✍️ Narrado por Rey O camarote ainda cheirava a uísque derramado e perfume barato da gordinha que saíra quase correndo. O grave do paredão continuava socando o beco, mas dentro de mim era silêncio pesado — só a lembrança da loira latejando como ressaca sem fim. Levantei da cadeira de praia com o cigarro colado na boca, ajeitei a Glock na cintura e desci os degraus do camarote. O baile inteiro abriu espaço, fingindo que não olhava. Eu via o reflexo nos olhos: o patrão tava puto. Fiz sinal com a mão. — “Pardal.” Ele largou o copo de cerveja e veio rápido, riso de canto como sempre. Encostamos no canto mais escuro, longe dos vapores, só o som do grave batendo nas paredes de lata. Traguei fundo e falei baixo, cuspindo a fumaça: — “Me leva nessa p***a de benzedeira que tu falou, viado.” P

