Fomos o caminho inteiro em silêncio, eu observava a paisagem passando pela janela mas apenas por pouco tempo, a casa de Dylan não era tão longe da boate, quando chegamos eu fui direto para a suite e tirei a roupa, eu precisava de um banho, enquanto eu me despia ouvi a porta se abrindo atrás de mim.
— Soube que você bateu numa das meninas da Sara.
— Não sabia que ela pertencia a Sara — deixo minhas roupas de baixo caírem ao chão e vou para o banheiro onde uma banheira cheia de água e algumas essências me esperavam para um banho relaxante.
— Você tem estado muito irritada esses dias...
Continuei em silêncio e entrei na banheira, Dylan se abaixou bem do lado da banheira nos deixando na mesma altura.
— O que você acha de uma folga?
Olhei para ele perplexa, ele queria me dar uma folga? O homem que só se importa com os seus negócios vai dar uma folga para mim, a que mais dá seu lucro?
Continuei sem falar nada até que sua paciência se esgotou, ele segurou meu rosto com força e me forçou a olhar para ele.
— Está tentando me irritar? Sabe que eu odeio quando você fica calada assim.
— Não tenho nada para dizer a você — encarei ele que soltou meu rosto tão violentamente quanto havia pegado.
Ele saiu furioso do quarto, ele nunca admitia quando estava bravo comigo, sempre quando brigávamos ele se afastava e simplesmente um dia voltávamos a ser como éramos antes, eu poderia dizer a ela porque eu estava chateada mas isso era inútil, Dylan não se importava em como eu me sentia e eu sabia disso desde o momento que eu havia o conhecido mas ás vezes eu não consigo evitar de não me sentir chateada por suas atitudes.
Como Dylan falou eu passei o resto do dia em casa de folga e quando escureceu eu não o vi em casa, naquela noite eu fui dormir sozinha em sua cama.
No dia seguinte me levantei e fui direto para a casa, quando eu cheguei todos pareciam agir estranho, talvez Sara tenha contado a todos o que eu fiz, eu não me importava com os olhares, desde que eu havia chegado naquela casa eu fui o centro das atenções, fui até uma das salas em que o Dylan costumava ficar e ao entrar me deparo com uma cena que nunca havia visto, Sara estava sentado em seu colo enquanto ele conversava com alguém, ao notar a minha presença Sara não fez expressão alguma mas eu posso jurar que vi os cantos da sua boca subirem, Dylan nunca reagia nada então ele continuou com sua expressão de sempre, haviam outras mulheres ao redor mas todas estavam fazendo algo mas assim que eu entrei novamente eu recebi aquele olhar, percebi que minha presença ali estava sendo desconfortável, me virei de cabeça erguida e fui embora, o meu orgulho não permitia que eu me sentisse m*l por isso mas em meu pensamento eu estava xingando até a geração dele que não existia.
Fui até a sala em que ficava sua bebidas colecionáveis e abri uma garrafa cara de whisky, eu precisava de algo forte e eu não me importava que ainda fosse o começo do dia, bebi até que me esquecesse do meu nome e no meu antigo quarto eu fui dormir, quando acordei já eram cerca de oito horas da noite, eu tinha que me preparar para entrar de dez horas na boate, sempre que era hora de trabalhar a casa ficava bem movimentada, minha cabeça ainda não estava muito boa mas eu ainda conseguia disfarçar.
Quando tudo estava pronto eu subi no meu pequeno palco com minha barra de poledance, Dylan como sempre estava na área vip conversando com seus sócios, não havia sequer notado que eu havia chegado, enquanto eu dançava notei que alguém me olhava fixadamente, ele estava de frente para mim observando cada passo meu, eu reconhecia o seu olhar, era o olhar de um homem que sentia desejo por uma mulher mas eu via muito mais que desejo, era como se me chamasse para ele, ele subiu para o segundo andar onde ficava a área vip, lá os clientes podem solicitar alguma das mulheres que haviam lá, ninguém poderia me chamar já que eu era a propriedade do Dylan, desci de onde estava e subi as escadas, senti o olhar do Dylan nas minhas costas quando fui andando até a mesa que aquele homem que me observava tinha sentado.
