O sol ainda não tinha invadido completamente o horizonte de Nova York, mas Seraphina já estava acordada há horas, mergulhada em planilhas financeiras. Ela estava sentada na sua escrivaninha na suíte leste, tentando usar a precisão fria dos números para neutralizar o caos emocional da noite anterior.
Ela estava em vestindo um tailleur imaculado, pronta para a guerra, embora a sua principal batalha agora fosse interna.
Exatamente às 7h30, Julian Kaine bateu na porta da galeria de arte. Ele não a chamou, nem anunciou a sua presença; apenas uma batida seca e precisa. Seraphina sabia que ele estava a testar se ela havia voltado para a cama, ou se ela estava a trabalhar.
— Entre — disse Seraphina, sem desviar os olhos do ecrã.
Julian entrou na suíte leste. Ele estava vestido de forma ligeiramente mais casual do que o habitual — calças de alfaiataria escuras e uma camisola de caxemira azul-marinho. Ele segurava duas chávenas de café e uma pasta de couro.
Ele parecia fresco, imperturbável. Não havia vestígio do homem que a tinha beijado selvaticamente na limusine. A sua capacidade de alternar entre o profissional e o predador era a sua arma mais perigosa.
— Bom dia — disse ele, a sua voz completamente neutra. — Eu tomei a liberdade de trazer o seu café. Sem açúcar, um toque de canela.
— Obrigada — respondeu Seraphina, aceitando a chávena. O seu tom era gélido, a barreira que ela precisava desesperadamente reconstruir.
Julian não foi para a sala de estar. Ele foi diretamente para a sua mesa de trabalho.
— Nosso trabalho de hoje é o ataque. Marcus não vai esperar que ataquemos a sua base de poder. Vamos atingir o seu maior ativo: o acordo com o Banco D’Argent.
Seraphina fechou o ecrã do seu computador.
— O D’Argent? O acordo está blindado. Ele usa esse capital para cobrir as perdas do Égide.
— Exatamente. Ele não pode perder esse contrato. E é por isso que vamos desmantelá-lo. — Julian abriu a pasta de couro, revelando documentos sobre a Thorne Global.
Ele sentou-se na cadeira à frente da mesa de Seraphina. A proximidade forçada, a mesa que se tornou o seu campo de batalha conjunto, era um novo nível de i********e.
— Eu descobri uma cláusula de penalidade no contrato D’Argent que permite a revogação se houver um conflito de interesse moral que possa prejudicar o banco. Marcus usou o dinheiro do D’Argent para investir em uma empresa de mineração em Angola que viola padrões éticos e ambientais.
— E como o D’Argent não soube disso?
— Porque a transação passou por uma das suas empresas de fachada, a que você expôs ontem no conselho. Você removeu a camada protetora. Agora, eu entro com a quebra moral.
Seraphina pegou os documentos. O plano era brilhante, rápido e devastador. Ele atacava a fraqueza de Marcus, o seu desprezo pelas regras.
— Você tinha isso pronto?
— Eu tenho tudo pronto, Seraphina. — O olhar dele era intenso. — Eu comecei a reunir dados sobre Marcus no dia em que soube que ele a havia traído.
— Porquê? Porquê tanto esforço? — A pergunta escapou, carregada de curiosidade pessoal.
Julian não respondeu imediatamente. Ele simplesmente a observou, e por um segundo, Seraphina pensou que ele revelaria o seu segredo.
— Vamos focar no ataque. Eu estou a agendar uma reunião com o CEO do D’Argent para amanhã. O nosso objetivo é que ele assine a rescisão antes do meio-dia.
Seraphina recuou.
— Amigos de Marcus estarão lá. Eu preciso estar preparada para rebater todas as suas defesas.
— Eu sei. — Julian se inclinou, e a sua voz baixou a um sussurro que era exclusivamente para ela. — É por isso que você está a trabalhar a meu lado, Seraphina. Não mais em quartos separados. A partir de hoje, a nossa sede de vingança é o meu escritório principal.
Ele se levantou e a levou pela galeria de arte, ignorando qualquer objeção.
