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1238 Palavras
Persefone Narrando Eu entro no quartinho do bar da Olivia feito um furacão, meu coração tá a mil por hora e eu tô completamente desesperada. Meu peito tá saindo pela boca e eu não sei direito o que fazer. Começo a ligar para a Sara, desesperada, mas ela tá demorando pra me atender. Já tô tão nervosa que a sensação de pânico tá quase me engolindo. — Sara, preciso que você venha até aqui agora! — eu falo, tentando manter a calma, mas minha voz sai tremida. — Tô ocupada, Persefone — ela responde, com um tom de impaciência. — Por favor, Sara, vem logo, eu te imploro! — eu quase choro, sem conseguir esconder a urgência da situação. — Calma aí, daqui a pouco eu paro aí, tá? — ela diz, tentando acalmar a situação. Eu tinha um prazo curtíssimo para fazer o pagamento da dívida que contraí nos morros, e esse prazo logo ia se esgotar. Eu tava completamente ferrada, precisava arranjar um jeito de pagar, antes que eles acabassem com a minha vida. Sara chega no quartinho, me vê desorientada e começa a me encarar com uma expressão de preocupação. Eu tô tão desesperada que nem consigo me sentar direito. — A polícia pegou toda a minha droga — eu falo, com uma expressão de quem tá prestes a ter um colapso. — O quê? — ela pergunta, com os olhos arregalados. — Você tá falando sério? — Tô ferrada, amiga! — eu afirmo, desesperada. — Eles vão querer me matar! — E quanto você tá devendo? — Sara pergunta, tentando entender a gravidade da situação. — Aqui é uma fortuna, e ainda mais pro Duda na Santa Marta — eu digo, com um tom de desespero. — Me diz, por que eu não posso ter pais que cuidassem de mim? Por que eu tenho que viver essa vida de merda? — Não sei o que te falar, é muita grana? — ela pergunta, com um olhar preocupado. — Muita — eu confirmo. — Peguei droga suficiente pra vender e quitar a dívida nos dois morros, e agora tô ferrada. — O problema é que o Duda logo vai vir te cobrar e ele não tá nem aí pra quem você é — ela fala, com um tom de aviso. — Quando você tem que pagar? — Sábado — eu respondo, com um suspiro pesado. — Daqui a quatro dias — ela diz, tentando calcular o tempo. — Eu posso fugir, mas pra onde eu iria? — eu me pergunto, com uma sensação de impotência. — Tá maluca? — ela pergunta, com um tom de urgência. — Eles vão te caçar até no inferno. — Sou peixe pequeno — eu tento me convencer. — Mas não tem grana nem pra pagar a dívida, vai ter pra fugir? Se toca, Persefone — ela fala, com uma voz de frustração. — Eu não sei o que fazer, nunca estive tão desesperada na minha vida — eu confesso, com uma sensação de desamparo. — Faz programa com os policiais — ela sugere, com um tom pragmático. — Ganha bem e consegue um dinheiro rápido. — Se eles descobrirem, tô ferrada — eu retruco. — Esqueceu que te contei que perdi tudo por causa da polícia, c*****o? — Quando você tá na rua, ninguém vai saber que você tá se prostituindo por grana — ela fala, tentando ser racional. — E outra, é um trabalho, não tá passando informação. — Até parece que traficante vai querer saber disso — eu digo, com raiva. — Vão querer minha cabeça de brinde no meio da quadra pra mostrar o que acontece com quem não paga. — Se você tem uma ideia melhor, vai fundo — ela diz, com um tom de desdém. — Ou você se prostitui pra polícia ou vira marmita de traficante aqui no morro. Aí sim você vai sofrer de verdade. Eu olho pra ela, pensando na proposta. Olho ao redor do quartinho pequeno e escuro, onde a única coisa que me resta é uma cama velha e um banheiro minúsculo. Me sinto como se estivesse encurralada, sem saída. Sara continua me observando, esperando uma reação. Eu me sento na cama, tentando ordenar meus pensamentos e buscar uma solução. A ideia de fazer programa com os policiais é um golpe baixo, mas parece ser a única alternativa viável no momento. A perspectiva de virar comida de traficante é ainda mais horrível. — Cara, eu não sei o que fazer — eu digo, com um tom derrotado. — Não tem outra saída? — Eu realmente não vejo outra opção — Sara responde, com um tom de desespero controlado. — Se você não arranjar uma grana rápida, tá ferrada. Se você continuar na merda, vai ser pior. Eu me levanto da cama e começo a andar de um lado para o outro, tentando digerir a situação. Cada passo é como um lembrete da gravidade da minha situação. Meu pensamento está focado em encontrar uma solução antes que seja tarde demais. — Vou pensar sobre isso — eu digo, finalmente. — Preciso de um tempo pra pensar. — Faz o que achar melhor — Sara diz, dando um último olhar de preocupação antes de sair. — Mas não demora muito. Tempo é luxo que você não tem. Depois que Sara vai embora, eu fico sozinha no quartinho, tentando encontrar algum vislumbre de esperança. O silêncio é ensurdecedor, e o peso da situação quase me faz desmoronar. Eu olho para a cama e me deito, tentando relaxar o corpo tenso e a mente agitada. Começo a fazer um balanço de todas as minhas opções. A ideia de se prostituir com os policiais ainda está martelando na minha cabeça. É um caminho que nunca imaginei seguir, mas a situação é crítica. A possibilidade de pagar a dívida e conseguir uma folga financeira parece ser a única alternativa plausível. Lembro das palavras de Sara e do tom sério dela. Eu sei que ela tem razão; eu não tenho outra escolha senão arriscar. A ideia de ficar na mira de Duda ou até mesmo do Atibaia é insuportável. Eu não posso deixar que isso aconteça. A noite avança e eu continuo em meus pensamentos. Cada som do morro parece amplificado, como se fosse uma constante lembrança da tensão que estou vivendo. O barulho dos carros e das vozes distantes não faz nada para acalmar meu nervosismo. Eu me sinto sozinha e abandonada. Finalmente, a ideia de se prostituir com os policiais começa a se solidificar na minha mente. É uma solução dolorosa, mas é a única alternativa realista que tenho para sobreviver a essa situação. Preciso me preparar para o que vem pela frente e encontrar um jeito de enfrentar o que está por vir. Quando a manhã chega, eu estou decidida. O plano que eu tinha em mente não é o ideal, mas é a única chance que eu tenho para sair dessa situação. Eu preciso encontrar uma forma de pagar minha dívida e garantir minha segurança. A vida que eu levei até agora me trouxe a esse ponto, e eu preciso lidar com as consequências das minhas escolhas. Eu me levanto da cama, pronta para enfrentar o que vier. A primeira coisa que faço é me preparar mentalmente para a tarefa difícil que tenho pela frente. É um passo doloroso, mas é o único caminho que eu vejo para garantir a minha sobrevivência.
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