CAPÍTULO 4

1890 Palavras
NICOLAU Eu odiava atraso, na verdade eu queria subir no avião e não ver Maya ao meu lado, tão pertinho. Então eu fiquei sentado ali por quinze minutos a mais, mas no fim eu me levantei impaciente peguei o celular, discado o número antigo dela e colocando para chamar. Chamou e até que pegou linha, no primeiro momento houve um silêncio, mas logo o barulho. - Eu estou chegando! - O grito foi alto e precisei afastar o celular da orelha para não ficar s***o. - Não grita, por favor - Pedi e olhei para as duas passagens na minha mão. - Espero que esteja aqui, vindo me encontrar. - Estou chegando Cinderela, acabei de fazer isso e estou indo pare o salgão de embarque. - Você já devia ter feito isso. - Sim, mas eu precisei me despedi deles, eles são insistentes - Então eu ouvi uma voz conhecida. - Seu irmão veio? - Sim, veio buscar a Norma. - Quem é Norma? - Meu jipe, a Norma - Eu sorri e voltei a me sentar. - Você está bem bonito, pode se virar se quiser. - Está aqui? - Eu não ia me virar, eu sabia o que eu ia ver, então fiquei ali, parado. - Eu estou esperando você. - Pode levantar a b***a daí bonitão, estou atrás de você - Ela desligou, eu sorri e puxei o ar para dentro, uma grande quantidade, me levantando e me virando, tendem ela ao lado de um homem, com traços semelhantes a ela é com um sorriso e uma bolsa na mão. Era Sebastian, o irmão dela, ele era uma vara, era alto e tinha uma boca muito grande, isso havia puxado do pai. Agora Maya, essa tinha puxado outros traços. Ela não usava vestido, estava só com uma calça jeans e uma blusa branca, com o cabelo preto e com os olhos em um contorno preto, que deixava as bolinhas negras dela chamativas. - Pronto, chegamos! - Ela sorriu, puxou o óculos e colocou no rosto. - Pode deixar as malas aí lacaio - Ela olhou diretamente para mim. - Você, você termina de levar. - Nico pode jogar ela do avião, viro filho único e ainda ganho uma aumento na herança. - Ele ergueu a mão e me fez o cumprimento, um belo aperto de mão, que logo me fez encarar ele. - Talvez eu tenha paciência e um jeito de deixá-la mais dócil - Eu paro de falar, era mais um daquelas palavras sem pensar. - Maya vai se comportar, isso, ela vai. Eu puxei a mala preta e Maya se colocou do meu lado, o irmão dela ficou olhando para ela, passou a mão no cabelo e sorriu, se aproximando dela e a puxando do meu lado. - Eu não quero me afastar de você, você é minha outra metade p*****a - Eu fico olhando a forma carinhosa dois dois. - Eu sei Golias, sei que vai sentir a minha falta. - Com quem vou falar? Gêmeos, juntos, você é uma m***a garota, preciso de você aqui, ainda da tempo de ficar e largar mão disso. - Sebastian vai ficar bem, sabe, usa isso para ganhar tudo, cuida da xoxota e da Norma, cuida do papai e da mamãe. Eu fiquei parado, era como se Maya fosse para uma guerra. Mas ela não ia para uma guerra. - Eu vou visitar você. - Ligue antes - A menina se afastou e colocou seu braço por baixo do meu, sem eu nem esperar aquilo. - Agora vai, Norma não pode ficar sozinha. - Sabe como se defender e quem te defende, certo? Nico cuida dela, como você cuidaria da sua mãe - Eu olhei para ele e balancei a cabeça. - Eu cuidarei, vamos? - Olhei para Maya e ele confirmou com a cabeça. - Sebastian, até breve - Falei. - Eu protejo você. - Eu olho você, maninho - E nos deixamos o homem ali e fomos direto para dentro de um avião, confesso que ficamos em silêncio durante todo aquele trajeto. Isso até chegar nas poltronas, nas nossas, uma do lado da outra, ela tirou o óculos e eu pude notar os olhos vermelhos, era de choro? Maya não chorava. - Está tudo bem? - Perguntei. - Sim, só não gosto de despedidas, é r**m - Ela suspirou e se sentou ao lado da janela. - Meu pai fez um drama. - Ele não fez Drama, ele é o drama, não se acostumou? - Sim, mas acho que estou sensível. - Você? - Sim, Nico. - Agora entendi o óculos, já ia te chamar de biruta - Eu me sentei e vi ela se aproximar de mim, colocar novamente seu braço por baixo do meu e repousar seu rosto no meu ombro. - Porque disse pra Sebastian cuidar da xoxota? - É a cachorra dele. - Uma mulher? - Não, um animal mesmo, pequeno e peludo, as outras ele não leva em casa. - Oh, certo - Suspirei fundo. - Você não parece que quer ir. - Eu quero, sabe, eu tinha a escolha de ficar aqui, podia fazer o mesmo aqui e me sair bem, mas ai surgiu a oportunidade de ir para lá, não pensei muito Nicolau, entende? - Não, eu sei que fui pra Malíbu pelo trabalho, grande e vasto. - Você consegue trabalho, é um fodido cirurgião, vi sua matéria na revista - Eu olhei para o rosto dela de lado. - É incrível - Ela desceu sua mão e pegou a minha, apertando e movendo os dedos pequenos nela. - Suas mãos são perfeitas, não são? Posso imaginar o que são capazes de fazer, Nicolau. Ok, agora não fui eu que pensei segundas intenções, p**a m***a. Faça como te