A Freira e o Traficante ( Morro)

Capítulo 4

Lobo Narrando...

Puxo meu baseado, curtindo a brisa da verdinha, e solto a fumaça no ar, tô na boca desde quatro horas da manhã, tô com um k.o aí pra resolver que tá tirando o meu juízo, o chefe do bope, tá ameaçando a subir o morro daqui quatro dias, vai se juntar o bope, a civil também vai colar aí, quem me passou a visão foi um infiltrado lá de dentro, tô preocupado pra c*****o, tô ligado que os meus são faixa, sempre na atividade, mas é f**a, tô pensando em mandar a minha irmã pra Curitiba, não sei, minha mente tá a milhão parceiro, sempre quando tem invasão, eu fico pilhado.

Félix — E aí, tu decidiu se vai fechar negócio com o Digão? eu acho que é uma boa, quanto mais aliança tu tiver, melhor que vão ajudar no confronto... _____ fala gesticulando com as mãos e eu concordo, encarando seus olhos, ele evita sustentar o olhar e fica disfarçando

— Pode avisar que eu vou pro asfalto hoje, e troco ideia com ele, tu me garante que ele é responsa né não? tu não ia me colocar em furada, ou ia? _____ indago soltando a fumaça e ele n**a com a cabeça

Félix — Coe paizão, cê tá ligado que nois é parceiro, não ia fazer uma parada dessa não fi, papo só, pode abraçar meu papo que é visão _____ fala e eu balanço com a cabeça, apago o baseado e jogo no lixo

— E pô, mas no nosso meio, não dá pra confiar em ninguém, pegou a visão, as vezes o mais chegado, é o que traí, tipo judas _____ dou o papo serinho olhando pro mermo que n**a com a cabeça, dando as costas pra mim, mas logo vira de novo

Félix — Tu tá falando uma parada meio pá, já vou até meter o pé, fazer os meus corre, isso que o sub faz né não... _____ da o papo abrindo os braços e eu nem respondo, porque na merma hora eu recebo um radinho, avisando que a Maria Luisa queria troca ideia comigo, mandei o mosquito mandar ela entrar— Tô vazando paizão... _____ fala fazendo o toque comigo e eu concordo.

Ele sai da minha sala e eu já mando a Malu entrar. Troco uma ideia com ela, e papo só, eu fico puto com certas atitudes dessa maluca, sem caô, agora inventou de trazer uma freira pro morro, mas já deixei bem claro pra merma, qualquer fita que acontecer, ela vai se responsabilizar e eu tiro a escola das mãos dela, a merma fica boladona porque a maioria das professoras que subia o morro, era pra me dá, ou pra algum dos cria. Já teve vez que ela saiu arrastando putä morro abaixo parceiro, mas por um lado eu até entendo seu jeitão de ser, a mina preza pra c*****o as criançinha lá, repreende, elogia, cuida mermo como se fosse dela, pode ser que essa freira seja mermo a opção que ela tava procurando.

A merma saiu daqui com um sorrisão do c*****o no rosto, dei o aval pra ela resolver as parada tudo com a freira, não quero nem me meter dessa vez, deixei na mão dela. Já faz 10 anos que eu comando a cv e o morro da Rocinha, herdei tudo do meu avô, sempre andei na disciplina, ele nunca passou a mão na minha cabeça por ser seu neto, ele vivia dizendo que estava criando um espelho dele, tá ligado, se era pra eu herdar tudo que era dele, eu tinha que fazer por merecer, e eu fiz, tá ligado, passei por todos os treinamentos necessário, apanhei muito, pressão psicológica então nem se fale. Teve uma vez que eu tava de boinha em casa, era de madrugada, quando uns homens armados invadiram lá, papo só, se eu não aprendesse aquele dia, eu não aprendia nunca mais, sem caô, bagulho foi f**a parceiro, fizeram uma tortura psicológica do c*****o, me asfixiaram, me bateram, entre outras coisas, exigindo que eu falasse onde tava as paradas do meu avô, engoli o choro, sofri pra c*****o, mas não entreguei, quando eles viram que realmente eu não ia falar porrä nenhuma, eles tiraram a máscara e só aí que eu reconheci ser os vapores do meu avô, fiquei puto pra c*****o, dois dias sem trocar idéia direito com ele, mas depois eu entendi que aquilo lá foi necessário pra eu chegar onde estou hoje, porque papo só, podem fazer a tortura que for, mas eu não abro a boca, posso sofrer, mas aguento firminho, tá ligado. Depois que eu voltei a troca ideia com meu vô, ele abriu a minha mente em vários assuntos que eu precisava saber, então aquilo ali só foi uma ideia pra me colocar onde tô hoje, graças ao meu vô, aquele velho do c*****o faz uma falta, fez presença na minha vida e na da Malu, coisa que os nossos genitores de verdade nunca fizeram, tá ligado, nem questão, a Débora vive viajando, ostentando o dinheiro, e nosso genitor é ninguém menos do que o chefe do bope, o Freitas, ele quem tá ameaçando a subir o morro, nois vai trocar bala, vou bater de frente com ele e que vença o melhor, sempre deixei ciente a Malu, um dia esse confronto ia chegar, e tá chegando parceiro, eu tô aqui preparando meus cria pra qualquer momento, ouvir os fogos anunciando invasão, é parceiro, como eu disse pra Malu, minha vida é de altos e baixos, uma hora eu tô tranquilo, curtindo, e outra hora eu tô mais calado, esperando qualquer momento receber invasão, bagulho é sinistro, mas eu não dou pra trás, eu escolhi essa vida, e assim que vai ser até eu morrer.

Quesito relacionamento, eu sempre fui cachorro solto, nunca me envolvi sério com ninguém, depois que assumi o morro, tive uma ficante ai antes de assumir, mas não passou de um bagulho de momento e hoje eu continuo solteiro, não como as putäs que moram no morro, porque são emocionadas pra c*****o, se tem uma coisa que me deixa puto, é perreco de putä, eu desço a mão sem dó, agora quando eu quero me aliviar, eu vou pra boate e como umas vadias, depois volto pro morro e fico de boa, sem dor de cabeça...

CONTÍNUA....