O escritório principal de Julian Kaine era uma maravilha de tecnologia e design. Vasto, com ecrãs de monitorização gigantescos e um centro de dados seguro. Ele era o centro nevrálgico do seu império.
Julian a guiou para uma estação de trabalho personalizada que já estava preparada para ela, com o seu nome.
— Você terá que aturar a minha presença. Eu não confio em mais ninguém com o nosso plano.
A sua proximidade era constante, o seu perfume persistente. A cada vez que Julian se inclinava para apontar algo no ecrã, o seu braço roçava o dela. Seraphina estava lutando para manter o foco na cláusula de penalidade do D’Argent.
Ele estava a usar a i********e física para minar a sua concentração, transformando o local de trabalho numa extensão da limusine.
— Seraphina, o que está errado? — perguntou Julian, notando a sua hesitação ao analisar os dados.
— Você sabe o que está errado — ela respondeu, os olhos cinzentos faiscando. — Não aja como se nada tivesse acontecido.
Julian Kaine parou o seu trabalho, endireitou-se e a encarou.
— Você quer que eu reconheça que fomos atraídos um pelo outro e que isso complicou o nosso acordo?
— Sim.
— Ótimo. Reconheço. Foi eletrizante, imprudente e mudou o nosso jogo. Satisfeita?
Seraphina engoliu em seco. A honestidade dele era um golpe tão forte quanto o seu beijo.
— Agora, podemos voltar ao D’Argent? Marcus não vai esperar pela nossa crise conjugal.
Ele a desafiou a escolher: o drama pessoal ou a vingança profissional. Seraphina escolheu o poder.
Ela voltou para o ecrã, mas a tensão entre eles era como eletricidade estática. A partir daquele momento, a vingança teria um novo sabor: a atração proibida. Eles eram parceiros de trabalho, mas cada toque de mão sobre a mesa, cada olhar persistente, era uma traição ao contrato que os uniu.
O escritório principal de Julian Kaine era uma maravilha de tecnologia e design. Vasto, com ecrãs de monitorização gigantescos e um centro de dados seguro. Ele era o centro nevrálgico do seu império.
Julian a guiou para uma estação de trabalho personalizada que já estava preparada para ela, com o seu nome.
— Você terá que aturar a minha presença. Eu não confio em mais ninguém com o nosso plano.
A sua proximidade era constante, o seu perfume persistente. A cada vez que Julian se inclinava para apontar algo no ecrã, o seu braço roçava o dela. Seraphina estava lutando para manter o foco na cláusula de penalidade do D’Argent. Ele estava a usar a i********e física para minar a sua concentração, transformando o local de trabalho numa extensão da limusine.
— Seraphina, o que está errado? — perguntou Julian, notando a sua hesitação ao analisar os dados. Ele não parecia impaciente, apenas observador.
— Você sabe o que está errado — ela respondeu, os olhos cinzentos faiscando. — Não aja como se nada tivesse acontecido. Estamos a violar o espírito do nosso acordo a cada segundo que passamos nesta sala.
Julian Kaine parou o seu trabalho, endireitou-se e a encarou. A sua honestidade era sempre surpreendente.
— Você quer que eu reconheça que fomos atraídos um pelo outro e que isso complicou o nosso acordo?
— Sim.
— Ótimo. Reconheço. Foi eletrizante, imprudente e mudou o nosso jogo. E estou feliz por isso. Este novo nível de tensão é um ativo, Seraphina. Não um passivo. Isso prova que podemos ser convincentes.
— Não confunda a atração física com um plano de negócios — ela replicou, a voz a tremer ligeiramente.
— Para mim, são as mesmas coisas. Energia, risco, recompensa. O D’Argent não vai esperar pela nossa crise conjugal.
Ele a desafiou a escolher: o drama pessoal ou a vingança profissional. Seraphina escolheu o poder.
Ela voltou para o ecrã. Ela tinha que provar que era mais forte do que a atração. Ela mergulhou nos documentos de Angola, nos detalhes do desfalque ambiental. Por mais de uma hora, o único som foi o clicar dos teclados, mas a tensão entre eles era como eletricidade estática.
