Mariah
Eu me aconchego ainda mais no meu cobertor tentando dormir o máximo possível.
Sinto água gelada pingando em meu rosto e abro os olhos, Joaquin e Simone me encarando com um sorriso travesso.
— Mais cinco minutos. Preciso dormir bem para poder lidar com vocês dois.
— Não! Levante-se— Joaquin exige, puxando as cobertas, o vejo fazendo cara de anjinho — É noite de cinema, Mariah, e nós deixamos você dormir enquanto íamos pegar as pizzas, mas agora você está nos atrasando.
— Sim, Mariah estamos apenas esperando por você— acrescenta Simone.
— O que estamos assistindo? — Eu pergunto enquanto tiro as cobertas e balanço minhas pernas sobre a beira da minha cama.
— As branquelas — Joaquin responde.
— Odeio esse filme.
Estamos em Redmond há pouco mais de um mês e a noite de cinema se tornou uma espécie de tradição dominical. Simone se tornou como um m****o oficial de nossa pequena família desde aquele dia na garagem.
Apesar da insistência não sabíamos na do seu namorado a não ser que morava no prédio.
Joaquin e Sofia acham que foi o destino que a vimos na garagem naquele dia, e eu não tenho muita certeza, mas estou feliz que ela esteja em nossas vidas.
— Tão feliz que você pode enfim se juntar a nós, bela adormecida.
Sofia me joga um beijo.
— Você não está em cima de Richard? É um milagre, estava começando a achar que essa era a sua única missão na terra.
— Pior é Simone que some do nada e vai dar, sabe Mariah ou eu viro hetero, o que é impossível, ou vamos ter de caçar alguns rapazes para nós.
— Não tenho tanta certeza de que não devo caçar com vocês — diz Simone com tristeza. — Meu relacionamento não vai a lugar nenhum.
— Como assim? Você tem dia que some e vai t****r por horas — diz Sofia — Por que você nunca nos diz nada sobre ele?
— Sofia, ao contrário de você e Richard, alguns de nós preferem manter assuntos particulares em particular, só eu já vi você e Richard transarem duas vezes.
— Juro que, se eu entrar com vocês dois fazendo s**o mais uma vez, vou arrancar meus olhos. — Digo tentando o foco de Simone. — Eu acho que já vi o p*u desse homem tanto quanto você. Fora aquela b***a branca...
— Oh, mas que b***a branca é maravilhosa— diz Joaquin suspirando.
Simone me lança um olhar agradecido enquanto Sofia joga um travesseiro em Joaquin.
— Parece que estamos sem bebida — acrescento, mudando completamente de assunto, — vinho ou cerveja? —
— Cerveja! — Joaquin e Sofia gritam em uníssono.
— Vou tomar suco, por favor, se você tiver— diz Simone em voz baixa e eu sou incapaz de ler a expressão que brilha em seus olhos. — Você precisa de ajuda para carregar as bebidas?
— Claro, já me basta aqueles dois folgados. — O olhar em seu rosto me diz que ela quer falar sobre algo em particular.
Simone e eu construímos um vínculo bastante forte no momento em que nos conhecemos. Ela é três anos mais velha que eu, mas, de muitas maneiras, sou mais centrada e adulta.
— Posso falar com você por um segundo? — Simone pergunta com os olhos rasos de lágrimas.
— Claro, o que há de errado?
— É meu ... meu namorado. Toda vez que acho que estamos progredindo, ele simplesmente desliga novamente. Eu ... nós temos um tipo de relacionamento não convencional e ... ele deixou claro desde o início o que queria e eu pensei que eu poderia lidar com isso...
— Espere. Devagar— eu interrompo. — Lidar com o que? — Senhor, por favor, não deixe que ela me diga que ele é mafioso e pode entrar aqui e nos m***r a qualquer momento.
— Prometa que não vai contar a Sofia e Joaquin?
— É claro que não vou, mas você sabe que pode contar qualquer coisa para eles — sinto realmente medo do segredo que está por vir.
— Eu sei que posso, mas agora preciso conversar com alguém que me ouça sem julgamentos, não quero ninguém que tire conclusões precipitadas...
— Entendi. Então, qual é o ‘estilo de vida?’
— O que você sabe sobre o b**m? — Simone olha pela janela.
— Hum... Christian Grey?
— Não Mariah, não tem nada de Grey, ele me treinou e trouxe à tona um lado inteiro, meu prazer é só dele e o s**o é incrível, só que ele não é meu namorado, nunca foi e nem será, eu o amo. Mas ele só quer ser meu Dom.
