Malu Narrando...
Lobo — Fala tu, o que cê queria desenrolar comigo? _____ pergunta sentando na cadeira e eu mordo o cantinho dos meus lábios antes de falar — Anda Maria Luisa, fala o que tá pegando?
— Maninho... você sabe que eu te amo muito né _____ digo indo em sua direção e abraçando o mesmo pelo pescoço
Lobo — Fala o que tu quer, Malu _____ dessa vez o seu tom de voz é rouca, mas tranquila
— Eu trouxe uma freira pra cuidar das crianças, ela tá no carro ... _____ digo de uma vez e ele levanta no mesmo instante, me fazendo voltar pra trás, dou a volta e sento na cadeira na frente da mesa
Lobo — Cê tá de caô, maria luisa _____ pergunta em um tom altivo e eu n**o com a cabeça
— Não, é verdade, ela é tranquila lobo... te juro _____ digo juntando as mãos e ele bufa
Lobo — Tu pensou na possibilidade dessa freira ser uma x-9, porrä? papo só, tu desacredita demais das paradas que eu falo pra tu... _____ brada passando a mão no rosto e eu rolo meus olhos
— Nem é pra tanto assim, vai, eu trouxe uma freira, melhor do que as outras que estavam subindo aí, só pra abrir as pernas, tava cansada disso já, nenhuma levava a sério minhas crianças... _____ digo com raiva e ele da risada pelo nariz — Tem alguma palhacinha aqui, palhacito?
Lobo — Respeito comigo filha da putä, não esquece que quem te criou e te cria até hoje, sou eu.... _____ fala rude e eu fico quieta, cruzo minhas pernas e meus braços — não adianta ficar de bico não, tu sabe que comigo não funciona, mas já que tu trouxe a tal freira, você garante que ela não é problema?
— Garanto... _____ digo com firmeza, mesmo sem ter certeza, mas ela não parece ser uma pessoa r**m, não tem porque eu não ajudar ela — Aí lobo sinceramente, não sei porque não confia em mim, nunca trouxe problemas...
Lobo — Eu confio em você pirralha, em quem eu não confio é nas pessoas que tu trás pra dentro da comunidade, mas é o seguinte, a responsa da escola sempre foi tua, as professoras a merma fita, então tu tem o aval de resolver qualquer parada, só vou interferir se eu ver que é necessário, jae? mas tu esteja ciente que qualquer fita errada dessa santinha que tu trouxe aí, quem vai sofrer as consequências é tu, não quero problema pro meu lado, já tenho o suficiente... _____ fala com ignorância, gesticulando com as mãos, eu fico quieta, porque se tem um ser nessa terra que eu respeito, essa pessoa é o Fabrício, vulgo Lobo — Não vou conseguir trocar idéia com ela, tenho uma parada pra resolver no asfalto, então tu se encarrega de passar a visão certa, qualquer erro vai ser cobrada, independente de religião, Jae ...
— Beleza maninho, obrigada por confiar em mim Fabrício... _____ digo com um sorriso no rosto
Lobo — Lobo, aqui é lobo, em casa você me chama pelo nome.... _____ diz com tom de repreensão e eu concordo levantando — Vem cá... _____ me chama com o dedo e eu me aproximo dele, me surpreendo quando o mesmo me toma em seus braços, me abraçando firme, difícil ele fazer isso, encosto a cabeça no seu peito, ouvindo seus batimentos— Tu tá ligada que eu posso ser um filho da putä com geral, menos com você... a minha vida é uma roda gigante, entre altos e baixos, nunca escondi de tu quem eu sou, se a maioria das vezes eu puxo tua orelha, é porque quero seu bem, tu tá ligada, você é minha responsa, pegou a visão, nem sei o que faço se algum dia acontecer alguma parada contigo, por isso eu tô te passando a visão, se atenta em quem tu quer ajudar, teu m*l é querer ajudar todo mundo, e no final pode ser passada pra traz, mas tô confiando em tu nessa parada... _____ fala e eu sorrio gostando de ouvir ele falando, dificilmente, digo, raro, ele fala as coisas assim pra mim, quando ele fala geralmente é quando tem invasão, ou ele vai pra missão, mesmo sendo chefe de tudo, meu irmão nunca foge do confronto, e eu sei que inimigo é o que ele mais tem, infelizmente..
— Te amo muito irmão.... _____ digo fechando meus olhos e acariciando suas costas, sinto ele depositando um beijo no meu cabelo e se afastando
Lobo — Amo tu pirralha... _____ fala evitando me olhar, ele da a volta na mesa e senta na sua cadeira
— Desculpa perguntar... mas o que o Félix estava fazendo aqui na boca? _____ pergunto um tanto curiosa e ele n**a
Lobo — Ele foi fechar uma fita pra mim... _____ fala sem render o assunto e eu concordo
— Tô indo lá gatinho... _____ mando beijo no ar e eu lembro da casa — Posso levar ela na casa que está disponível?
