Fui até o banheiro da suíte e joguei água no rosto. Me olhei no espelho e, por um segundo, senti uma pontada estranha no peito. Eu não era aquele cara rico, empresário cheio de poder, dono de empresas. Eu era só o Beto, o sujeito enrolado em dívidas, tentando sair do sufoco. Mas ao mesmo tempo… aquele era o preço que eu estava disposto a pagar. Fingir. Segurar firme. Cumprir meu papel. Quando voltei pro quarto, Clara já estava pronta, linda mesmo com o cabelo meio bagunçado. Vestia uma roupa leve, branca, que deixava ainda mais clara a diferença do nosso mundo. Ela sorriu de leve: — Bom dia, Beto. Dormiu bem? — Dormi, sim… — respondi meio sem graça, porque ainda lembrava do momento em que a gente ficou deitado lado a lado, em silêncio, olhando um pro outro antes de dormir. Descemos jun

