Sabina não sabia o motivo de ter sentido tanta vontade de ajudar aquela garota, mas ali estava ela, no hospital, suas pernas balançando, roendo as unhas, sentindo seu sangue escorrer pelo curativo improvisado que fez, os olhares curiosos em si, mas não se importando, ela só queria saber se a garota e o bebê estavam bem.
- Senhorita Hidalgo. - Chamou o doutor, fazendo-a se levantar. Ele então encara os pulsos da mulher. - Podemos fazer um curativo melhor em seus pulsos - O doutor sugere cordialmente. Sabina negou.
- Eu estou bem… Como ela está? Como está o bebê? - Suplicou em um tom quase desesperado.
- Estão bem… - Sabina soltou o ar, aliviada. – A menina está no berçário e ela está descansando, apesar do parto rápido, foi cansativo e doloroso para ela. - Sabina assentiu. - Gostaria de ver a menina? - Sabina hesitou, seria invasivo? Seria desrespeitoso. Havia uma força a puxando e dizendo que ela tinha que ir, então, ignorando todos os questionamentos em sua cabeça, apenas assentiu. - Mas antes terá que cuidar disso, por favor, me acompanhe. - O médico a levou para uma sala, onde uma enfermeira cuidou dos cortes de Sabina para que eles não inflamassem e os fechou com um curativo que envolvia todo o pulso, Sabina agradeceu para a enfermeira que apenas sorriu. Todos sabiam o quão problemática aquela atriz de 19 anos era, então não perguntavam ou eram invasivos, apenas a olhavam, julgando-a em silêncio. O doutor parecia ser o único que não estava a julgá-la e ela agradeceu por isso. O encontrou no corredor e o seguiu até o berçário, havia vários bebês, mas apenas um sem identificação e ainda envolto com o cobertor do hospital. - Não sabemos que nome ela irá querer colocar ou nada do tipo. E ela também não tem roupas.
- Eu posso dar um jeito nisso. - Diz ela e o doutor assentiu. Sabina se virou para ele. – Por favor, doutor, peço sigilo nisso, não quero que a mídia... – O Doutor a interrompeu.
- Tudo bem, Senhorita Hidalgo. – Ele diz a tranquilizando. – Mas ela não tem documentos e nem identificação por aqui e ...
- Eu pago o dobro do que for preciso, mas por favor... Mantenha sigilo. – O Doutor respirou fundo e assentiu, respeitando o pedido da mulher.
- Se quiser ir ficar com ela, ela está no quarto 302. - Sabina assentiu. Ainda passou um tempo olhando a bebê que dormia serenamente, alheio à outros bebês chorando, apenas ali no seu mundinho. A morena então sentiu a necessidade estranha de proteger aquela criança, colocou a mão no vidro em direção ao bebê e prometeu silenciosamente que estaria sempre presente e faria de tudo por àquela pequena menina.
- Sabina, são 2h da manhã. - Sabina ouviu Sina reclamar do outro lado da linha. - O que você quer?
- Preciso de roupas de bebê. - Disse de uma vez.
- Do quê? Roupas de bebê?
- Isso.
- Sabina o que você quer com roupas de bebê? - Sabina arfou com raiva e rolou os olhos.
- Sina, só vem à Los Angeles Maternity com roupas antigas da Lenie, que eu sei que você e a Heyoon guardam, aqui eu te explicarei melhor - Sabina conseguia imaginar a amiga com o cenho franzido com a fala dela, ainda atordoada pelo sono e esfregando os olhos, antes de aceitar e dizer que chega em poucos minutos.
· 15 minutos depois ·
- Lenie vai ficar com ciúmes. - É a primeira coisa que Sina diz ao entrar no quarto, após dar suas informações para a recepcionista que a levou até o quarto onde Joalin estava.
- Lenie só tem um ano. - Diz Sabina indo até a amiga e a abraçando. Sina segurou o braço de Sabina e viu o curativo.
- De novo, Sabina? - Sabina suspirou.
- É... Mas não é hora para bronca. - Sabina pegou a sacola das mãos de Sina e levou para a poltrona onde ela antes estava sentada.
