Peregrinos

1034 Palavras
No meio da madrugada, Ethan estava terminando de montar uma placa de circuitos em sua garagem. Ele sentia que faltava alguma coisa pra completar, e então coça o queixo, pensativo, até que ele tem a idéia de adicionar uma última peça, e usando óculos de p******o e solda, ele finaliza a placa, e então tira os óculos e respira fundo. Ele olha no relógio e já eram quase 3 da manhã, e Ethan pega um frasco de remédio anti depressivo e toma com um pouco de água. De repente ele ouve seu celular vibrar e o pega, e tinha uma mensagem: "Ei, tá acordado?" - Evelline. Ethan sorriu, e respondeu: "Não conseguiu dormir também?" Evelline estava digitando, e respondeu: "Quer dar uma volta?" "Agora?" "Tem medo do escuro?" Ethan riu, e respondeu: "Onde?" "Tem uma praça no meio do caminho entre a minha casa e a sua." Ele pegou uma jaqueta e saiu para encontrar Evelline. Chegando na praça, Ethan a vê de longe sentada em um balanço, Evelline estava usando um casaco de moletom. Ethan vai até ela e se senta no balanço do lado. - Tá difícil pensar, não tá? - disse ele. - É... não consegui ler uma frase o dia todo. Como você está? - Mais forte. - Sério? - Todas as minhas alergias sumiram, me recuperei de uma bactéria mortal, virei um fanático por amendoim... Evelline riu. - É muito estranho, eu consigo fazer coisas que não conseguia antes, e faço até melhor que muita gente. - Você se sente... poderoso? - Eu não diria isso. Não sinto aquele poder mais. - Será que o efeito passou? - A entidade falou que esse poder vai ser despertado no momento certo. - Por que ela te deu esses poderes? - Para ajudar as pessoas. - Tipo um super herói? - Eu ainda não sei, tá uma confusão só na minha cabeça. Eles ficaram um tempo em silêncio, e Ethan perguntou: - E você? Parece que ficar perto de mim não te incomoda nem um pouco. - Por que incomodaria? - Quando saímos do auditório ontem, ninguém nem ousava olhar pra mim. - Estavam assustados, só isso. - Todos menos você. - Eu sei lidar bem com situações esquisitas e com muita pressão. - Imagino que não era isso que você estava procurando quando veio pra cá, não é? Evelline sorri, e com um olhar sonhador, ela conta: - Eu vivi aqui por um tempo, quando minha avó ainda era viva. Depois que ela morreu, eu e minha mãe mudamos pra Ohio, alguns anos depois voltamos pra Downtown e aqui estou de novo. Mas só por 1 ano. - Para uma Californiana, você é bem Peregrina. - Disso eu não discordo. Mas e você, é daqui mesmo? - Nascido e criado. Minha vida era totalmente diferente, minha família era muito rica, mas então meu pai gastou boa parte do que tínhamos e ele morreu logo depois. - Sinto muito. Do que ele morreu? - Eu nunca soube ao certo as circunstâncias da morte dele, só sei que ele foi assassinado depois de concluir o último grande trabalho da vida dele. - O'Que ele fazia? - Ele era o cientista mais curioso e o engenheiro mais ousado que o mundo já viu, chamavam ele de gênio. - Espera... quem é seu pai? - Henry Stevens. Evelline ficou boquiaberta. - Você é filho do Henry Stevens? O Henry Stevens? O Inventor? - Esse aí mesmo. - Cara! Você deveria ser uma celebridade. Seu pai foi simplesmente o maior nome da indústria tecnológica do século passado. - Essa é uma das vantagens de morar em Pilgrim, só existe a meritocracia. Não importa quem seus pais ou alguém próximo a você foi, você só vai ser lembrado por aquilo que você mesmo fez de bom. Acho que isso é o que mais amo nessa cidade. - Ethan suspirou. - Então você gosta do anonimato? - A vida de famoso deve ser complicada, ou eu que sou muito tímido mesmo. - Bom, de qualquer forma, lamento pelo seu pai. - Eu também. Ele costumava falar que todo Stevens nasce destinado a ser um gênio, o que eu acho um exagero, um exagero que ele levou tão a sério e acabou tirando a vida dele. Com o tempo ele não tinha espaço pra mais nada na vida dele além do trabalho, nem mesmo pra família. Foi essa obsessão louca que matou ele. - Sinto muito. Ele olha pra ela sorrindo. - São águas passadas. Então... você veio pra cá sozinha? - Não, minha tia Lacy mora aqui, ela me ajuda. - Ela não vai ligar se você estiver aqui fora falando com um até então desconhecido a essa hora da madrugada? - Eu sei me cuidar. Além do que, ela está fora de casa também, lá naquela igreja. Ela gosta muito de ler livros, e bom, aquele lugar meio que já virou uma biblioteca pública hoje em dia, não é? - ela apontou para uma igreja no alto de uma colina um pouco distante. - Ah, entendo. Você poderia estar com ela, mas mesmo assim decidiu ir até a igreja do Pastor Jarbas. - Minha família era de lá, me sinto nostálgica visitando aquele lugar de novo. - E nós nunca nos conhecemos antes, que mundo estranho. - Não é? Eles riram, então Evelline olhou pro relógio e já eram quase 4 horas da manhã. - Acho melhor eu tentar dormir um pouco, se não, eu não sei se vou sobreviver amanhã. - disse ela. - Claro, se quiser eu posso te... *BOOOOM* De repente uma explosão assustou a todos na cidade, e uma fumaça enorme podia ser vista de longe, muita poeira desceu e começou a cair pela cidade. Evelline e Ethan ficaram juntos, eles começaram a correr para casa de Ethan, que era mais próxima. Por um instante Evelline conseguiu ver a origem da explosão, e viu que a colina da igreja tinha sido completamente evaporada. - Não... NÃO, NÃO, NÃO! TIA! Ela tentou correr por uma outra rua, indo em direção a colina, mas Ethan segurou ela e a levou direto pra casa, fugindo da chuva de poeira que tomou conta da cidade toda.
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