Subi as escadas o mais rápido possível, mas, sem fazer muito barulho.
Fechei a porta de meu quarto e joguei-me na cama.
Fitei o teto e sorri, mas, ao lembrar de Gilbert em cima de mim, sentia um medo imensurável.
Ele teria voltado para cá?
Ele teria coragem de me ameaçar?
Desvencilhei-me de tais pensamentos e troquei de roupa.
Escrevi um pouco no diário e logo adormeci.
Logo pela manhã, faço minha higiene e desço para tomar café.
Quando chego a sala, ouço vozes alteradas.
– Como assim, ele não fez os serviços dele ainda? – indaga mamãe – mas, já está tarde.
– Eu sei disso, mas, ele sumiu – diz papai.
Acomodo-me a mesa e sirvo-me um pouco de café.
– O que houve? – indago.
– Gilbert – sinto meu coração disparar ao ouvir seu nome – sumiu.
– Sumiu? Como assim?
– É isso estamos tentando entender – diz papai.
Ele se levanta e sai.
Tomo meu café e depois decido caminhar.
Passo próximo a cabana onde Gilbert deveria estar, e sinto um arrepio.
Caminho um pouco pela propriedade e paro quando chego a cerca que a delimitava.
Apoio-me nela e observo o vasto campo a minha frente.
Fecho os olhos e lembro do beijo suave que Albert me dera.
Sorrio.
Caminho um pouco, quando sou abordada por um dos capatazes de meu pai.
– Senhorita, bom dia.
– Bom dia.
– Seu pai está a sua procura – diz.
Assento e ele sai.
Sigo o mais rápido que consigo.
Papai estava em seu escritório. Quando entro, sinto meu coração gelar.
Gilbert me olha friamente.
– O senhor estava a minha procura?
– Sente-se – indica a cadeira a sua frente – Gilbert me contou uma história bem interessante.
Olho-o rapidamente.
– Disse que viu você sair ontem a noite.
– Pensei que estivesse a procura dele. Por acaso ele disse onde estava, que não foi cumprir suas funções? – rebato.
– Saber para onde minha filha foi tarde da noite, é muito mais importante pra mim, do que saber com quem ele estava no bordel.
Mentiroso – penso.
– Fui apenas dar uma volta. Não me sentia muito bem.
– Porque não nos chamou? Teríamos chamado o Dr. Christian.
– Não era m*l estar físico. Queria apenas caminhar.
Papai me olha curioso.
– E, você saiu da propriedade?
– Fui até a fronteira. Comecei a caminhar e quando vi, já estava lá.
– Entendo…
– Gilbert, você deveria cuidar de seus serviços, onde, não lhe cabe me vigiar – digo e levanto.
– Com seu perdão senhor, mas, apenas vim lhe dizer isto, porque, não acho certo que uma moça se encontre as escondidas com um rapaz.
Papai me olhou incrédulo.
– O que? – indaga se pondo de pé – que história é essa Audrea? Isso é verdade?
– Mas, o que? – rebato – claro que não. De onde tirou esta história Gilbert?
Ele apenas sorriu maliciosamente.
– E por qual motivo eu mentiria? – rebate descaradamente.
Papai alternava seu olhar entre mim e Gilbert.
– Vai acreditar nele pai?!
Ele permaneceu calado.
– Senhor, não teria motivos para mentir, muito menos inventar tal história.
– Cale-se Gilbert – berro impaciente – quem você pensa que é para alegar tal fato? – olho enfurecida para papai – ele está a dizer isto, porque não aceitei suas investidas ontem a noite quando ele avançou em cima de mim.
– O que?! – papai saiu de trás da mesa e tirou sua a**a do cóis da calça – vou acabar com sua raça rapaz! Diga-me, isto é verdade?
Gilbert me olhou atônito.
– S-senhor, eu… Jamais faria tal coisa. Sigo os passos de meu pai, sou fiel.
Papai me olhou intensamente e guardou a a**a.
– Você – aponta pra mim – fique aqui, não terminamos ainda.
Gilbert sorri e sai com papai da sala.
Penso em qual seria o próximo passo de papai, mas antes de chegar a alguma conclusão, ouço um tiro.
Corro para frente da casa.
Papai estava na porta, e aos seus pés estava Gilbert, com um único tiro na cabeça.
– Tirem isto daqui – papai ordena para seus capachos.
Quando ele se vira, me olha intensamente, mas nada diz.
Ele entra e eu o sigo com o olha.
– Pai! – ele para e se vira – obrigada por acreditar em mim.
Ele estreita os olhos e dá alguns passos em minha direção.
– Isso não significa que acredito no me disse. Fiz porque, jamais aceitaria que um criado tocasse em algo que é meu – diz e dá as costas – e nossa conversa não terminou ainda.
Vejo-o subir as escadas e sinto meu coração bater acelerado.
Tento manter minha mente sã para não cometer algum erro.
O restante do dia passou calmamente.
Não vira meu pai até o jantar, onde ele permaneceu calado.
Subi para meu quarto e escrevi um pouco no diário.
Ao mesmo tempo que me sentia culpada pela morte de Gilbert, sentia-me aliviada. Somente ele vira o que aconteceu na noite passada. Se eu tivesse revidado ainda mais suas acusações, ele teria sido capaz de contar o restante da história.
Recolhi-me cedo e logo adormeci.
Acordei cedo – como de costume – mas, permaneci na cama durante alguns minutos.
Levanto e sigo para a janela.
O sol brilhava forte lá fora.
Aprontei-me e desci.
Encontrei mamãe e papai sentados a mesa.
– Bom dia.
– Bom dia – mamãe responde seriamente.
Tomei um gole de café, e antes que provasse do pão, papai diz:
– Benicio virá para o almoço. Aprume-se.
– Me aprumar? Como assim?
Ele me olhou de tal forma que conseguira entender suas palavras.
– Os pais deles chegaram – diz mamãe – seu pai já marcou um jantar com os conhecidos.
– Jantar com os conhecidos? Não está querendo dizer que…
– Sim, é exatamente isso – papai interrompe – ficará noiva dele.
– O que? Mas, isso é…
– É o certo Audrea – diz mamãe – e não ouse aparecer com esses trajes horrorosos. Tem boas roupas, exponha-as.
Eles tomavam seu café, como se nada estivesse acontecendo.
– É só isso? Vocês dizem que ficarei noiva dele, sem mais nem menos?!
Papai me olha e nada diz.
Levanto da mesa, mas ou interrompida por sua voz.
– É para o seu bem. Um dia me agradecerá…
Olhei-o com desprezo e saí.
Peguei o cavalo e montei.
Segui rápido para a cidade. Fitei a enorme torre da igreja, e segui rápido para meu destino.
Prendi o cavalo e segui pelo beco que dava pela porta lateral.
Entrei e segui para a sala onde Albert costumava ficar.
Bati e ele pediu que entrasse.
Quando ele levantou a cabeça, seus olhos azuis brilharam para mim.
– Audrea?