capítulo 103

1091 Palavras

📓 NARRADO POR LÍVIA Abri as janelas devagar, o vento da manhã entrando com cheiro de terra molhada, fumaça de café e barulho de vida. O sol ainda subia tímido por trás dos barracos, iluminando cada telhado de zinco, cada varal cheio de roupa colorida balançando. A cena me paralisou. Eu nunca tinha estado dentro de um morro. Sempre vi de fora, de longe, pelas notícias ruins na TV, pelas manchetes que falavam de tiro, polícia, morte. O retrato pintado sempre foi de inferno. Mas o que meus olhos viam ali não era nada daquilo. Na viela estreita, uma mulher batia roupa numa bacia azul, cantando baixinho. Mais abaixo, um moleque descalço corria atrás de uma bola furada, rindo alto. Um rádio estourado tocava funk em algum canto, e o cheiro de pão fresco escapava de uma padaria improvisada. Nã

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