Martelo Narrando Acordei cedo, antes mesmo do sol cortar o céu por cima do Alemão. No morro, a gente não tem luxo de dormir pesado. Qualquer barulho estranho, um disparo mais distante, já é sinal pra levantar, pegar a pistola e ver o que tá acontecendo. Minha mãe ainda dormia, cansada das preocupações que carregava no coração. Dei um gole no café que sobrou de ontem e saí, sentindo o vento frio bater no rosto. O dia prometia ser longo. O rádio do plantão chiava na cintura do vapor que fazia a contenção. Cumprimentei os moleques, cada um com seu fuzil no colo, olhar atento, mas ainda meio inchado de sono. O morro nunca dorme, só cochila. Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, a correria ia bater forte. E não demorou. — Patrão, notícia quente — falou o Naldo, um dos vapores de confiança,

