Furacão

2828 Palavras
Capítulo-II. Furacão " Sou impulsiva e ninguém me segura, quando dou por mim já falei o que não deveria. " Hadassa Não posso exigir, mas posso fazer uma bagunça daquelas para que ele perceba que eu não serei uma candidata perfeita, que se enquadre no nível de educação e de polidez que o clã dele procura. Por isso, eu arrumo meus p****s dentro da roupa, colocando a mão por cima e dando aquela levantada, empino bem o meu nariz e deixo que o sangue falso corra mais rápido pelas minhas veias. Se ele quer guerra, ele terá guerra. Falou comigo como se fosse um soberano, um rei, e eu uma mera criada. Agora é minha vez de mostrar para ele que eu também sei matar barata. Os dois estão em pé na sala: ela sorridente e ele com aquele olhar que deveria ser meu, mas está sobre a morena de cabelos ondulados, boca pintada de vermelho e um macacão cor marsala. P*ta que pariu, ela tá linda, e eu aqui nesse conjuntinho branco, parecendo uma boneca de vitrine. Ai, tenho vontade de me matar. Onde foi mesmo que eu botei minha gaga? É só fazer um pequeno corte perto da jugular e tudo se acaba para os dois maldetos. Tomo uma lufada de ar, tento soar descontraída, mas no momento em que dou o primeiro passo com minha sandália de bico fino, surge uma funcionária trazendo uma bandeja de café com bule e xícaras — coisa fina, talvez porcelana francesa. Intercepto a mulher, uma vez que estamos numa parte da sala que tem uma coluna e um vaso enorme de planta perto do início da escada. — Com licença, essa bandeja é para o senhor Dante e a convidada — digo sorrindo. Mas minha vontade é outra, e eu irei realizá-la: escalpelar a c****a com café quente. Olha que lindo, acho que vou chorar de tanta emoção. A empregada olha para mim com um meio sorriso. Ela é contida, creio que segue à risca as regras da casa, mas como eu sou uma hóspede, ela vai me tratar a pão de ló. — Sim, senhorita. O senhor Dante pediu para trazer um café para ele e para a senhorita Natasha. Pronto, penso comigo, só podia ser Natasha. E bota a 'taxa' nisso aí. — Não se preocupe, eu levarei. Estava indo lá conversar com eles, fazer sala. Afinal, eu sou a noiva do Renzo, futura esposa. Tenho que me ater a ser uma boa anfitriã. Dou um passo próximo à mulher, sussurrando baixinho: — Quero passar uma boa impressão, sabe como é… estou muito nervosa, tenho medo de fazer algo de errado. E creio que levar uma bandeja de café para nossa convidada é um pontapé inicial, pisar com o pé direito, sabe como é, né? Eu não sou daqui, vim de outro local, me sinto pisando em ovos. Era uma baita mentira. Queria mesmo era a bandeja para derrubar o café nela e dar-lhe com o receptáculo na cabeça do tudão. Quem ele pensa que é para trazer essas v*gabundas para dentro de casa? Ia mostrar para ele que não é assim, não. Agora que estou aqui, e se antes ele gostava de fazer as farrinhas dele, vai fazer bem longe, porque senão eu vou mostrar para ele a minha Cleide, e que ele não vai gostar. — A senhorita não precisa ficar preocupada. A senhora Larissa e o senhor Pietro são ótimas pessoas, prestativos, e a senhora Larissa, mais ainda. É uma mulher doce, calma, uma excelente pessoa. Abro um sorrisinho, disfarçando meu nervosismo. Mil ideias passam pela minha cabeça, centenas de caraminholas sendo criadas em minha cachola. Fico muito feliz de ouvir isso; afinal, ela será minha sogra, e quero ter uma sogra-mãe, e não a sogra-bruxa. Me arrependo ao falar de bruxa e me lembro daquela senhora, a tal da Sophia, esposa do Vittorio. A mulherzinha tem uma energia esquisita, aquele casal é esquisito. Parece que ele é o infer e ela o no; juntando os dois dá inferno certinho: a Madame Satã e o Satanás. Empurro esse pensamento para um canto escondido da minha mente. No momento, estou de olho nos dois, me arrepia inteira feito um gato preto, quando a desgraçada passa