- Eu trouxe umas fraldas, sabonete de bebê e outras coisas a mais além das roupas, incluindo uma chupeta.
- Da Lenie? - Sabina pergunta.
- Claro que não, Sabina, eu comprei em uma farmácia. - Sina encara a garota na cama. - Quem é ela? - Sabina deu de ombros.
- Ela apareceu em minha casa e pediu ajuda, parecia desesperada.
- E você à ajudou? - Perguntou. Sabina se virou com uma fralda, uma roupinha e uma manta.
- Sim... Fica com ela, se ela acordar não a assuste, vou dar isso para as enfermeiras. - Sina assentiu.
Sabina voltou ao berçário e entregou as roupas apara a enfermeira e assistiu a mulher a trocar as roupas daquele pequeno e frágil bebê recém-chegado ao mundo, atenta a cada passo, como se a enfermeira não soubesse o que estava fazendo e fosse quebrar o bebê à qualquer instante. A enfermeira avisou que iria levar o bebê para o quarto, pois ela já estava agitada e logo ficaria com fome, Sabina assentiu e a seguiu, Joalin ainda dormia e Sina também dormia na poltrona com a cabeça para trás e a boca aberta, a enfermeira prendeu a risada e entregou o bebê para Sabina, saindo do quarto.
Parecia algo natural, Sabina ficou com medo no início, mas logo a bebê pareceu confortável em seus braços enquanto a morena a ninava cantando uma canção mexicana qualquer. A bebê tinha os pequenos bracinhos encolhidos ao redor do peito e encarava Sabina, a morena sorriu involuntariamente.
- Quem é você? – Sabina ouve uma voz perguntar, até certo ponto, seca e alarmada. - Sabina se virou e a garota arregalou os olhos. - Ai meu Deus... Você é ...
- Sabina Hidalgo... Sim. - Diz Sabina se aproximando e entregando o bebê para ela. - Desculpe, mas a enfermeira a trouxe e você estava dormindo e ...
- Tudo bem... - Respondeu pegando a garotinha dos braços de Sabina. A garota ainda encarou por um tempo, antes de sorrir fraco. - Você não parece nada com os rumores. - Disse e Sabina sorriu. - Obrigada... E me desculpe, eu não sabia que era a sua casa e ...
- Ei, sem problema... Só espero que você e a bebê estejam bem.
- Livia... - Sabina franziu a testa e a garota encarou a criança, sorrindo. - O nome dela é Livia. - Sabina assentiu.
- Bom... Eu vou acordar a babona ali... Você vai ficar bem? - Sabina sentiu que ela queria falar algo à mais, notou pelo desespero em seu olhar, mas a garota apenas espantou os pensamentos e assentiu, a mexicana não sentiu firmeza. - Você tem para onde ir? - A loira negou.
- Não, mas eu dou me jeito, já te incomodamos demais. - Sabina se sentou ao lado da garota na maca.
- Qual o seu nome?
- Jo-Joalin... - Disse, um pouco assustada e surpresa com a atitude vinda de Sabina. .
- Bom, Joalin... Sei que já ouviu os rumores sobre mim e quero que saiba que você e a pequena Livia me salvaram também, se você realmente não tem para onde ir, você e ela podem ficar na minha casa o tempo que precisarem. - Joalin encara a criança. - Pense nela... - A loira suspirou, parecia loucura, a troco de que a atriz Sabina Hidalgo, queridinha de Hollywood iria ajudá-la. Bom, se talvez, Joalin soubesse que ao pedir ajuda acabaria salvando a vida de Sabina no processo, entenderia o porquê da morena querer tanto a sua presença. Os rumores sobre Sabina eram muitos, mas nenhum sobre assassinato, uma agressão ali e outra aqui com um paparazzi, mas nenhuma morte ou um caso grave e, Joalin tinha que pensar em sua filha, ela realmente não poderia viver vagando por aí com um bebê nos braços, sem dinheiro e sem emprego.
E, aceitando a proposta dada pela atriz e recebendo um sorriso sincero e aliviado da mesma, Joalin mudaria não só a sua vida, como a vida de Sabina também.