A mesma mulher que havia falando comigo minutos atrás voltou a me olhar após sua breve vistoria no computador a sua frente.
– Eu sinto muito, senhor Black, mas a sua esposa fechou a conta dela há pelo menos uma hora e meia. - bufei irritado e passei a mão nos meus cabelos úmidos. – Ela também pediu que um taxi fosse chamado.
– Qual o destino?
– Aeroporto. - olhou para mim e sorriu, anuí com a cabeça mas não disse absolutamente nada.
Me virei e tive em vista Christian adentrando pela porta principal do Hotel, seu olhar era preocupado e sua respiração um tanto quanto ofegante, ele passou a mão no queixo e sorriu, mas não como normalmente ele sorria, parecia mais forçado do que realmente deveria estar.
- Conseguiu falar com ela? - questionou-me assim que limitamos a nossa distância em poucos centímetros. Neguei com um gesto simples.
– Ela saiu pro aeroporto há uma hora. - olhei para os meus pés. Meu estomago embrulho, senti como se fosse desmoronar a qualquer segundo. – Ela me disse lá que eu poderia ver a Mila quando eu quisesse, mas que me mantivesse longe dela. - Christian me observava em silêncio, quase como se pudesse enxergar a minha alma e a minha dor sem que eu precisasse expor isso pra ele.
– Pra onde acha que ela foi?
– Los Angeles. - respondi sem pensar duas vezes. – Ou talvez Dallas, os dois são a casa dela, eu não sei por qual ela optaria agora. - umedeci meus lábios. – Eu queria ir atrás dela.
– Então vá, segue teu coração mano, conserte as coisas.
– Eu não posso. Não agora, não dessa vez.
Uma semana depois.
Los Angeles, CA
Helena Greevey's POV
Observava Mila brincar com algumas bonecas que eu havia comprado a pouco tempo para ela, eu sorriso era contagiante o que me fazia sorrir também. Esse era um dos poucos momentos em que eu me sentia bem de verdade, algumas vezes ela chorava e questionava sobre Ethan. Mila era nova, porém parecia compreender bem a situação que estávamos vivendo agora, por poucas vezes ela havia ficado por mais de três dias sem o pai, eu entendia que uma semana era demais, ainda mais, se for levado em consideração a dimensão do apego que existe entre os dois.
Ethan ligava todos os dias e conversava com ela. Eu, entretanto, não troquei uma palavra se quer com ele. Nos primeiros dois dias ele chegou a me ligar de madrugada, mas eu sempre desligava, algumas vezes, ele chegou a ligar de números desconhecidos, mas sempre que eu atendia e sua voz o entregava, eu desligava sem pensar nenhuma vez. Eu não chorei nenhum dia após aquele em Nova York, eu me recusava inteiramente a deixar que qualquer tipo de sentimento r**m tomasse conta de mim.
4 anos atrás, nessa mesma situação, eu entregaria totalmente as lágrimas, eu e trancaria em casa e me recusaria a ver qualquer um. Eu iria me entregar em uma depressão profunda que existe na minha mente. Mas agora não tem a ver somente comigo, eu não sou mais responsável somente por mim. Sou responsável pela minha integridade, eu sou responsável pela minha carreira, sou responsável por mim e mais do que isso, eu sou responsável por Mila.
– Helena. - a voz de Ashey adentrou meus ouvidos e seus dedos sendo estralados a minha frente se tornaram visíveis. – Você por acaso está me ouvindo? - sorri fraco.
– Uh, não. - confesso. – Estava no mundo da lua. - passei uma mecha do cabelo para trás da orelha. – Obrigada por vim. - a loira riu a sentou-se ao meu lado também começando a observar Mila entretida com os brinquedos.
– Impressionante a semelhança dela com o Ethan, é como se além do esperma, o útero também tivesse sido dele. - ri pelo nariz e ajeitei os meus cabelos. – Como você está? - ergui minha sobrancelha.
–Muito bem. - menti.
–Não minta para mim.
– Ash, não vamos conversar sobre isso novamente. - suspirei impaciente retirando meus olhos de Mila para poder olhar Ashley. Seus olhos claros me encarava tão intensamente que podia me causar arrepios. – Eu estou como qualquer mulher em sã consciência ficaria após pegar o marido traindo ela, mas eu não estou remoendo isso. Tão pouco estou culpando a garota por aquele ato e talvez nem o Ethan. Eu sou frágil, mas de uma maneira forte. Eu não me deixo e não me deixarei abater por isso, acontece. - tentei sorrir, mas não foi da forma como eu queria. – Casamentos terminam e de celebridade então, o mais raro é ver um que tenha dado certo e eu sei que você não acredita, mas eu estou aceitando numa boa o fato de que o meu e o do Ethan é mais um que se inclui nesses números.
– Mas Hel... - umedeci meus lábios e suspirei.
–Não existe "mas" Ashley, existe apenas um "acabou". Quase isso. - apoiei meus pés no chão, posteriormente apoiando meus cotovelos em meus joelhos. – Você sabe que depois do casamento, nós decidimos manter tudo no contrato, nosso nome está assinado em grandes marcas e com multas altíssimas caso aja quebra de contrato. - passei minha mão direita na minha nuca, esfregando a área.
