — zombou.
— Para amor. — Any suspirou. — Sina sofreu muito pra conseguir essa benção. — ela suspirou. — Elas quase morrem quando eu disse que estava grávida outra vez. Nossa, como ficaram felizes. — sorriu radiante.
— Como é o nome do pirralho? — Josh perguntou, tirando o paletó e a gravata.
— Caio, eles já tinham escolhido desde que souberam o sexo. — Any bocejou. — Sente fome amor? — ela perguntou, o olhando de maneira preocupada.
Ele negou com a cabeça, afinal já tinha jantado com Vivian.
— Eu vou tomar um banho. — ele avisou e entrou no banheiro.
Any sorriu de leve e logo estava dormindo.
Alguns minutos mais tarde, quando saiu do banheiro. Joshua vinha enxugando os cabelos com a toalha e viu Any dormindo, tranquilamente. Sentou ao lado da cama e ficou a observando.
Ela era serena, meiga e completamente submissa. Não sabia exatamente o que sentia por ela, gostava da esposa, mais até do que ele queria.
Mas também gostava de Vivian. Se fosse pra escolher uma das duas, ele escolheria a que mais se parecia com ele. Vivian gostava de festas, gostava de balada e com ela ele não tinha toda aquela pressão de filhos e família, tirando que Vivian era expert em f********o, já Any não, Any fazia amor e Vivian fodia, e era isso que ele queria pra ele.
Enfim, se dependesse dele continuaria com as duas irmãs. Mas ele não queria perder Vivian. Assim como gostava de ter Any e todo o conforto que seu casamento lhe proporcionava, ele também gostava da cunhada.
E talvez Vivian não fosse uma companheira r**m, afinal ela podia ser tão carinhosa e boa esposa como Any era, afinal eram irmãs. Entretanto estava confuso.
— E agora o que eu faço? — ele perguntou pra si mesmo, baixinho.
Suspirou passando a mão no rosto. Decidiu fazer o que Vivian tinha dito e deixar Any a ver navios na hora que ela fosse pedir por sexo. Quem sabe assim ela pediria o divórcio e tudo acabava bem.
— É o melhor. — se sentindo desconfortável com a ideia, teria que ser forte para rejeitá-la, mas ele o faria.
20 de julho de 1997, Estados Unidos, Los Angeles, 08hrs00min.
— Acorda papai! — Joshua sentiu David pulando em cima de seu corpo e abriu os olhos preguiçosamente e logo sentiu a claridade inundar sua vista.
— David, o que foi?! — ele coçou os olhos. — Que horas são hein? — voltando a fecha-los, com muita preguiça.
— São oito! — ouviu a voz de Any. — Acorda, nem acredita o que aconteceu! O seu pai ligou, disse que deu tudo certo em Londres, você conseguiu fechar o contrato!
Joshua rapidamente abriu os olhos e se sentou, dando de cara com Any, segurando uma bandeja com diversas guloseimas.
— Está de zoa?! — ele arregalou os olhos. — Eu sabia! — ele bateu os punhos na mão como forma de comemorar. — Eu sabia que conseguiria!
— Meus parabéns! — Any sorriu.
— Parabéns papai! — David ainda estava pulando na cama. — Você é o melhor.
Já tinha pouco mais de um mês que ele estava pelejando para fechar um contrato milionário com um grupo de empresários britânicos, foi quase uma novela, mas por fim convenceu os homens, e o melhor, conseguiu sozinho, sem a ajuda de Robert, que foi apenas conhecer o grupo de novos sócios e levar o contrato para que fosse assinado.
Apesar da certeza ele ainda tinha certo receio de algum deles dar pra trás, mas não, tinha realmente conseguido!
— Quando ele ligou eram cinco da manhã, eu me segurei de vontade de te acordar, mas você parecia tão cansado, resolvi fazer esse café para comemorar. — ela pôs a bandeja com o bolo e algumas torradas, suco e geleia na cama.
— Valeu. — ele pegou uma torrada, sem tirar o sorriso da cara.
Any sentou, acariciando sua barriguinha redonda. Ela já estava com cinco meses de gravidez e o bebê estava saudável e ainda não sabiam o sexo do pequeno, por opção de Any, que queria que fosse uma surpresa.
— Mamãe, a gente vai tomar café aqui no quarto? — David perguntou.
— Sim! — Any sorriu. — Não é legal? — perguntou com os olhos brilhando.
— Papai eu tenho um presente pra você! — David disse, saindo de cima da cama e correndo até seu quarto.
— Que presente é esse? — Joshua perguntou a ela.
— Eu não faço ideia. — Any ergueu a sobrancelha. — Mas e então? Você gostou da surpresa?
— Sim, claro. — ele sorriu pra ela. Estava feliz demais por saber que tinha conseguido tanto dinheiro.
Já tinham se passado três meses desde que decidiu parar de t*****r com Any. Inventara que não estava bem psicologicamente, não estava com cabeça e ela entendia, ficava meio sentida, mas entendia.
Sabia que ela já estava subindo pelas paredes e sentia um pouco de pena, afinal a coitada estava grávida. Viu ela comendo e olhando um quadro que eles tinham no quarto, distraída.
— Você vai sair hoje? — ela perguntou, com um suspiro, afinal era raro um domingo que ele não saia.