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1011 Palavras
– O que faz aqui? Aproximo-me e tento segurar minhas emoções. – Preciso me confessar. Ele me olha confuso. – Agora? – Sim. Ele assente e faz uma prece inicial, e pede para que eu comece. – Peço que Deus perdoe meus pecados; sendo o maior deles, o meu amor por um sacerdote – percebo seu rosto ruborescer – mas, apesar de amá-lo, não posso tê-lo comigo. E agora mais do que nunca, sinto-me desesperada. – Por qual motivo? – Meus pais. Eles querem me casar com um certo rapaz – percebo sua expressão mudar repentinamente – mas, eu não quero. Tenho pra mim que só é certo casarmos, com quem nós amamos. Ele me analisava atentamente. – Com o tempo pode-se aprender a amar. – Não para mim. Vejo isso como algo f*****o. Gostar ou amar alguém, apenas por obrigação. Ele permanecia em silêncio. Toquei sua mão e ele arregalou os olhos. – Albert, por favor, o que faço? Ele me analisou por um tempo. – O que seu coração diz? – Que eu amo você, desde o primeiro instante que lhe vi. Não sei como, mas amo. Ele se soltou de minha mão. – Ouça – seu tom havia mudado – tenho certeza de que seus pais querem o melhor pra você. – O que? – indago incrédula – não está querendo dizer para que eu… – Aceite. Olhei-o sem acreditar. – E as palavras que me disse? – Audrea… – De nada valem?! – berro. – Por favor… – Não. Não me venha com desculpas Albert. Você disse que me amava, e agora desmente a si mesmo – ele me olhava surpreso. – Audrea, o que quer que eu diga? – Quero que diga que não devo aceitar. Ele me analisa e baixa a cabeça. – Diga Albert! Diga que não devo aceitar! Ele tornou a me olhar, e eu senti em meu coração o gosto da decepção. Lágrimas caíam. Enxugo-as abruptamente e ponho-me de pé. – Audrea… – Então, esta é sua decisão? – Por favor, eu não… – Albert, apenas responda. Ele me olha e baixa a cabeça. – Certo – recomponho-me – obrigada por sua atenção padre. Saio rapidamente da sala antes que as lágrimas teimassem em cair. – Audrea! – sua voz ecoa pelo corredor, mas, nem isso me faz parar – espere – ele agarra meu braço e me faz encará-lo – me perdoe, eu jamais quis magoá-la. – Você me fez acreditar naquela noite, quando nos beijamos sob o brilho das estrelas, que me amava. Eu te amei desde o primeiro instante em que me deparei com a imensidão destes olhos. E agora, você me diz que não sente nada por mim. Acha mesmo que um pedido de perdão vai resolver alguma coisa? – solto-me de sua mão – não me procure mais, por favor. – Audrea, eu… – Farei o mesmo. Não dirigirei a palavra ao senhor, a não ser que seja por assuntos da igreja, mas, fora isso, não farei. Ficamos alguns segundos nos olhando. – Obrigada por seu tempo padre Albert. Dei-lhe as costas e sai. Montei no cavalo, e mesmo com a vista embaçada, avancei rápido para casa. Na metade do caminho, desviei minha rota. Fui para o lago onde fizera o piquenique com Benicio. Amarrei o cavalo e aproximei-me da água. Caí de joelhos e chorei como se o mundo fosse acabar. Como a vida podia ser tão injusta? Com tantos homens, porque me apaixonar por um padre? Destino c***l. Amar um homem que jamais poderia ser meu. Tento conter os soluços, mas era inevitável. Meu coração nunca fora tão maltratado, tão judiado. Sabia que o maior erro tinha sido meu. Não devia ter alimentado de forma tão rápida e tão forte, tal sentimento. Albert não tinha culpa. Ele escolhera sua profissão de vida, servir a Deus acima de tudo. E o que sou nessa história? O demônio tentando o p***e coitado, que jamais deve ter tido contato com alguma mulher na vida. Deus, como pude ser tão baixa? Como pude ser capaz de cometer tal atrocidade contra ti? Jamais poderia ser perdoada, mesmo tendo acontecido contra minha v*****e. Foi sem querer, sem pensar. Os açoites que levara de meu pai anos atrás, não me impuseram limites, continuava a mesma de sempre. Cometendo atos sem pensar, agindo de forma errônea. Mas, o que podia fazer? Fui pega de surpresa por aquele par de olhos azuis, que brilharam para mim como a luz da salvação que eu tanto buscava. Ah, quem dera eu ser forte o suficiente para resistir a eles. Só se descobre o seu próprio limite, quando você o encara de frente. Fui forte o suficiente para suportar oito longos anos longe de casa, mas, em segundos, no instante em que Albert se virou e me deparei com seu rosto angelical, não fui capaz de resistir, não fui forte o suficiente. Lágrimas caem e rio de mim mesma ao lembrar das palavras que dissera a ele: “não me procure mais, por favor”. Tola! Jamais seria capaz de levar tais palavras a sério. Entre risadas e lágrimas, observo a bela paisagem a minha frente. Deus é certo em dizer que o homem não nasceu para viver sozinho, mas, precisaríamos viver necessariamente com quem amamos. As palavras de Albert me vem a mente. “Pode aprender amar…” seria possível? A imagem de Benicio me vem a mente. Ele era belo, jovem, forte, alegre, cortês e romântico. Tudo e muito mais que uma dama poderia querer. Mas, ele seria o que eu tanto queria para mim? Enxugo as lágrimas que persistem, e decido avaliar a possibilidade de que casar com Benicio. Não seria uma má ideia. Levanto e limpo a roupa. Viro e fico estática. – Benicio? – seus olhos estavam fixo nos meus. – Podemos conversar? – O que faz aqui? – indago. – Segui você – sinto meu coração disparar. – Como é? – Audrea, preciso muito conversar com você. – Se é sobre a proposta eu… – É sobre o padre Albert.
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