Mulher: Essa mulher é louca! Chegou dando na minha cara! – diz ela, apontando para onde estamos, ajeitando o cabelo bagunçado com as mãos trêmulas. O sangue escorre de um pequeno corte no canto da boca, mas a indignação parece maior do que a dor.
Bruna: Fala porque eu dei em você, sua p*****a! Fala que tava dando em cima do meu marido! – Bruna grita com tanta força que sua voz parece tremer junto com o resto do corpo. Ela está fora de si, completamente tomada pela raiva, e eu não sei mais como puxá-la dali.
Manu: Bruna, pelo amor de Deus, para com isso! Vamos embora antes que isso vire algo pior! – Minhas palavras saem mais altas do que pretendo, mas mesmo assim ela não parece me ouvir. Eu puxo o braço dela com força, mas é como tentar mover uma montanha.
Any: Bruna, escuta! Esquece essa menina! Olha o tamanho da confusão que você tá causando! – Ela tenta fazer a Bruna acordar para o tamanho da confusão que está nos metendo, e que é ainda pior por estarmos em outro morro. A expressão no rosto da Any é de desespero.
Mulher: Eu não fiz nada, p***a! Quem tava atrás de mim era ele! Resolve o problema com teu marido, c*****o! – A mulher retruca, ainda apontando para o L7, que parece mais interessado em se esconder do que em resolver a situação.
Ele dá um passo para trás, passando a mão na cabeça e olhando para o chão como se quisesse desaparecer.
L7: Bruna, para com isso, c*****o! Tá me fazendo passar vergonha! – Ele finalmente levanta a voz, mas não se atreve a chegar muito perto. Parece ter medo de que ela vire a fúria contra ele.
Renan: Já chega, Bruna! Você vai acabar ferrando todo mundo aqui! – Ele aparece do meu lado, empurrando ela mais pra trás ainda. Ela se debate, xingando e tentando voltar para cima da mulher.
Bruna: Cala a boca, L7! Com você eu resolvo depois! – Ela cospe as palavras, ainda encarando a mulher como se quisesse atravessá-la com os olhos.
Foi então que ouvimos um tiro que ecoa pelo lugar. Meu corpo congela no mesmo instante, e a confusão toda se cala como mágica. Até o som de um pernilongo pode ser ouvido, zunindo em algum canto.
Pelé: ACABOU c*****o! – A voz grossa dele ecoa tão forte quanto o tiro e todo mundo para de se mexer. Ele aponta a arma para o alto, mas o olhar está cravado em nós, como se fosse nos engolir vivas.– O PRÓXIMO VAI SER NA TESTA SE ESSA p***a CONTINUAR.
Pelé: Já deu essa p***a de palhaçada, do c*****o! Cês tão achando que aqui é bagunça? Só não boto geral pra correr agora pela consideração ao Terror, tá ligado? Mas escuta bem: eu não quero mais nem um pio nessa p***a, fechou? Era pra dar um corretivo legal nas duas, mas o Terror falou que essa merda vai ficar na conta dele, então tá suave... por enquanto. Agora eu quero geral circulando, nesse c*****o! – Ele solta com uma raiva que parece pegar fogo no ar, os olhos faiscando enquanto encara todo mundo ao redor.
Bruna respira fundo, finalmente parecendo entender que já deu por hoje. Ela se acalma, embora ainda esteja com o semblante carregado de raiva. Foi então que uma moça se aproxima da gente.
Lavínia: Tá tudo bem? – Pergunta com a voz calma, entregando um copo de água para Bruna, que aceita sem dizer nada, ainda com os olhos marejados.
A música volta a tocar no fundo, abafando as conversas que já retomam como se nada tivesse acontecido. A luz colorida dos refletores instalados na laje pisca ritmada, tingindo os rostos das pessoas ao redor em tons vibrantes de azul e vermelho.
