46. Mariana

1467 Palavras

A madrugada passou arranhando a janela, e eu não dormi. Fiquei virando de lado, abraçando a barriga pesada, repetindo mentalmente o caminho até o hospital como quem decora reza. Quando o relógio do celular marcou 7h18, me levantei sem barulho. Vesti uma legging preta, o tênis gasto e um moletom largo, o único com capuz que escondia parte do rosto e, de longe, disfarçava a barriga. Prendi o cabelo num coque alto, passei um pouco de hidratante nos pulsos e respirei fundo. A casa estava silenciosa. Minha mãe não tinha voltado. Melhor assim. Peguei a carteira, e saí pela porta dos fundos. Desci as escadas de concreto segurando no corrimão enferrujado, sentindo Caique espreguiçar por dentro. — Calma, filho... é rapidinho. A mamãe volta antes do almoço, tá? No ponto, o ônibus demorou, como

Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR