| Amanda McCall |
Eu acabei de sair da escola junto com Scott, ainda era bem cedo e estava longe de anoitecer. Nós dois estávamos voltando pelo caminho de sempre, quase chegando em casa eu olhei para lá e de longe vi um cara mexendo na minha janela.
— Merda!
Xinguei baixo e comecei a correr até a frente da nossa casa deixando Scott para trás, e lá estava a dona Melissa.
— Por que ele está mexendo na sua janela?
Scott me perguntou e eu olhei para mamãe.
— Porque ela fez uma coisa muito errada, não é?
Ela diz séria e em seguida me olha.
— Eu não diria errado
Eu digo e ela serra seus olhos para mim.
— Eu já terminei, nem um touro derrubaria essa janela
O homem diz sorrindo lá de cima da escada.
— E um lobisomem?
Sussurro com um meio sorriso nos lábios.
— Obrigado
Minha mãe agradeceu e nos empurrou para dentro de casa
— Vão tomar banho e fazer suas lições
Ela nos manda e vai para a cozinha.
— Mãe, posso andar de skate depois que terminar?
Peço parada na porta da cozinha com um olhar pidão.
— Não, já disse que está de castigo
Ela diz séria sem me olhar e eu choramingo.
— Qual é, eu prometo que só vou ficar na calçada
Peço chegando perto dela e abraçando a mulher pela cintura.
— Você é muito chantagista, sabia?
Ela fala rindo, deixei um beijo em sua bochecha e fui saindo
— Mas só depois que terminar sua lição e entre antes das nove
Ela me lembrou antes de me perder de vista na escada.
— Sim, senhora!
Gritei de volta animada e fui para dentro do meu quarto revirar minha mochila e pegar meus livros e cadernos.
Peguei também um refrigerante e comecei a ler meus livros e responder as atividades que me passaram na escola. Fiquei no mínimo umas duas horas resolvendo as questões e depois vi que no relógio marcavam 17:57, eram quase 6 da noite e eu ainda não descobri uma forma de sair sem ninguém perceber.
E ainda sem um plano peguei meu skate e saí pela porta e comecei a andar de uma lado para o outro na calçada enquanto fazia algumas poucas manobras de vez em quando. Algum tempo depois minha mãe teve que sair para o plantão no hospital e me deixou sobre aviso.
" — Não saia da calçada e entre antes das nove, eu estou te avisando Amanda McCall, se eu souber que você pisou fora da calçada você vai ficar de castigo pelo resto da sua vida — "
Bom, foi basicamente isso que ela me disse.
Eu já estava há algumas horas fazendo pequenas manobras e praticando algumas novas, estava bastante escuro e os postes da rua estavam todos acessos, eu achei que era melhor olhar meu relógio de pulso para saber que horas são.
Já é bem tarde e passam das oito horas, eu devia entrar. Enquanto pensava em entrar comecei a ouvir barulhos distantes, como se fossem uivos. Não, não é como se fossem, são uivos, mas não existem lobos aqui no condado.
Assim que ouvi esses uivos, meu coração acelerou e senti uma enorme dor de cabeça. Eu caí de joelhos na calçada e tapei meus ouvidos como reflexo, era como se estivessem me chamando e forçando a minha transformação.
Li em livros que a primeira transformação dói como se todos os ossos do meu corpo estivessem sendo quebrados ao mesmo tempo e ainda passando pela dor, eu comecei a correr, involuntariamente, eu só corri e corri. Parecia que eu estava perseguindo os uivos, eles me levaram bem fundo na floresta, tinham outras pessoas lá, algumas acorrentadas as árvores e outras apenas observando e prendendo as outras.
— Ela chegou, rápido. Acorrentem ela em uma das árvores
O mesmo homem que me mordeu ontem disse apontando para mim.
— Você tem que parar de sair mordendo todo mundo que encontra por aí
Uma mulher de pele morena disse me pegando por trás e prendendo minhas duas mãos com corrente, depois ela me prendeu na árvore mais próxima de nós.
— Ela é com certeza a mais brava
Ele diz me analizando, eu estava rosnando como um cachorro louco e tentava quebrar as correntes a força.
— Realmente parece promissora
A mesma mulher diz e eu rosno mais ainda.
— Pare de rosnar tanto
Ele manda sério e deixando seus olhos vermelhos, o que me fez encolher e ficar quieta.
— Temos mesmo que ficar vigiando esses betas a noite toda, Deucalion?
Ela pergunta olhando ao redor e depois para o homem ao qual ela chamou de "Deucalion."
— Sim, Kali, e principalmente essa aqui
Apontou para mim fazendo ela me olhar novamente.
— Tudo bem então
Ela diz revirando seus olhos e se recosta em uma pedra bastante grande que havia atrás dela e ficou me olhando fixamente.