as unhas suavemente pela lapela do paletó de Dante, arrumando-o, e ele levanta aquele cantinho de sorriso safado. Seguindo com o olhar os gestos da mão dela, fico com ódio de mim mesma: ela tem umas unhas enormes, pintadas de vermelho, enquanto eu estou aqui com minhas unhas curtinhas, sem esmalte cintilante. Preciso mudar. — Se a senhorita faz tanta questão… aqui está a bandeja — ouço a funcionária dizer. Sorriu para ela, agradeço, pego a bandeja, me arrumo toda empinadinha, igual uma modelo de passarela, e caminho na direção deles com sorriso largo. Mas como todo castigo para quem está na confusão é pouco, no primeiro passo que dou, meu pé vira, saio catando cavaco dou de costas na pilastra, suspiro e olho para o teto. A empregada me olha com a boca aberta; sei o que passa na cabeça dela: “Oh, que foi isso?” Dá vontade de xingar palavrões, faço isso mentalmente. Olho para a bandeja, para ver se não derrubei nada. Graças a Deus, está tudo intacto. Me aprumo outra vez e vou; dessa vez dá certo. Presto atenção na hora de pisar, mas meu corpo está estremecendo de raiva; em vez de pisar com a ponta do pé, piso com o calcanhar. Não é por nada mas, adoro essa sandália bico folha! Ela é lindíssima e tem brilho nas tiras e eu sou apaixonada por brilho. — Olá — digo, para que os dois saibam que estou presente, principalmente a cachorra de unhas vermelhas. Ai, como eu queria ter um alicate para arrancar todas as unhas dela. Vai que soltasse, né? Hoje em dia é tanta coisa fake: cabelo fake, unha fake… pelo menos as minhas que são absurdamente curtas, porém d verdadeiras. Assim que Dante olha para minha cara e vejo sua expressão se fechando, sei que ele mistura sentimentos, e aquele belo par de olhos cinzas deveria estar bem nos meus p****s, agora se eu não estivesse usando uma roupa comportada. Faço uma nota mental: preciso comprar umas roupas sexy. A g*linha depenada me olha dos pés à cabeça; o sorriso dela dá uma quebrada. Então a ariranha olha para Dante, que está com os olhos duros em cima de mim. E eu estou tacando o f*da-se; quero meter fogo nessa p*rra, quero ver tudo queimando. Eu também sei colocar para torar, sou Hadassa Falzone, não fujo a regra de ser louca. — Trouxe um cafezinho para vocês — digo, me aproximando dos dois que estão de pé perto da sala. Escolho a mesa mais baixinha para poder colocar a bandeja e assim botar meu b*ndão para o alto. Na realidade, é uma b*ndinha meio michuruca, mas ainda sim é um par de glúteos. "Olho para mim tudão. O gol não é tão grande, mas cabe o seu centro- avante." Dante não olha, minha pose safadistica- sei que a palavra não existe, mas acabo de inventar- morre completamente. Aprumo meu r**o seco de passarinho, sentindo uma raiva dos carambas. Me aproximo a siliconada; não, só pode os p****s dela é quase do tamanho da minha cabeça! P*rra, quando fico perto da desgraçada, uma frase me vem na cabeça: mulher grande é um mulherão, que os homens costumam chamar de avião. Ela é grandona, agora eu, com meus R$1,56 de altura, sou um drone. A porcaria de um drone. Mas eu sou um drone bonitinho. A compridona olha para mim, e eu quase quebro o pescoço para poder olhar para ela. Meus saltos são altos; imagina se não tivesse de salto: seria uma formiga. — Então não vai me apresentar à senhorita? — digo na cara dura. E quando o infeliz vai abrir a boca para falar algo, eu fico com medo de ser repreendida. Então, sou ágil, estico minha mão na direção dela: — Prazer, eu sou Hadassa. A mulher olha para Dante, depois para mim, passa a língua pelos lábios. O batom dela é daqueles que duram muito, porque não sai nada. Continua lindíssima: rosto bem maquiado, cabelo escovado, macacão de tecido chiffon totalmente colado ao corpo. Dá para ver que ela é daquele tipo de mulher que perde horas na academia. Ai, meu Deus, outra nota mental: fazer academia, eu tentarei