Lobo — Tá nas tuas mãos.... _____ da o papo dando de ombros e eu sorrio, dou as costas e saio da sua sala, passo pelos vapores e sigo pro carro.
— Você não vai precisar conversar com o meu irmão, Alessia... _____ digo e ela concorda com expressão de alívio
Alessia — Estava nervosa... mas que bom, você quem vai me falar as regras? _____ diz e eu ligo o carro saindo dali.
— Isso, as regras são básicas e simples, não trazer ninguém pra cá, sem antes passar pelo meu irmão, ou pelo sub dele, a outra é não passar informações do morro pra ninguém de fora, ninguém mesmo, gravar aqui não pode, mas isso pra você é de boas, se for realmente como você disse, não vai ter nenhum problema aqui... _____ digo virando o carro na rua estreita
Alessia — Obrigada... não vou dar problema nenhum, eu lhe prometo, quando as crianças estiverem de férias, eu posso ajudar em outras coisas também... _____ diz e eu concordo
— Sobre o seu salário... como você quer fazer? _____ pergunto deixando com que ela escolha
Alessia — Vocês me dando um teto pra morar, compras de alimentos, e algumas peças igual essa do hábito, não precisa pagar mais nada... _____ diz e eu acho estranho, mas concordo.
— Beleza, falando nisso, você não sente calor não é? aqui no Rio de Janeiro não é como São Paulo, aqui é super quente... _____ digo parando com o carro em frente de uma das casas do meu irmão
Alessia — Estou acostumada... não sinto tanto _____ diz sorrindo e eu concordo
— Vou te apresentar a casa, irei deixar tu descansar hoje, e amanhã cedinho eu te pego pra mostrar o caminho da escolinha, não tem erro, peguei uma casa até mais próxima da escolhinha, pra facilitar pra tu... _____ digo abrindo a porta do carro e ela faz o mesmo — Caraca... tem as suas roupas né, que dizer, o seu hábito... eu não vou conseguir ir pro asfalto mais hoje, e aqui no morro ninguém vende hábito, então eu vou ter que pedir pro meu irmão levar você... _____ digo pensativa e ela nega
Alessia — Não quero incomodar... _____ diz segurando a malinha na mão, e eu fico pensando, o que cabe ali dentro, praticamente nada.
— Eu vou ver o que eu faço, e volto te avisar aqui... _____ digo abrindo o portão e ela concorda sorrindo, a mesma nem se importa de ser o centro das atenções aqui, principalmente das putianes que olham e cochicham, certamente estão falando dela.
Entro junto com a Alessia, apresento a casa todinha pra ela, a mesma ficou encantada, falei até que tinha uma tv né, caso ela quisesse ver alguma coisa.
Alessia — Não ... muito obrigada, mas eu não assisto tv _____ diz sem graça e eu não consigo disfarçar a surpresa
— Caraca, e você não fica entediada? _____ pergunto e ela n**a — Tá vendo, Deus sabe quem escolhe, porque sinceramente, eu não serviria pra ser freira, ia dar umas escapadas da madre até umas horas... _____ digo espontânea e ela acaba rindo, mas ficando com o rosto corado
Alessia — A gente acostuma, eu fui criada assim, nunca peguei um celular, nunca assisti, nada de nada.... _____ fala colocando a malinha no sofá
— Olha, parabéns viu, guerreira você em Alessia... tem problema eu chamar você pelo nome? ou prefere freira, ou irmã? _____ pergunto um pouco confusa e ela n**a sorrindo
Alessia — Pode me chamar de Alessia, ou da forma que você preferir, não vou me incomodar com nenhuma delas.... _____ diz simpática e eu concordo, ficamos ali conversando, ela me contando algumas coisas do convento, e eu contando algumas coisas aqui do morro, tadinha, se assustou horrores quando ouvia barulho de tiro, arrancou boas risadas de nois duas..
— Eu vou indo lá, qualquer coisa me grita, me chama por telepatia.... _____ digo brincando e ela concorda levantando
Alessia — Deus lhe abençoe muito por me ajudar, somente ele pra te recompensar... _____ diz fazendo um leve carinho no meu rosto e eu acabo abraçando ela
— Você não precisa agradecer, qualquer coisa mais tarde, eu volto com respostas do hábito tá _____ digo me afastando e ela concorda
Alessia — Obrigada, vai com Deus... _____ concordo sorrindo e saio da casa, deixando a mesma na sala de estar, é muito estranho ter uma freira aqui no morro, mas eu gosto dela, me transmite paz, ao contrário das outras que só me faziam raiva.
Entro no carro, ligo o mesmo e sigo pra minha casa, é bem no topo do morro, estou com um sentimento satisfatório no peito, agora sim, eu acredito que as minhas crianças vão conseguir aprender, ter alguém disposta a ajudar no futuro deles, vai ser muito bom, continuo subindo o morro, perdida em meus pensamentos....
CONTÍNUA....