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1118 Palavras
Acordei cedo e aprontei-me. Queria chegar cedo à igreja. Segui para a área da frente e corri o olhar pelo lugar. Ao longe avistei um homem domando um cavalo. Aproximei-me da cerca e fiquei observando-o. Quando ele se virou, senti meu rosto ruborescer. O rapaz tinha um belo porte físico e belíssimos olhos verdes. – Bom dia senhorita. – Bom dia – digo olhando-o atentamente – por acaso nos conhecemos? Ele se afasta do cavalo e vem até mim. – Sou filho de Edgar. – Edgar… – lembrava claramente dele, principalmente do fatídico dia em que eu fora embora – onde ele está? O rapaz me olha cabisbaixo. – Sinto muito – digo e ele assente – seu pai foi um grande amigo da família. Devo muito a ele. – Obrigado senhorita – ele olha por cima de meu ombro e torna a domar o cavalo. Viro e vejo papai na porta olhando-nos seriamente. Segui para a carruagem já pronta, e pedi que me levasse até a igreja. O percurso apesar de conhecido, havia passado por modificações. No lugar de areia, havia pedras que formavam um calçamento melhor que o anterior. Ao entrarmos no centro, haviam poucas pessoas nas ruas. As barracas que faziam parte do contraste cotidiano de Salvatore, nem estavam montadas ainda. Chegamos em frente a enorme capela – se é que poderia chamá-la assim. – Obrigada – desci da carruagem e segui para a enorme porta de madeira com detalhes de ferro. Abri-a e maravilhei-me com que vi. Imagens de diversos santos faziam contraste com o ambiente escuro. Bancos de madeiras se estendiam por toda a igreja, que tinha o dobro do tamanho de minha casa. Segui pelo corredor central e depois peguei uma porta na lateral esquerda. Avistei duas senhoras conversando e me aproximei. – Com licença – as duas me olharam de cima a baixo – gostaria de falar com o responsável. – Sobre o que seria? – Acabei de chegar, e gostaria de prestar serviços de catequização… – Não precisamos de serviços de catequização – interrompe a mais baixinha. – As senhoras são as responsáveis? Antes que uma delas respondessem, uma voz atrás de mim interrompe. – Não – viro e encaro um senhor alto e idade avançada – do que se trata minha jovem? – Bom dia, estava a falar com estas senhoras, que, gostaria de prestar serviços de catequização. O senhor me analisa atentamente. – Acabei de chegar de viagem, meu nome é Audrea Montez – percebo o espanto em seu olhar. – Audrea… Você é a jovem que foi morar com a tia no convento, não é isso? – assento – venha comigo, por favor. O segui até o fim do extenso corredor. Adentramos numa enorme sala, onde havia uma grande mesa e várias estantes de livros. – Sente-se – indica a cadeira – então, diga-me como foi sua estadia no convento. – Foi muito proveitosa. Pude aprender muitas coisas, e para uma jovem quinze anos, tal experiência foi renovadora. – Fazias trabalhos lá? – Sim senhor, justamente este que venho oferecer. – Entendo, bem, claro que jamais dispensaria sua boa v*****e, principalmente quando já se tem experiência. Sorrio contente. – Bem, esqueci de me apresentar, sou o Padre Robert. Estou apenas cumprindo meus últimos dias na função aqui na paróquia. Então – diz se levantando – me acompanhe, por favor, quero lhe apresentar o novo pároco. O segui até um pátio onde de longe, avistei um homem de vestes pretas até os pés, conversando com outros dois. Aproximamo-nos calmamente. – Padre Albert – padre Robert o chamou. Ele se virou e nos encarou com um sorriso acolhedor. Seus olhos azuis faziam contraste com seu sorriso de menino. Ele tinha cabelos pretos reluzentes, e olhos azuis tão claros, que podia jurar que não eram de verdade. As sobrancelhas bem alinhadas era mais um detalhe que tanto chamou minha atenção. Quando seus olhos encontraram os meus, seu sorriso se suavizou. Ele não era alto e forte. Ele devia ter 1,65 m e não fazia o tipo tão esguio. – Padre Albert, esta é Audrea, ela veio oferecer catequização para as crianças. – Prazer em conhecê-la Audrea – sua voz era tão calma e agradável. Assento e sorrio. – Estava a dizer a ela, que, como estou deixando a paróquia, você ficará responsável de ajudá-la no que precisar – diz o Padre Robert. – Claro. – Bem, deixarei que conversem. Tire suas dúvidas e me chame se precisar – diz e se retira. Albert sorri. – Poderia aguardar só um instante? – assento e sorrio. Ele se afasta um pouco e tento raciocinar o que estava acontecendo comigo. Ele retorna rápido. – Pronto, vamos? – indica o corredor. Caminhamos um pouco e entramos numa sala de tamanho mediano. – As reuniões de catequização das crianças, ocorrem aos domingos pela manhã – explica – e a tarde temos a missa. Olhei ao redor e era tudo tão arrumado e aconchegante. – Porque decidiu trabalhar com catequização? Olho-o tentando me concentrar em suas palavras. – Passei os últimos oito anos num convento. Fui cuidada por minha tia, e lá percebi, quer dizer; na verdade descobri minha vocação. Ele me olhou gentilmente e sorriu. – Entendo. Lá, você trabalhava com crianças de qual idade? – Entre cinco, seis anos. – Ótimo! É exatamente a faixa etária das crianças daqui. Sorri para ele. Logo depois de me passar as informações que precisava, ele me acompanhou até a porta. – Será um enorme prazer tê-la conosco – diz. – Agradeço a oportunidade. Não entendia o motivo, mas, estava sorrindo mais do que de costume. A carruagem se aproximou e Albert abriu a porta para mim. – Obrigada mais uma vez. Ele sorriu. – Até domingo – diz. A carruagem se afasta e um enorme sorriso se abre. Sentia algo dentro de mim. Uma alegria, um conforto. Um sentimento indescritível. Reprimi-me ao pensar que poderia ver Albert, como um atrativo para os olhos. – Para casa – indico. Horas mais tarde, estava sentada a minha mesa. Comecei a fazer planos de aula para domingo, que por sinal não estava muito longe. Sem querer, meus pensamentos acabaram indo até Albert. Como podia existir alguém tão calmo? – penso. Sorrio ao lembrar-me dele. – Sonhando acordada querida? – mamãe entra no quarto. – Não. Estava fazendo o plano de aula para domingo. Falei com o responsável da igreja, e ele disse que serei muito bem-vinda. – Que bom querida. Mas, vim lhe dizer que você tem visita… – Quem é? – Vá ver. Sorrio e saio do quarto. Ao chegar a sala, encontro Benicio. – Benicio? – Olá Audrea – diz sorridente. Ele se aproxima e me cumprimenta gentilmente.
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