03

3141 Palavras
p**a merda! Christopher está puto comigo, e eu me sinto tão culpada. E mais uma vez, o senhor megalomaníaco me faz sentir como uma criança sem dizer uma única palavra. Christopher me encara e eu posso perceber sua raiva. - Então eu digo “não” e você faz o contrário? - ele murmura. - Eu tive tanta pena dele, e não quis te irritar, Christopher. Eu... eu me sinto só, às vezes - Minto. Na realidade, eu o quis irritar, mas agora esse fato pode ser alterado. - O cachorro será sua companhia? - Ele ironiza em tom baixo. - Você é - sussurro. Uma abordagem fácil e carinhosa pode fazer ele mudar de ideia com relação ao cão. - Eu? E por isso você decide ir contra mim? - Christopher pergunta, seu tom agora é mais elevado, nada que um desconhecido possa notar, mas eu o conheço bem. Por Deus! Não precisamos de uma discussão por causa disto. - Não faça todo esse discurso por um cãozinho. Se você está com raiva, que se f**a, me estanque, mas não desconte nele. Eu quero que ele fique, e para o seu bem, é melhor ele ficar! - Digo mais firme do que ele, ou até mesmo eu, pensaria em dizer. Ele para um momento e analisa minhas palavras, para se certificar de que ouviu direito. - Para o meu bem? - - Para o seu bem s****l - esclareço as palavras. Não é como se eu fosse fazer uma greve de sexo ou algo do tipo, mas ele pode pensar que sim. - Não pode me negar o que é meu - sua voz ameaçadoramente baixa e sexy faz eu querer me contorcer. - Deixa, Christopher. Deixa ele ficar - peço. Christopher anda até mim, fechando o espaço entre nós. - Eu definitivamente não consigo lhe negar nada - murmura. Quando próximo o suficiente, ele pega uma mecha do meu cabelo e põe atrás da orelha. - Então não negue - digo baixo. Ele inclina o rosto para mim e sela meus lábios. Juro de pés juntos, pela minha morte Ao meu amado, eu nunca mentiria Ele disse: Seja verdadeira - eu jurei: Vou tentar No final, é ele e eu. ●●● Após um banho relaxante de banheira com meu marido, estou confortavelmente deitada sobre a cama enquanto como tortinhas com queijo Cheddar. - Ainda está com fome? - Christopher pergunta. Balanço a cabeça em sinal de negação. Levo o dedo indicador até a boca e fecho os lábios sobre o queijo que está sujando minha mão. - Hum... eu estava faminta - confesso. Christopher sorri. - Essa é uma combinação de palavras que eu gosto de ouvir - ele murmura. Pego meu celular ao lado da cama, na cabeceira. Noto que passei a tarde inteira longe do celular, com certeza alguém me ligou, ou algo do tipo. Ligo o aparelho e logo na tela vejo a notificação de duas mensagens de Juan, um dos meus melhores amigos. VIC, EU PRECISO DE VOCÊ, AGORA ONDE ESTÁ VOCÊ? POR FAVOR! Merda! O que houve? Preciso saber. A mensagem é de vinte minutos atrás, será que já aconteceu alguma coisa r**m? Deus queira que não! - O que aconteceu, Vic? - Christopher pergunta, vendo minha expressão preocupada. - Juan - respondo. Precioso o botão “chamar” para falar com ele. - Oi. Oi, Vic, por que demorou? – Juan diz quando atende. Ele tem a voz falha, como quem chorou por horas. - Muito trabalho - invento uma desculpa qualquer para não dizer o real motivo. Não há necessidade. - Pode me encontrar? Preciso de você, Vic. Pela sua voz, deve estar bêbado também. - Onde posso te encontrar? - Olho de relance para Christopher, mas ele não tem a expressão chateada por eu estar indo ver Juan. - Zig Zag café – Juan responde. - Bom, dentro de uma hora eu estarei lá - Digo e desligo. É melhor eu resolver logo toda essa merda. - Juan ligou, ele quer me ver, estava chorando - explico de maneira vaga. Eu terei que enfrentar o furacão Blanc caso ele diga “não”, mas não quero essa merda agora. Seria uma péssima amiga se deixasse Juan sozinho. - Você pode ver seu amigo, mas dois dos seguranças vão também -ele diz - Você não vai se opor? - Por que eu faria isso? - Christopher pergunta. Eu poderia responder essa pergunta de mil formas diferentes, mas iria ocupar muito do meu tempo. - Eu nunca sei o que você vai fazer. - Respondo. - Você vai demorar? - Ele pergunta, mudando o foco da conversa, e não parece feliz ao dizer isso - Hum... não devo demorar. De repente, me lembro de um assunto