— Seu Dom?
— Ele me dá tarefas e se eu não cumprir eu não posso ter prazer com ele.
— Isso parece h******l.
— Não é... Só que me apaixonei.
— Fale para ele que quer ser a namorada — ela suspira fundo.
— Meu bem não é assim que funciona. Ele é o dominante, não quero nada além de agradá-lo e, se o nosso acordo atual o agrada, é errado da minha parte tentar mudar isso.
— Ele é abusivo! Eu já odeio esse cara — Eu achava que o relacionamento da minha irmã que era só trepada era péssimo, mas o seu...
— Não, Mariah. Ele não tem nada de abusivo, s eu quebrar as regras, ele me castiga. Ele não faz isso sem justa causa.
— Que p***a é essa? Ele é seu pai por acaso? Ele te bate é isso?
— Mariah, não me olhe dessa maneira. Não é o que você pensa; é consensual em nosso mundo e se eu não gostar de algo, ele para.
— Onde estão as cervejas? — Joaquin joga uma almofada.
— Já vou... Simone tem certeza que não quer uma cerveja parece tão tensa...
— Não, Dom não me permite beber.
Aquilo é demais pra mim, saio revirando os olhos.
Passo mais tempo na dormindo do que acordada e acordo com Simone se despedindo, a levo até a porta:
— Afaste-se por alguns dias, deixe ele sentir sua falta...
— E se ele não sentir?
— Você arruma um para quem você será mais do que uma submissa...
— Obrigada Mariah. Eu sei que nós não nos conhecemos há muito tempo, mas eu sinto que somos irmãs.
— O que vai fazer?
— Vou ver meus pais e esperar pra ver como será a volta.
— Então faça uma boa viagem, querida, e estou falando sério, pense em quem você é e no que você quer.
— Eu vou avisar a ele, obrigada.
Dou-lhe mais um abraço e fecho a porta atrás dela.
— Seu celular está tocando.
— É mensagem.
Pego o smartphone e lá está uma vaga em uma empresa:
— Acho que acabou meus dias de folga, tenho uma entrevista amanhã.
— Aqui em Redmond? Já?
— O fato de eu estudar mais e t*****r menos tinha que ser benéfico em algum momento.
— Qual é o nome da empresa? — Joaquin pergunta impaciente.
— Ward Inc. algo assim.—
— Mariah! — Sofia levanta e me segura — Meu amor essa é a empresa do irmão do Richard, Ward Inc. Como não percebeu?
— Não sabia que o sobrenome Ward era exclusivo — jogo-me no sofá.
— Achava que você pelo menos tinha pesquisado sobre o cara que sua irmã tem entregado seu bem mais precioso.
— Sua b****a é um bem precioso? Desde quando?
— Com quem é sua entrevista — Joaquin me encara.
— Johnny Ward.
— Esse homem é um pesadelo de gostoso, dizem que faz as secretarias chorarem de tão severo.
— Richard diz que Johnny é tão viciado em trabalho que a única vez em que o vê é quando a mãe deles exige sua presença em reuniões de família— explica Sofia. — Eu nunca o vi.
Joaquin volta para a sala com seu MacBook e se senta no sofá entre mim e Sofia.
— p**a m***a, ele é ainda mais gostoso que o seu cara, Sofia! — Joaquin declara: — ele é o gay, certo?
— Richard acha que sim, o irmão sempre esconde quem está com ele. Acha que a família não vai aceitar...
— Eu serei uma moça de respeito para Johnny Ward — Joaquin brinca.
— Podemos voltar ao que estamos fazendo? — pego o laptop de Joaquin — Oh meu Deus, ele é bonito.
— Bonito e gay — Joaquin pega uma manta e joga na cabeça imitando um véu de noiva.
— Joaquin nem eu o vi... Como pretende casar com ele?
— Arrumar Mariah pra ser escolhida como secretária e ela retribuirá me apresentando seu patrão.
— Vou te deixar impecável e você me apresenta esse gostoso bilionário.
— Gostoso, bilionário e gay, todo cara que eu acho bonito gosta de homens.
— Você é linda, Mariah. Se você tivesse um pênis bem-dotado eu me casaria com você.
— Obrigada, eu acho.
— Amanhã começa sua saga com os Ward — Joaquin alisa meus cabelos — e eu vou te ajudar, xoxo.