59. Daniela

1251 Palavras

O carro preto sobe devagar pelas estradas de terra. O pneu afunda na lama vermelha que a chuva da madrugada deixou pra trás, e cada curva revela uma lembrança. A cerca velha, o galinheiro abandonado, a sombra da mangueira torta no quintal do vizinho. Tudo tá igual. E, ao mesmo tempo, tudo parece diferente. Porque eu mudei. O motorista é um homem de óculos escuros, calado, mas atento a tudo. Foi enviado por Flávio direto do aeroporto de BH, junto com outro homem que dirige uma caminhonete logo atrás, carregando as malas. São muitos volumes, mais do que qualquer um aqui tá acostumado a ver. O vidro fumê, o carro novo, a postura dos seguranças... tudo me faz parecer uma estranha na terra onde cresci. — Chegamos, dona Daniela. — ele diz, com um leve aceno, parando o carro em frente à porteir

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