Manu: Obrigada. Qual é o seu nome? – Pergunto, quebrando o silêncio enquanto Bruna dá um gole na água.
Lavínia: Lavínia. – Responde sorridente, ajeitando os cabelos cacheados presos em um coque alto que realça seu rosto delicado.
Lavínia: E vocês como se chamam?
Manu: Essa é a Any, essa é a Bruna e eu sou Manuela, mas pode me chamar de Manu. – Falo, apontando para cada uma das meninas com um sorriso amigável.
Lavínia: Seu nome é Any mesmo? Achei tendência. – Fala animada, olhando para ela com curiosidade.
Any: Não, quem me dera. Meu nome é Tatiany, mas meu apelido é Any. Odeio meu nome! O seu nome é lindo, igual você. – Ela responde com um tom divertido.
Lavínia: Obrigada! – Ela abre um sorriso para Any e se vira para Bruna. – Eu adorei a coça que deu na Waleska. Na real, eu e todo mundo. Ela mereceu! – Ela fala com admiração pra Bruna, que não consegue segurar a marra e acaba soltando um sorriso de canto. Nós rimos juntas.
Manu: Até eu tô com medo dela agora. – Brinco, tentando aliviar o clima.
Any: Vamos inscrever ela no UFC!
Manu: Pelo menos ela tem a gente pra prestar os primeiros socorros caso de muito r**m. – Gargalhamos.
Por mais que tentasse parecer forte, o reflexo da raiva e da decepção ainda brilha em seus olhos. Bruna veio atrás dele, mas não imaginava encontrar essa situação.
Ela segura o choro com todas as forças, mas seus lábios trêmulos e as mãos inquietas entregam o que está sentindo.
Manu: Vamos embora? – Pergunto a ela baixinho, torcendo para que concorde.
Any: Pra mim também já deu. – Diz, cruzando os braços e lançando um olhar discreto na direção de Renan, que vem caminhando em nossa direção.
O barulho dos chinelos de Renan arrastando pelo chão chama nossa atenção. Ele para ao nosso lado, tirando o boné para coçar a cabeça antes de falar.
Renan: RD não vem mais e Terror pediu pra gente ir embora. Pra não correr risco de acontecer outra merda. – Diz num tom sério, olhando diretamente para Bruna.
Bruna: Eu só vou se o filho da p**a for também! – Responde firme, encarando Renan antes de começar a procurar L7 com os olhos. – Se ele acha que vou deixar ele aqui pra continuar me corneando, ele pode tirar o cavalinho dele da chuva! – Completa, ainda vasculhando o lugar.
Renan: Os dois vão meter o pé, e amanhã o Terror quer desenrolar com vocês lá na boca. Tá achando que essa gracinha vai passar em branco? Não vai, pô, tiração do c*****o! Bagulho feião. – Ele fala puto e se afasta novamente, e Bruna abaixa a cabeça, sem reação.
Olho para Any e ela vem me abraçar de lado, encostando a cabeça no meu ombro. Antes que eu pudesse dizer algo:
Manu: Você sabia que ele tava aqui? – Pergunto baixinho para Any, tentando esconder a irritação.
Any: Sim. Tá aí desde cedo. – Responde sem rodeios, ajeitando o cabelo enquanto se afasta me olhando.
Manu: Podia ter me avisado! Eu não teria vindo. – Falo enquanto cruzo os braços, sentindo o sangue ferver.
Any: Tá doidona? Deixar de vir por causa dele? Claro que não! – Responde ainda baixo pra ninguém ouvir, me encarando como se quisesse me convencer de que eu estou exagerando.
Manu: Olha como ele fica... – Aponto discretamente com o queixo na direção de Terror, que está encostado no muro, rindo de algo que um dos caras ao lado dele diz. Mas sem deixar de olhar em nossa direção.
Any: Lógico que ele fica te olhando! Você tá linda! E não é só ele não... Olha em volta. – Diz, apontando com os olhos para outros caras que também me olham.