— Desculpe senhor mas a mulher que pediu não está disponível...
— Está tudo bem Francis, eu já cheguei — ele olhou para mim sem entender o que eu estava fazendo, eu acenei para ele ir embora e ele foi desconfiado.
Me sentei na mesa e nem por um segundo os olhos do homem se desviaram de mim.
— Posso saber o seu nome? — perguntei, ele piscou como quem estivesse voltando para a realidade, o que se passava na cabeça dele?
— Meu nome é Taylor — sua voz não era como Dylan grossa e impactante, que colocava medo, mas sim uma voz mais suave e confortável apesar de um pouco rouca, aquilo indicava que provavelmente era jovem.
— Eu sou Carla, o que faz em um lugar como esse?
— Eu procuro por algo — ele deu um sorriso de lado que em minha opinião parecia muito fofo.
— E eu posso saber o que procura? — falei em um tom de foz mais instigante.
— Talvez eu já tenha conseguido achar...
Seu olhar baixou, ele não observava mais me rosto mas sim o meu corpo mas assim que percebeu que eu havia notado o seu olhar ele morde o lábio inferior e desvia seu rosto para outra direção.
Estico minha mão que alcançou a dele que estava apoiada na mesa, sua mão era magra e menor que a do Dylan mas era tão máscula quanto.
Enquanto olhava aquela mão comecei a pensar no que eu estava fazendo ali, eu não poderia mentir e dizer que eu não sinto desejo de provocar o Dylan mas ao tomar a decisão de vir até aqui eu senti algo a mais, o formigamento que eu sentia rapidamente tinha se tornado curiosidade e este provavelmente foi o principal motivo pelo qual eu estou aqui.
Dylan poderia ter rapidamente me tirado de lá mas ele estava me observando e era isso que eu queria, que ele me observasse.
Minha linha de pensamento é quebrada quando de repente ele agarrou e entrelaçou sua mão na minha, eu olhei sem entender o que ele estava fazendo até que ele fixou seus olhos nos meus e levou minha mão até os seus lábios que tocou suavemente a minha pele, eu não havia notado até agora mas ele possuía olhos com traços marcantes e seduzentes, sua boca era muito suave para uma boca masculina mas era tão carnuda que me fez fixar o meu olhar lá por alguns segundos.
Me levantei rapidamente surpresa com tudo aquilo e ele também se levantou.
— Te encontro outro dia, Carla — sua voz ficou guardada em minha mente, eu podia ouvir aquela frase se repetir várias vezes e então ele foi embora.
Ao me virar para ir embora Dylan já não mais me observava mas assim que eu desci as escadas ele foi me seguindo, tentei correr para o palco mas sua mão segurou o meu pulso e me levou para a sua sala, quando ele fechou a porta atrás de nós sua mão me soltou e me jogou no chão.
— Você sabe o que eu vejo no seu olhar agora? A mesma pessoa de dez anos atrás, quando você chegou estava obediente mas de repente se tornou rebelde e estava com esse melhor feroz.
— Não foi de repente! — me levantei do chão e fiquei de pé encarando-o de frente.
— Sabe eu não odiava esse seu olhar, me fazia sentir algo mas agora...
— O que? Perdeu a diversão?
— Eu achei que você tinha mudado... — suas sobrancelhas se semicerraram e seu olhar se contraiu.
— Sabe o que acho? Que você acha que é meu salvador e por isso eu devo aceitar tudo de você, você sempre soube que eu nunca aceitei a forma que você me trata e por isso me deixou sozinha, mas de repente voltava para mim como se tudo estivesse bem, se for para me tratar assim prefiro que fique com a Sara.
Eu sabia que tinha acabado de acender uma bomba e que em breve ela iria explodir e por isso eu saí daquela sala o mais rápido possível, enquanto ele se distraía eu corri e abri a porta, peguei o meu casaco e fui embora, pela primeira vez depois de muito tempo... Eu havia fugido.