Caveira narrando
Quando a Lisa falou aquilo, o mundo pareceu parar.
— Então decide, Caveira. Ou a gente é uma família… ou somos só os pais dessa criança.
A voz dela veio firme, mas o olhar tremia. Tava cansada, eu via. E, no fundo, eu sabia o que ela queria ouvir, mas eu não podia dar. Não porque eu não sentia mas porque eu nunca soube lidar com o que sentia.
Desde moleque aprendi que sentimento é fraqueza. E fraqueza no morro é morte.
Fiquei calado por uns segundos, só olhando pra ela com aquele misto de raiva e medo. Medo de perder. Raiva de não saber segurar.
— Lisa… — comecei coçando a nuca — a gente já tá junto, pô. Pra que essa cobrança toda?
Ela deu uma risada sem graça. Aquela risada que vem antes do choro.
— Junto, Caveira? Desde quando? você me come, dorme na minha cama,