ensinaram, puxa o ar e solta. - Do que se trata essa peça? - Eu mudei o assunto, mas mesmo assim ela continuou do mesmo jeito, encostada em mim e segurando minha mão direita. - Temos longas horas de viagem, daqui a pouco a gente decola. - Bem, trata-se de uma peça dramática sobre a comunicação, de uma escritora anónima de Malíbu, não conheço ela, mas ela vai passar o contexto, somos um grupo de seis e uma produção já fixa da Universidade de Malibu - Senti o polegar dela se mexer na minha mão e eu segurei o ar e soltei devagar. - A peça fala da família contemporânea e as controvérsias da comunicação entre eles, de uma forma a reproduzir uma ideia distorcida da conversa. É bem decidido o roteiro, embora, bem, o final é trágico e com uma respectiva visão da conversa e da comunicação entre um grupo ou vários, bem filosofal e contundente. - Trágico? - Não vou falar nada, você vai estar na plateia me vendo - Eu sorri e ela me acompanhou. - Vai ser uma temporada longa, mas fico feliz que você vai estar comigo, sabe, você tem uma cabeça Boa. - Espero que não me ache tão velho - Eu fiz questão de esperar ela responder. - Idade geralmente não importa, sabe, não mesmo, minha mãe era dez anos mais nova que o meu pai, quando engravidou dele e também eles nem eram namorados, reflita - Ele deu uma risadinha baixa. - Como nos dois - Eu quase pedi uma máscara de oxigênio, quase. - Você é onze anos mais velho que eu. - Você já ficou com alguém mais velho que você Maya? - É por segundos, eu fiquei sem saber de onde aquilo tinha saído, mas fiquei firme, pela primeira vez sem medo, porque se eu passasse algo que eu não podia eu podia ser mau compreendido. Ninguém quer isso. - Não, mas gostei de um cara mais velho, só que não deu certo porque nem eu sabia como chegar nele e nem ele em mim - Ela falou e suspirou. - Quantos anos sua namorada tem? Eu fiquei calado, pensando em alguma coisa ou inventando a mentira do século. - Quase a mesma que eu - Eu abri a boca e fechei. - Qual é o nome dela, Nico? - Perguntou, quase como um sussurro. Era aqui que devíamos trocar de assunto, rápido, antes que eu caia na minha própria mentira. - Como ela chama? - Fiz uma pausa e lembrei só de um nome, da minha rua. - Chama Monique - Eu arregalei os olhos. - É uma ótima mulher. Claro que é, nem existe. Ótimo Nicolau, fala que ela é o nome da sua rua também. - Tem foto de vocês dois juntos? - Vish, não - Claro que tem, você tirou uma nela, antes de sair do trabalho. - Mas eu apresento você para ela. Eu deixo você pisar nela também, Maya. - Ela faz o que dá vida? - É o FBI? Para com isso Maya, daqui a pouco não consigo mais mentir. - Trânsito Maya, ela é uma espécie de - Eu segurei o riso. - Como eu vou explicar - Contei até dez mentalmente, porque explicar que ela é uma rua asfaltada não é legal. - Na verdade, eu não sei bem o que ela faz, mas é algo relacionado ao trânsito ou algo com pessoas do trânsitos. O que é o grande mentiroso perto de mim? - Quanto tempo está com ela? Vamos lá, me mudei para Malíbu a seis anos, moro naquela casa há quatro, divide por dois. - Quase dois anos. - Você ama ela? - Talvez - Lembrei das qualidades da Monique e fui sorrindo, porque era uma boa rua para se morar em Malíbu, realmente, bem calma. - Ela é especial - Tem coleta de lixo toda semana, tem limpeza, tem pouco movimento. - E você? Tem alguém? Eu perguntei por educação, mas eu sabia que dependendo da resposta dela eu iria ficar frustrado, mas ela não respondeu de imediato, ficou olhando para frente, até que deu um sorriso sapeca e olhou para mim, eu estava olhando para ela. - Sabe quando você vai no mercado e escolhe a melhor fruta, a mais bonita, que tem as melhores qualidade? - Eu balancei a cabeça em afirmativa. - Ai você chega em casa, trata ela com todo cuidado, quando vai cortá-la já está tudo podre e r**m por dentro? Bem, assim que é meu dedo para homem. - Credo. - Estou pior que vaca encalhada na beira de represa - Ela suspirou. - Quem eu quero não me quer e quem me quer eu não quero. - Lamento - Nem sei porque falei aquilo, mas falei. - Lamenta nada, aposto que essa Monique é uma baita de uma mulher, educada, refinada, que entende você, gostosa pra caramba e que te faz bem. Ela têm sorte. Eu não falei mais nada, porque fomos cortados pela voz do comandante, passando as instrução, vi Maya fechar os olhos e não falar mais nada, depois de minutos dentro de um avião. Eu fiquei ali, parado no tempo, sentindo ela e o cheiro dela. Talvez ter ela perto não seja tão difícil. AVISO - Mais um capítulo fresquinho (finalmenteeee), para ficar por dentro adicione o livro na biblioteca, comente sempre nos capítulos para eu poder saber o que vocês acham e deixe o seu voto maravilhoso ou me sigam para receber novidades e atualizações. Até amanhã com mais um capítulo. Att, Amanda Oliveira, amo-te.
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