–Por isso ainda não se pronunciou sobre o ocorrido? Tipo, ninguém nem desconfia do ocorrido em Nova York, acham que realmente era algum m*l estar de Mila.
– Também, mas dinheiro não é um problema, eu só não sentei para conversar com ele e mesmo depois disso tudo, eu ainda devo compromisso a ele. - Ashley passou as suas mãos com delicadeza em meus cabelos. – Nós ainda somos casados. - completei.
Escureceu lá fora, Ashley ficou o dia inteiro junto comigo, me ajudou a alimentar, dar banho e colocar para dormir a loirinha que insistia em dizer não estar com sono, mas que capotou em menos de dois minutos após ser colocada na cama.
– Obrigada pela ajuda. - disse para Ashley após sair do quarto, eu fechei a porta com delicadeza. Ela sorriu e me abraçou, foi um abraço tão forte e sincero que eu sentia como se ela estivesse tentando arrancar a minha dor e passar para ela.
– Eu te amo, Helena. - ela sussurrou. Deitei minha cabeça e, seu ombro e escondi meu rosto em meio dos seus fios dourados. – Você sabe que pode contar comigo pro que precisar e sempre que quiser, qualquer hora, sabe ode me encontrar, que número ligar. - pela primeira vez naquela semana eu chorei e pela primeira vez naquela semana eu não me importei em parecer fraca, eu só precisava chorar, eu precisava gritar.
Ethan Black's POV
Desci do palco após o termino de mais um show. Meu corpo estava cansado, mas preenchido de gratificação pela plateia de hoje. Eu sempre recebia uma energia inteiramente positiva quando estava no palco e dessa vez não havia sido diferente, mesmo com todos os meus presentes problemas eu estava bem com o meu trabalho e esse era o meu único orgulho de mim.
Uma toalha mediana foi entregue a mim, junto a ela também veio o meu celular. Enxuguei o suor empregando no eu rosto e passei a mexer no meu celular, cumprimentei algumas pessoas e lancei sorrisos a elas, eu não me sentia a vontade com tamanha hipocrisia, mas era necessário para o nosso bom convívio diário.
O coração disparou rápido ao sentir o celular vibrar e o nome dela brilhar na tela, não o nome dela, mas "amor", meu sangue gelou e minhas mão travaram. Eu não ouvia a sua voz a uma semana, eu sentia falta de tudo, principalmente da sua voz, da sua risada e tudo que era ligado a ela.
Entrei no camarim e deslizei o dedo na tela o levando até minha orelha direita, não disse nada, eu queria que ela iniciasse a conversa, eu queria ter certeza de que realmente era ela.
- Ethan? - sua voz saiu arrastada, seguida de um suspiro. Eu conhecia aquela voz, era a mesma de quando ela se esforçava ao máximo para não chorar. – Sou eu, uh, Helena. - fechei meus olhos e me poupei de falar algo. – Eu sei que eu tenho evitado e que as coisas não estado bem para nós dois, mas eu e você sabemos bem que temos que ter uma conversa definitiva. - meu coração estava batendo tão forte que eu podia ouvir meu batimentos. – Eu queria saber se você poderia vir até Los Angeles na sua folga, sabe, não precia ser agora. - ela chorou. – Mila sente a sua falta. - ela suspirou de fora pesada.
– Eu chego aí em três dias. - respondi baixo, quase não consegui ouvir minha própria voz. – Eu te amo.
– Até logo, Ethan. - respondeu entre lágrimas e por fim desligou o celular. Abri meus olhos e retirei o aparelho da minha orelha, olhei para o mesmo e me senti encurralado ao ver a foto de bloqueio: Helena e Madelyn.
Duas batidas foi feitas na porta atrás de mim, bloqueei meu celular e enfiei ele dentro do bolso da minha calça. Abri a porta e James entrou sem nem ao menos pedir permissão.
– Grande show. - disse sorridente, eu não expressei qualquer tipo de reação. – É ótimo que você e a Greevey não tenham admitido a separação publicamente, nessa altura do campeonato um divórcio seria horrível. Fico feliz que tenham adiado isso.
– Adiado isso o que? - franzi a testa e olhei para ele confuso. A frieza com que as vezes ele tratava da minha relação com Helena me irritava.
– O divórcio, eu sei que...
– Não, James! Você não sabe. - meu tom de voz foi furioso. – Não vai haver divórcio e não trate do meu casamento como mais um dos seus compromissos empresariais. Isso não tem a ver com você e nem com ninguém além de mim e da Helena. Isso é entre eu e ela. - ele me encarou assustado, talvez não esperasse que eu o repreendesse dessa maneira.
– Ethan...
– Não, não tem Ethan. Você cuida da minha carreira, deixa que dá minha vida pessoal cuido eu. - sai de dentro do camarim deixando ele sozinho lá dentro, nunca havia sido rude dessa maneira com ele, mas hoje não tive como aguentar.