tenho preguiça de tanto sobe desce faz e acontece, só de pensar fico cansada . Pelo menos pesnar em começar é um passo e tanto. Tenho que levantar minha bundinha de formiga porque a ariranha tem um tanto de b***a que mais… parece uma mesa. O simples pensamento de que os glúteos dela são uma mesa me irrita profundamente. — Hadassa não deveria estar no seu aposento agora? - a voz de ordem dele me atinge feito prego perfurando o calcanhar. Filho da p*ta. Sabia que ele iria falar algo para me deixar sem graça, mas não vai conseguir me fazer recuar. Cantarolo o “conseguir” na minha cabeça, aumentando a entonação do “ir”. Estou entediada; ia até a cozinha. Vi o momento em que vocês estavam conversando e pensei: — Por que não trazer um café? Afinal, Dante, eu também serei dessa família, preciso conhecer as pessoas que estão no nosso meio. Faço m*l? Uso do meu dom persuasivo e também da minha cara de anjo. — Não, você não faz, mas saiba que, quando eu estiver com visita, só se aproxime se for chamada. De outra forma, abstenha-se, por favor. Você é nova, não conhece as regras da casa, e nem as minhas regras; e essa, que eu vos trago a seu conhecimento, faz parte do conjunto das minhas regras. Esteja atenta da próxima vez. Engulo a porcaria do ouriço que ele enfia na minha boca. É difícil, trava na garganta, e quando consigo fazer descer, sai arranhando tudo. O ouriço tem espinhos, e esses espinhos causam feridas e ardência. Estou com a garganta pegando fogo, tentando me segurar para não cuspir um monte de impropérios na cara do homem. Afinal, estou no território dele. Eu abro um sorriso grande e apenas balanço a cabeça em confirmação. Enquanto o xingo mentalmente. Me viro para a mulher que aperta a minha mão e se apresenta: — Eu sou Natasha Ferrari, uma amiga de Dante. Não gostei do tom “amiga” que ela usou, deu a entender que tem privilégios. — Ah, querida, é ótimo conhecer algum amigo do meu cunhado, porque afinal, todo mundo tem medo dele, sabe? Dante tem gostos peculiares e... me viro na direção do Dante com o corpo tremendo de nervoso, não sei que c*gada estou fazendo, mas lá vai... — Quantas cabeças você arrancou ontem a noite? — rio nervosa, não sei o que me deu, mas quando vi, já tinha falado. O homem fica meio pálido, olha para mim conservando a repreensão no olhar e depois alterna para à tal da catacha, uma mistura de cachorra mais Natasha. A ariranha olha para nós franzindo o cenho. Meu cunhado dá um sorrisinho nervoso. De repente, recebo um puxão no braço e, quando vejo, estou pertinho do homem. Meu Deus, como ele é cheiroso. E tem pegada, meus olhos fixam-se na mão máscula, grande e com dedos que me fazem querer chupar de um por um. — Se você falar mais alguma besteira, eu juro que vou cortar tua língua. 'Ui, nervosinho! Adoro!" — Não se preocupe com as besteiras que a minha cunhada está falando, Natasha. Ela é assim, tem um humor hilariante. — É… estou percebendo — diz a catacha. — Sim, sim, estou brincando. Dante sabe que eu tenho um amor muito peculiar. Me afasto dele, mesmo não querendo. Minha vontade era de virar uma sanguessuga, grudar em sua pele e nunca mais sair. Vou até a bandeja de café e sirvo duas xícaras. Enquanto Natasha se aproxima de Dante, ela toca no rosto dele e eu tenho vontade de cortar os dedos da audaciosa fora, deixar só os toquinhos. Depois, como se fosse insuficiente, e testando meus nervos, a mulher abre um sorriso, passa a língua pelos lábios, se aproxima do ouvido dele e fala algo. P*ta que pariu, eu quero arrancar a língua dela. Na realidade, quero ser uma mosca para saber o que ela está falando para ele rir assim. Que sorriso é aquele? Um sorriso que molha as calcinhas, mas não é o meu sorriso, não é para mim. Ele dá à ela, eles estão envolvidos em uma bolha da qual eu estou de fora, e isso me irrita muito. Por isso, pego meus lindos alfinetes