Eu estava vendada. Chegamos em uma casa imensa depois de quase vinte quilômetros de estrada de terra. Eu sabia que aquele local era intencional, para que eu nem tentasse fugir. Quem se enfiaria naquela mata fechada, ou andaria vinte quilômetros em uma estrada de terra?
Paul desligou o carro e eu limpei o rosto com minha mão livre. Ele soltou a algema e saiu do carro, a deixando pendurada em meu pulso. Quando ele abriu a porta do meu lado para que eu saísse, não movi um dedo além de tirar a venda.
– Vai ficar aí, Rebecca? Eu te garanto que lá dentro é mais confortável. – Disse. Eu o olhei com deboche.
– Não vou colaborar. – Falei.
Paul bufou. Eu odeio o fato de ter beijado um homem que mentiu o nome e é um criminoso, odeio o fato estar com ele em uma casa que não conheço e odeio o fato dos meus seguranças confiarem em mim a ponto de serem enganados por um beijo.
Paul se abaixou e me pegou no colo, como se eu fosse um saco de batatas. Eu comecei a me debater, mas era em vão. Paul é realmente forte.
Entramos na mansão, ele me carregando desse jeito i****a e desconfortável. Ele me arremessou em cima do sofá e começou a se afastar de mim, enquanto retirava o terno. Ele abriu os punhos da camisa e alguns botões dela, no peitoral. Sentou-se em uma poltrona enquanto eu me ajeitava, sentada no sofá. Ele cruzou os braços e me olhou nos olhos.
– Vai ficar tudo bem, Rebecca. É só você.... Não agir como uma i****a ou tentar fugir. Tenho piscina, televisão, banheira de hidromassagem... Todo tipo de comida que você quiser eu posso pegar para você. – Minha vez de cruzar os braços.
– Tá me oferecendo um sequestro-SPA? – Ele soltou uma risada.
– Tipo isso. Seu pai vai pagar o que me deve e vou te entregar nas mãos dele. Não te deixei com ninguém, quis fazer isso pessoalmente para que ninguém tocasse em você de forma inadequada. E para ter o conforto que merece. – Neguei com a cabeça.
– Eu não acho que isso irá me acalmar. – Falei. Ele deu os ombros.
– Rebecca, não encare isso como um sequestro. Você está tirando umas férias... Forçadas. – Girei os olhos.
Levantei-me e olhei ao redor. A mansão onde eu estava era realmente bonita. Havia um piano na sala, e eu caminhei até ele.
– Posso tocar? Me acalma. – Falei.
– Fique a vontade. – Ele respondeu.
Sentei-me no piano e comecei a tocar. A música melancólica que invadia a sala da grande casa demonstrava o que eu estava sentindo. Quando acabei a música, Paul me aplaudiu.
– Você vai me observar o tempo todo como uma p***a de psicopata? – Ele parecia indiferente.
– O que te garante que eu não sou um psicopata? – Olhei para baixo.
– Você não parece um. – Comentei.
– Já matei mais pessoas do que você pode imaginar. – Arregalei os olhos.
– Teria coragem de me matar? – Questionei. Eu engoli seco.
– Se for preciso... Mas não será. Não se preocupe. – Ele disse e se levantou, caminhando até a cozinha. – Quer comer algo? Vou grelhar um salmão e abrir um vinho.
– Olha só, você acha que me dando conforto vai me fazer esquecer de que eu estou aqui contra a minha vontade? – Eu o segui até a cozinha. Ele estava abrindo a grande geladeira e tirou o enorme filé de salmão.
– Olha, Rebecca... Você pode transformar seus dias comigo em um inferno, ou simplesmente aproveitar minha boa vontade. Se você agir como a p***a de uma riquinha mimada e insuportável, eu vou te prender no meu porão que nem banheiro tem. Ou, você pode simplesmente parar de ser otária e comer um salmão comigo, enquanto a p***a do seu pai é cobrado. – Arregalei meus olhos e sentei em um dos bancos em frente ao balcão da cozinha. – Gosta de molho de maracujá?
– Não. Prefiro de azeite e ervas. – Falei.
– Boa escolha. – Ele pegou uma faca enorme e começou a afiá-la. Após alguns instantes, foi até o salmão que estava em uma tábua de corte e começou a cortá-lo.
Eu estava com fome, então, o cheiro do salmão me fez salivar. Paul também grelhou aspargos e abriu um vinho aparentemente caro, servindo-os em taças.
Eu beberiquei o vinho. O cheiro dele era bom. Paul serviu meu salmão e os aspargos e eu comi, já que estava com fome. E enquanto eu comia, ele me olhava...
– O que tanto olha? – Questionei.
– Lembrei que te beijei no salão. Você tem um beijo delicioso.
Mas que merda. O pior, é que pensei exatamente a mesma coisa ao sentir aquele beijo.
– Não pense em encostar em mim de novo. – Ele sorriu de forma sacana. Eu bebi alguns goles do vinho e ele também.
– Fala isso, mas até eu te soltar, vai implorar para ser fodida. – Ele piscou um dos olhos e começou a caminhar até a sala de volta. Tirou a camisa e eu vi que além da tatuagem no pescoço, ele tem milhares pelo corpo. – Lave a louça, já que cozinhei.
Não questionei. Pelo menos eu faria alguma coisa útil.
Enquanto lavava a louça, lembrei do beijo e de como o toque dele era bom. Talvez ele estivesse certo ao dizer que eu imploraria para ser fodida por ele... Mas o quão errado é isso? De certa forma, ele é meu sequestrador. Isso transforma ele em um babaca, não transforma?
Quando terminei de lavar a louça, percebi que meu vestido caríssimo estava molhado na região da barriga.
– Paul? Eu vou ficar com essa roupa até o final de tudo isso? – Ele se levantou do sofá. Estava apenas de calça social, descalço e sem cinto. p**a que pariu, que homem gostoso.
– Vem cá. Comprei algumas coisas para você. – Ele subiu até o segundo andar da casa comigo e abriu um quarto. Tinha catorze mudas de roupa, e um estojo com maquiagens. – Esse quarto tem um banheiro. Espero que eu não precise te trancar aqui... – Ele me olhou com um olhar impositivo.
– Não irá. Eu sei ser obediente. – Ele concordou com a cabeça.
– Boa garota. Continue assim e dará tudo certo para você. – Sorri de forma falsa.
Entrei no quarto e peguei uma muda de roupa, indo direto para o banho. E depois que eu já estava vestindo a calça de moletom e a camiseta branca de loja de conveniências, percebi o quanto eu tava ferrada.