não tão distante, Ellen Conty. Sim, poderia esperar, mas Christopher normalmente não é muito falante. Um. Dois. Três. - O que mais você sabe sobre Ellen? - pergunto de uma vez, antes de perder a pouca coragem. - Ande, ou seu amigo vai esperar muito - ele diz. - Não mude de assunto, Blanc – falo, arqueando a sobrancelha. Eu o quero totalmente falante. - Droga, Vic, esqueça Ellen. Meu pessoal está fazendo o que tem que fazer. Pare de pensar nessa merda. - Mas... - tento me opor, mas sou interrompida - Sem mas. Eu vou pedir ao Taiga para te levar e Lough também irá - Christopher diz de forma rápida. Perdi o bom o humor do meu marido! Christopher sela meus lábios em um beijo casto. - Taiga estará na sala. Eu tenho que trabalhar agora - Murmura. Afirmo com a cabeça, mesmo sendo contra o seu modo de me manter distante de assuntos importantes. Saímos da cama basicamente no mesmo instante. Ambos tivemos uma tarde maravilhosa, mas estamos saindo da cama insatisfeitos. Eu por estar completamente no escuro e ele por eu estar indo ver Juan. Rumo ao closet para trocar a lingerie preta por algo apresentável. Visto uma calça jeans escura e blusa de seda sem mangas. Deixo o cabelo solto como saiu do banho, meio desgrenhado até. Pronto. Agora é só enfrentar a longa noite que me espera. ●●● Taiga para o carro em frente ao Zig Zag Café. Antes mesmo de sair, eu já posso ver Juan dentro do bar. Ele está debruçado sobre o balcão, com alguns copos pequenos ao seu redor. Lough abre a porta, e em questão de segundos eu salto para fora do carro e acelero meus passos para dentro do local. Ando até o balcão, onde alguns homens ridiculamente bêbados me olham. Sou grata ao meu marido super protetor que colocou Lough comigo, estaria com medo, caso contrário. Ponho a mão no ombro do Juan e ele dirige um olhar assustado para mim. - Oi - digo docemente. As lágrimas, aparentemente secas, são substituídas por novas gotículas de água que escorrem pelo seu rosto. Droga! Eu odeio ver ele assim. - Vic, eu fiz uma merda, uma merda grande! Eu... eu fui para a cama com Chloe. Com Chloe, sua amiga. - Ele diz de uma só vez. Sento em um banco ao lado dele. Meu cérebro não consegue acompanhar a velocidade da informação. Juan e Chloe dormiram juntos? Que merda é essa? - O que? - Eu pergunto, totalmente perdida pelas entrelinhas. - Eu não sei. Nós bebemos e ela começou a tirar a roupa. Você sabe o resto... - ele responde, balançando as mãos na frente do corpo em sinal de confusão. - Elliot sabe? - Faço a primeira pergunta coerente que me vem à cabeça. Elliot é ninguém menos que meu cunhado, namorado de Chloe. - Não, não mesmo! - ele diz. Juan me encara com os olhos arregalados - Chloe e Elliot brigaram - ele sussurra. Seus olhos voltam a cair sobre a bebida de cor âmbar em seu copo. - Ela também se arrepende? - pergunto. - Deus queira que sim - ele diz. Juan ergue dois dedos para o garçom, pedindo uma outra dose do que ele está bebendo. - Tem a certeza de que houve algo? - Sim, eu tenho. Me lembro de cada detalhe da noite anterior – Juan fala. Ele cobre o rosto com as duas mãos. - Juan - eu o chamo, porém não tenho sua atenção - Se quiser me dizer algo mais. Estou aqui para você - falo baixo. Ele direciona um sorriso fraco para mim. - Eu me arrependo, pois estávamos bêbados. Mas isso não passou de uma traição, para todos os efeitos. Ninguém além de você entenderia – Juan murmura. Eu passo o braço sobre seu ombro para um abraço de lado. - Eu entendo. E farei o possível para que eles entenderam também - digo. Juan apoia a cabeça no meu ombro e suspira. Ele está visivelmente cansado, talvez seja seu psicológico abalado, não sei bem. - Juan, você deve estar cansado - falo. Essa conversa já deu o que deveria dar. Ambos precisamos de um descanso e, pensando bem, não tive descanso desde a primeira hora do dia! - Tem razão - ele concorda. Juan retira uma nota de cem dólares do bolso e deixa sobre o balcão - eu preciso descansar - murmura. Ele se levanta e eu repito seu gesto. - Eu agradeceria imensamente uma carona – Juan diz. - E eu estaria imensamente feliz em disponibilizá-la para você - murmuro. Ele estende o braço para mim e eu entrelaço meu braço ao