pontiagudo enquanto seguro duas xícaras de café. — Olha o cafezinho — digo com uma voz amigável. Dante olha para mim, e Natasha se vê obrigada a se afastar. No momento em que o tudão vai pegar o café, propositalmente eu emborco a xícara nele. — P*rra! Isso tá quente! — Hadassa! Levo as mãos à boca, me fazendo de vítima. Arregalo os olhos, mas minha vontade é gargalhar. Dante, apressadamente, tira o paletó, arranca a gravata e fica só com a blusa manchada de café. Se não tivesse ninguém por perto, eu me ofereceria para lamber onde o líquido encostou, faria com prazer. Tenho a necessidade de banha-lo com a minha língua! — Desculpa, desculpa, fui muito desastrada, ai, perdão — falo, segurando o riso, enquanto ele me fuzila com o olhar, pega a gravata e o paletó, olha para Natasha e, pedindo licença, se afasta rapidamente, subindo as escadas. Está furioso. Conheço pelo jeito que sua mão está fechada e sua postura super rígida: parece meu irmão Ettore em dias ruins. Assim que ele some escada acima, fico frente a frente com a tal Natashorra. — O que você tem com Dante? — pergunto com a cara e a coragem, f*da-se todo o resto. Ela está vendo coisas dele que são minhas, isso não posso suportar. A mulher me olha, surpresa. — Acho que isso não é da sua conta. " Ui, que fora! Essa v*ca me paga! — Se não fosse eu não estaria te perguntando, lindeza! - olhos para a turbinada com evidente desdém. — Se tanto lhe interessa pergunte ao Dante.- a mulher fala erguendo uma das sobrancelhas muito bem marcada. " Que ódio de competir com ela!" Detesto a resposta. Minha vontade é avançar nela, dar-lhe com a mão na cara da víbora. — Sério que não é da minha conta? Então vem cá, me mata uma curiosidade: quando ele também está te f*dendo, ele fica falando do cheiro da sua pele? Quando ele está perto de g*zar, as pupilas dele ficam minúsculas? Ele chama teu nome ou só faz isso comigo? Eu não sabia que d*sgraça estava fazendo, talvez atravessando todos os limites, mas não pude me controlar, o ódio é muito grande que sinto por ela e ele, principalmente por ele. A mulher arregala os olhos na minha direção. — Que conversa é essa? Você acabou de dizer que era cunhada dele e agora está falando que vocês dois… — dou um sorriso, passo a língua pelos lábios, solto um suspiro pesado, sento no sofá, pego a xícara de café e dou uma golada de leve, sorvendo o líquido calmamente. Cruzando a as minhas pernas para matar. — Certamente você não sabe que Dante é um homem insaciável. E ele não resistiu… Eu também não. Afinal, quem resistiria ao italiano lindo daqueles, não é mesmo? Mas não se preocupe, eu não sou ciumenta. Ah, e outra coisa: não fale para ele que eu te contei, ele vai ficar muito bravo. Ele tem medo que essa história se espalhe por aí, ama muito o irmão, mas é… aquilo aconteceu. A tal da Natasha olha para mim pálida, e eu continuo serena, bebendo meu café. Não demorou para Dante surge, lindo, perfume invadindo o ambiente, áurea magnânima. Ele se aproxima da mulher, e ela lhe desfere um tapa pesado no rosto. O italiano fica sem reação, e eu simulo surpresa, segurando o riso. — Seu cafajeste, nunca mais me procure, tá ouvindo? Nunca mais! — a mulher gira nos calcanhares e sai apressada pela porta, e eu fico ali só contemplando a cena. Dante olha na minha direção, e eu dou de ombro, como quem diz: “não sei o que aconteceu”. Coloco a xícara de café na bandeja, me levanto, passo a mão pela calça. — Com licença, vou tentar conversar com a minha mãe pelo telefone. Saio da sala a passos controlados, subo as escadas, mas, quando chego ao corredor, corro feito uma louca, me tranco no quarto, com o coração a mil, um sorriso no rosto, totalmente trêmula. Só posso ter perdido o juízo. Quando ele descobrir o que fiz , vai querer acabar comigo. ------- Abraços até domingo!
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