No Limite do Perigo

Olá, meu nome é Millena Almeida, tenho recém completados 18 anos, moro em Copacabana, acabei de completar o ensino médio e começo a faculdade de fisioterapia no próximo semestre, meu pai é delegado da polícia federal, ele vive pro trabalho, principalmente depois que minha mãe morreu, vítima de um assalto, dois vagabundos foram pra assaltar ela e meu pai, e quando viram a arma dele, atiraram e saíram correndo, no meu pai pegou de raspão, mas a minha mãe, infelizmente não resistiu, desde então, ele não se perdoa, coloca a culpa toda nele mesmo e se empenhou cada vez mais para pegar o máximo de bandidos que conseguisse, como uma forma de vingança, eu não culpo ele, também não superei a morte dela ainda, mas o problema é que nisso tudo, eu acabei de certa forma, perdendo ele também. Acordei como sempre as 6 da manhã, mesmo depois de terminar a escola, não consegui superar esse costume de acordar cedo, o que era péssimo, mas eu gostava, por que assim conseguia preparar o café da manhã do meu pai e ter alguns minutos antes que ele saísse, esse era um dos poucos momentos em que eu via ele, eram muito valiosos pra mim, tomei um banho e desci pra preparar o misto quente que meu pai adorava, minha mãe sempre fazia pra ele, e ele adorava quando eu fazia também, cheguei na cozinha, e pra minha surpresa, ele já estava acordado. -Bom dia paizinho, acordou muito cedo hoje, algo em especial?-Perguntei -Bom dia princesa, sim, hoje tive que levantar mais cedo, vai ter reunião da corporação, uma nova operação. -A última antes das suas férias né pai? não esquece que você prometeu que passaríamos 2 semanas na região dos lagos, antes de eu começar a faculdade. -Claro que não princesa, não esqueceria de jeito nenhum, essa é a última operação, e faremos nossa viagem depois de amanhã. -Tudo bem então, vou começar a arrumar minhas coisas. -Ótimo, agora eu preciso ir, se cuida tá? -Pode deixar paizinho. Eu estava muito ansiosa, desde que minha mãe morreu, eu e meu pai não havíamos feito mais nada juntos, pelo menos nada de legal, a gente jantava junto toda sexta a noite, geralmente era pizza ou hambúrguer e assistíamos um filme, mas nada além disso, essa viagem seria a ocasião perfeita para a gente se conectar outra vez, e pro meu pai perceber que a vida não tinha acabado. *Victor narrando* Meu nome é Victor Almeida, sou o pai da Millena, tenho 45 anos e 20 anos de polícia federal, ralei muito pra conseguir chegar a delegado, dei a minha vida pela polícia, e continuo dando, infelizmente, a única coisa que não consegui fazer foi garantir a segurança da minha família, infelizmente, perdi minha esposa numa tentativa de assalto, e me culpo até hoje por isso, aquele tiro era pra mim e ela pagou pela minha incapacidade, e por isso, eu nunca iria me perdoar, graças a Deus, eu tenho a Millena, o fruto do nosso amor, que se tornou a menina mais linda e doce do mundo, infelizmente, não tenho sido um bom pai pra ela nesses tempos, tenho andado distante, mas ela não sabe que o motivo é por que finalmente estou muito perto de conseguir achar quem foram os assassinos da mãe dela, não queria que a Millena se envolvesse nessa história, já bastava a falta que ela sentia da mãe, não queria que ela sofresse mais. Hoje era um dia muito importante, iria liderar minha primeira operação pela polícia federal, tinha acabado de sair da reunião, e nosso alvo era ninguém mais, ninguém menos que o "Don Juan", o chefe do tráfico do Vidigal, o cara não era apenas um traficante, ele era diferente, era muito inteligente, artículoso, e minimalista, toda a operação dele era muito bem montada e friamente calculado, e por isso, ninguém tinha conseguido pegar ele, ainda. Essa era a minha chance de provar que realmente era um bom delegado, tive que provar muita coisa pra muita gente pra tá aqui, e mesmo assim tinha muita gente querendo minha cabeça por aí, não ia desperdiçar essa oportunidade de jeito nenhum, o único problema, é que essa operação levaria no mínimo 1 mês, era coisa grande e eu não poderia pedir as férias como havia prometido pra Millena, mas tinha certeza de que ela entenderia. *Don Juan Narrando* Olá, meu nome é Lucas Machado dos Santos, mas sou conhecido por todos como "Don Juan", sou chefe do tráfico no Vidigal e além disso, o maior exportador de cocaína da América Latina, nosso produto é tão bom, que é vendido em mais 4 países e estamos em expansão, não sou um zero a esquerda que herdou um morro, minha história vai muito além disso, eu tenho 25 anos, sou formado em economia, e aí vocês devem estar se perguntando, o que um playboy estudado igual a tu tá fazendo em vida do crime? eu explico...sempre fui de família rica, meus pais tinham berço, sobrenome, os c*****o a quatro, e eu sempre tive vida de playboy mesmo, eu adorava, a ostentação, a vida fácil, a mulherada, mas ao mesmo tempo, sempre quis correr atrás do que é meu, eu queria continuar tendo muito dinheiro, mas queria o meu, quando entrei pra faculdade, algum tempo depois, descobriram um esquema enorme de corrupção nas empresas do meu pai, perdemos tudo, ficamos sem um tostão, e então fiquei sem grana pra pagar a faculdade, foi aí que eu conheci o Orelha, ele era braço direito do chefe do tráfico no Vidigal e me arrumou um serviço por lá, só que de cara, os caras já me colocaram pra fazer um assalto, e eu, sem experiência nenhuma, acabei fazendo a maior merda da minha vida, matei uma pessoa, dali em diante achei que não tinha mais salvação pra mim, eu tava preso naquela vida pra sempre, mas decidi que eu não ia ser só mais um, então continuei a faculdade, me formei, virei braço direito do chefe, e quando ele morreu em um confronto, eu assumi o morro, dali em diante comecei a pensar em formas de fazer o nosso movimento crescer mais e mais, criamos nosso próprio laboratório, onde produzimos cocaína da melhor qualidade, vendida é claro, por um ótimo preço, começamos a colocar nosso produto em todos os lugares e os lucros eram tão grandes que eu nem conseguia dar conta, mas eu queria mais, então começamos a exportar, o melhor disso tudo é que ninguém sabia quem eu era, toda a grana que eu tinha acumulado nesse tempo, era muito bem distribuída em empresas laranja, e para a o sociedade eu era um grande empresário, o mais jovem e bem sucedido do Brasil, aí vocês param e pensam, PUTAQUEPARIU, O CARA É UM GÊNIO e a resposta é, sim, eu sou, eu gosto de dinheiro e sei como ganhar e passo por cima de quem precisar pelos meus negócios, não confio em ninguém, a não ser no orelha, o cara é meu parceiro fiel, meu braço direito e esquerdo, ele é meus olhos e meus ouvidos dentro da favela, já que não moro lá, mas tô sempre de olho em tudo que acontece na minha comunidade, ali é todo mundo bem cuidado, todo mundo tem qualidade de vida, eu faço bem o meu trabalho, e quer saber o segredo de tanto sucesso? não se apaixonar, coração só atrapalha tudo, sentimento misturado com negócio não dá, foi e vai ser sempre assim.