seu. ●●● Assim que chego em casa, deixo bolsa e botas no hall de entrada. Não poderia descrever o quão doloridos estão meus pés. As luzes do escritório de Christopher ainda estão acesas. Caminho para a porta do escritório. A porta está aberta, mas o homem lá dentro está totalmente fechado ao trabalho. Christopher está sentado em sua poltrona enquanto digita no laptop. Ele está lindo vestido em sua calça de terno preto e camisa branca de linho fino. Eu poderia ficar horas o vendo trabalhar. A visão do meu marido assim, fazendo algo trivial, é sexy. E mesmo descontraído, ele não deixa de exalar controle. Deus! Eu amo este homem. - Oi - sussurro. Christopher deixa de digitar e direciona um olhar inexpressivo para mim. - Vic - ele saúda. Caminho até ele em passos lentos. Ele gira em sua poltrona, deixando espaço suficiente para eu me sentar. - Tudo bem? - Ele pergunta. Rastejo em seu colo e apoio a cabeça em seu peito. - Sim... - falo. Esse é um assunto que pode esperar. Christopher volta a digitar em seu laptop. Ele passa os dedos da mão esquerda nas minhas costas enquanto digita com a outra. - Vai me falar sobre Ellen agora? - Pergunto suavemente. Decidi que não vou o pressionar, em algum momento ele estará disposto a me dizer. - Não - ele responde. Sinto seu corpo tencionar sob mim. Ellen não é o assunto favorito dele, e nem o meu. - Está bem - sussurro. Christopher beija o topo da minha cabeça, e esta é a última coisa que noto antes de fechar os olhos e derivar em sono profundo. ●●● Quando abro os olhos novamente, não estou mais no colo de Christopher, e sim na nossa cama. Meu jeans e regata foram trocados por uma camisola de seda cinza. Olho ao redor do quarto e encontro meu marido sentado na poltrona ao lado da cama. Ele agora está vestindo uma calça do seu pijama e t-shirt branca. - Oi - ele diz baixo. Esfrego os olhos com as costas da mão esquerda. - A quanto tempo você está me vendo? - Pergunto. - Pouco tempo. Christopher levanta da poltrona e deita-se ao meu lado. Ele me puxa para seus braços, como em todas as noites. Deito a cabeça confortavelmente em seu peito. - Houve algo grave na sua família - sussurro. De qualquer maneira ele estará sabendo, então que seja da forma mais cautelosa. E que seja por mim, já que não será por Juan. - Minha família? - Pergunta. Suspiro. Juan não é como um amigo para Christopher, e daqui em diante será ainda pior. - Foi por isso que eu fui ver Juan- explico. - Vic, não seja misteriosa! - Christopher esbraveja. Cristo! - Acalme-se, Blanc, eu apenas não quero jogar essa merda em você sem que esteja preparado - digo. - Merda? - Ele pergunta. Eu me inclino e apoio o queixo em seu peito, para poder o olhar nos olhos. - Foi uma traição - digo antes de pensar. Christopher segura meus ombros e desliza milimetricamente para longe de mim - Uma traição? - Ele pergunta, olhando nos meus olhos. - Não, não eu. Chloe e Juan. Ele me puxa novamente para seus braços. - Juan e Chloe dormiram juntos noite passada. Foi o que ele disse. - Ela ainda está com meu irmão? - Ele pergunta com indiferença. - Tiveram uma briga. Mas sim, ainda estão juntos, por enquanto - respondo. Esse assunto não nos envolve, e Christopher sabe disso, então não tem porque ficar irritado. - Eu não tenho o direito de contar nada ao Elliot, porém ela deve o fazer. - Juan parecia arrependido, Chloe deve estar da mesma forma - tento defender minha amiga... e meu amigo. - Isso não muda os fatos - Christopher jorra sua indiferença. Chloe e Juan não são as melhores pessoas para ele. Permanecemos em silêncio por alguns segundos. - Boa noite - digo. A última coisa que eu quero é perder meu descanso merecido por uma confusão que não abrange a mim - Boa noite, querida - Christopher murmura de forma suave. Eles já se abraçaram apertado, assim como nós? Alguma vez eles já brigaram, como nós? Não queremos ser iguais a eles Nós podemos fazer isso até o fim Nada pode ficar entre você e eu Nem mesmo os deuses lá em cima Podem separar nós dois ●●● Acordo com o som de batidas na porta. Abro os olhos e inconscientemente deslizo as mãos para o lado da cama, mas o local está vazio. - Sra. Blanc - ouço a voz da Sra. Homes chamar. - Sim - respondo sonolenta. - Srta. Kavanaugh veio vê-la - ela murmura. Chloe! - Sim... obrigada! Me dê um minuto - peço. - Sim, senhora - ela diz. Levanto da cama e rumo ao banheiro. Retiro a camisola e tomo um banho relaxante, porém curto. Após tomar banho, seco o cabelo e prendo em um coque. Visto uma blusa de manga comprida, saia branca e scarpin. Saio do quarto e, antes mesmo de chegar à sala, encontro Chloe andando de um lado para o outro. Ela está vermelha, mas não corada, e sim desesperada. - Chloe - eu a chamo. Ela ouve minha voz e praticamente salta sobre mim, me apertando em um sufocante abraço. - Vic, aconteceu uma coisa terrivelmente r**m - ela diz. p**a merda! - Quer um chá? - Pergunto. - Não. Eu só quero uma luz, um caminho - Ela me abraça apertado, devolvo seu abraço e deslizo as mãos em suas costas. - Tudo bem... - tento a tranquilizar - Eu vou buscar água para você - digo. Ela me solta relutantemente. Meu Celular começa a tocar e eu tendo enquanto caminho para a cozinha. - Vic, quem está com você? – Christopher dispara assim que eu atendo. Por Deus! Quantos desnorteados estão ao meu redor? - Chloe. Eu não posso vê-la? - Pergunto. Abro a geladeira e retiro um frasco de vidro contendo água. - Sim, pode. Lough me ligou dizendo que a Gina permitiu a entrada de uma mulher - esclarece. Essa história envolvendo Ellen está enlouquecendo Christopher. Se ele me dissesse qual o problema, eu o ajudaria. - Não vou ficar presa e sozinha em sua fortaleza, Blanc - digo brincalhona, mas minha brincadeira tem um fundo de verdade. - Seria bom, mas não posso fazer isso. Vic, apenas se mantenha segura até eu chegar, certo? Eu zelo pela sua segurança, então me ligue antes de receber alguém - Ele pede. Certo, eu posso me manter segura longe dos olhos dele. - Sim, eu ligo. Mas não interrompa seu dia de trabalho para me disciplinar - brinco. Caminho de volta para a sala segurando o frasco de água de Chloe. Ela está sentada no sofá em forma de “U” enquanto olha distraidamente para o horizonte. - Beijos. Eu tenho que desligar - digo e desligo antes da sua resposta. - Bem, Chloe, o que aconteceu? - Pergunto. Ela desvia os olhos para mim e suspira. - Eu e Ellit brigamos... - ela começa, mas eu levanto as mãos e a interrompo antes dela continuar - Juan me disse, eu sinto muito – E la abaixa a cabeça com, não sei, vergonha? De mim? - Isso não é o pior - meu Deus! O que pode ser pior? - Não é o pior? - Pergunto. Ela balança a cabeça em sinal de negação. - Eu estou grávida - ela diz em um sussurro. Sinto o sangue ser drenado do meu rosto. - Grávida - procuro os significados da palavra. Grávida? Chloe com filhos? - Sim, seis ou sete semanas. Eu iria dizer ao Elliot, mas nós brigamos e ele saiu antes de eu poder dizer. Logo depois Juan chegou e aconteceu o que você já sabe. - Ela diz. Eu caminho até ela e lhe entrego a água. Particularmente, não saberia o que fazer no lugar dela. Passo os braços pelo seu ombro e a abraço de maneira carinhosa - Oh, Chloe, não pode esconder dele um filho - sussurro em seu ouvido. - Eu não sei o que fazer - ela confessa. Chloe aperta minha silhueta em um abraço sôfrego. Ouço seus dentes rangendo enquanto ela tenta segurar as lágrimas. - O nosso noivado estava tão bom, tão perfeito - diz entre lágrimas doloridas. Posso sentir sua dor. - Chloe, eu estou aqui - consolo minha amiga e acaricio seus cabelos. - Vic, obrigada - ela sussurra. Bom, agora quem precisa de uma bebida sou eu. As últimas notícias, que podem facilmente ser chamadas de bombas, não foram lançadas sobre mim de forma suave. - Eu vou buscar uma bebida para mim - comunico. Ela concorda com um aceno de cabeça. Levanto e me direciono a cozinha. Existem coisas simplesmente inacreditáveis. Chloe grávida é algo inesperado, no mínimo. Abro a geladeira e pego um vinho tinto. - Que se dane - digo. Aproximo a garrafa dos meus lábios e inclino o vidro na boca. O sabor do vinho desliza pela minha garganta de forma marcante. Eu estou em um nível elevado de preocupação. Estou literalmente surtando! Agora, me toque, amor Você não vê que eu não tenho medo? Qual foi a promessa que você fez?
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