Julian observava-a trabalhar, a sua presença quase hipnótica.
— Você está a fazer as perguntas certas — ele comentou, enquanto Seraphina identificava uma lacuna na auditoria de Marcus.
— É o meu trabalho.
— O seu trabalho é brilhante. É por isso que casamos, afinal. — Julian empurrou um copo de água gelada para ela. — Mas Marcus esperava que a sua mente estivesse nublada pela mágoa. Ele esperava que você fosse ineficaz.
— Ele não me conhece.
— Eu conheço. — A voz dele era baixa. — E o que eu conheço é uma mulher que está a usar toda a sua vontade para fingir que não quer que eu toque nela novamente.
Seraphina fechou o laptop com um estrondo.
— Se você não consegue manter o foco na estratégia, eu vou para a minha suíte.
— Fique. A sua saída provaria a Marcus que eu estou a desestabilizá-la. E isso não é bom para a nossa imagem.
Julian estendeu a mão e, calmamente, pegou no seu laptop fechado e o reabriu. Os seus dedos roçaram os dela no processo. O contacto foi rápido e intencional.
— Não seja melodramática. Use essa energia. A atração que sente por mim não a torna fraca. Torna-a uma ameaça mais interessante. Se puder controlar o que está a sentir, pode controlar qualquer coisa. Agora, encontre o nome do advogado que assinou o contrato da D’Argent.
Seraphina o fuzilou com o olhar. Ele estava certo. Ele estava a usar o seu próprio controlo para desafiá-la a ser melhor. Ela respirou fundo, concentrando-se no ressentimento e na atração em partes iguais.
Ela voltou ao trabalho, a sua mente a mil por hora, e encontrou o nome do advogado em segundos.
— Achado. Theodore Vance. — Ela parou. O seu rosto perdeu a cor. — Vance?
Julian acenou gravemente.
— Sim. O seu primo de terceiro grau. Marcus usou o seu próprio sangue para esconder a fraude. Theodore assinou o contrato em nome da empresa de fachada, permitindo que Marcus desviasse o capital do D’Argent.
A traição era mais profunda do que Seraphina imaginava. Ela sentiu uma dor aguda, um golpe pessoal que Marcus não tinha conseguido desferir antes.
— Theodore... Nós éramos próximos na faculdade. Ele me ajudou com a primeira rodada de financiamento do Égide.
— Marcus sempre soube as fraquezas dos seus oponentes. E ele sabia que a sua lealdade familiar seria uma excelente cortina de fumaça. Theodore foi pago generosamente.
A raiva de Seraphina se cristalizou. Não era apenas uma questão de negócios; era uma violação pessoal do seu círculo íntimo. Isso deu à sua vingança uma nova urgência, um fogo gelado.
— Vamos destruir esse acordo. E o meu primo.
Julian sorriu, um brilho de satisfação fria nos seus olhos. Eles eram uma máquina de guerra perfeitamente sincronizada.
— É esse o espírito. Prepare a sua apresentação. Você vai se concentrar na fraude ética. Eu vou cuidar da repercussão financeira. Amanhã, vamos dançar com o D’Argent, e você será a estrela.
Ele se levantou, mas em vez de se afastar, ele ficou ao lado da sua cadeira. Ele não a tocou, mas a sua proximidade era uma pressão tática.
— Seraphina. Não leve essa traição para o pessoal. Leve-a para o profissional. Use a fúria para ser mais precisa.
Seraphina respirou fundo e olhou para o ecrã, onde o nome de Theodore Vance estava em destaque.
— Eu não confio em ninguém além de mim mesma.
— Bom. — Julian curvou-se, e o seu sussurro foi um choque. — E em mim. Porque sou o único que consegue vê-la a trabalhar a uma hora como esta e não se sentir ameaçado.
Ele saiu da sala sem esperar por uma resposta, deixando Seraphina a processar a dor da traição e o novo e perturbador sentimento de ser perfeitamente compreendida. Ela havia se casado por um aliado, mas havia encontrado um inimigo fascinante que era a única pessoa capaz de domar a sua própria inteligência.