54. Caveira

1331 Palavras

Voltei pro morro de carro simples, vidro baixo, sem sirene de ego. A subida cheirava a óleo de motor e frango frito, as vozes na laje aumentavam um tom porque o nome "Caveira" corre mais rápido do que perna de mensageiro. Parei na boca da ladeira 5, onde o Rafael gosta de posar com o queixo alto. Ele estava lá, rindo pro vazio, dois vapores fazendo círculo como se balanço de criança impedisse vento. Desci. O barulho caiu meio tom. Quem reconhece dono não levanta poeira. — Chefe — um dos pivetes ensaiou. Eu nem olhei. Fui reto até o balcão. Rafael girou o corpo com calma treinada, a mão no copo de plástico, o copo na beirada do risco. O sorriso dele era de foto 3×4: gelado, colocado. — Volto do hospital e a rua me traz presente — disse ele, como quem oferece cadeira. — Tá inteiro? — Mai

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