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IMPORTADA - Nos braços do Mafioso

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intro-logo
Sinopse

Ela foi enganada. Prometeram fama, carreira e uma nova vida no Brasil. Mas Caterine Volkova foi traficada e jogada direto nas mãos da máfia. Trancada, controlada e marcada pra ser vendida como “mercadoria de luxo”, ela só queria sobreviver. Até que fugiu correndo pelas vielas de uma mansão à beira-mar, cercada de seguranças armados e olhos famintos, ela tropeçou no inesperado: o dono de tudo.Falcão. O homem por trás do império. CEO bilionário. Empresário intocável. Mas também o mafioso que comanda, pelos oceanos, o tipo de carga que ninguém ousa investigar.Ele deveria entrega-la de volta. Ele deveria ignorar. Mas o olhar dela de medo, desespero e fogo ao mesmo tempo parou tudo. Aquela mulher não pedia socorro. Ela exigia salvação. E agora, Falcão está disposto a queimar o próprio império por causa de uma mulher que ele nunca deveria ter tocado.

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01
Catherine Narrando Tem dias em que eu acho que o frio aqui entra pela pele e vai direto pra alma. Acordar em Vladivostok no inverno é lembrar, todo dia, que o mundo não foi feito pra quem nasceu do lado errado da sorte. Abro os olhos sempre antes do despertador tocar. Não porque eu esteja descansada, mas porque meu corpo já aprendeu a acordar com a preocupação. Virei de lado na cama estreita, sentindo o lençol gelado grudar na pele. O quarto era pequeno, as paredes rachadas, a janela m*l vedada. Tinha uma fita adesiva segurando o vidro pra não entrar ainda mais vento. Mesmo assim, a cortina tremia. Respirei fundo, puxando o ar frio, e fiquei alguns segundos ali, só ouvindo. Da sala vinha a tosse da minha mãe. Uma tosse seca, pesada, que parecia arrancar um pedaço dela cada vez que saía. — Mãe? — chamei, ainda deitada. Nada. Só mais tosse. Ela devia estar dormindo de novo em cima da tosse, como sempre fazia. Levantei devagar, enfiei os pés no chão gelado, xinguei em russo baixinho e fui até o banheiro. A água da torneira saiu quase congelada. Lavei o rosto assim mesmo, como se isso pudesse acordar alguma parte em mim que ainda tinha vontade de sonhar. Me olhei no espelho rachado. Olhos verdes, inchados de sono. Cílios longos sem rímel. Cabelo loiro, amarrado num coque improvisado com um elástico velho. Todo mundo dizia que eu era bonita desde criança. Na escola, na rua, na fila do mercado, nas piadas dos homens no ponto de ônibus. “Rosto de boneca.” “Olhos de gata.” “Vai casar com um homem rico, essa aí.” Eu ria por educação. Rica eu ainda estava esperando ficar. Por enquanto, eu só tinha mesmo o rosto de boneca e a conta de luz atrasada. Vesti a calça de moletom, uma blusa de manga comprida, o casaco surrado e enfiei o pé na bota gasta. O zíper já subia pela metade, mas era o que tinha. Na cozinha, havia um pedaço de pão duro e um pouco de manteiga. Cortei o pão em duas partes. Passei manteiga só na metade. — Isso é pra você — ouvi a voz rouca da minha mãe atrás de mim. Ela vinha da sala, enrolada num cobertor velho, cabelo desgrenhado, os olhos cansados. — Já falei que a senhora precisa comer — respondi, deixando o pedaço maior na mesa. — Eu como no trabalho. — Caterine… — ela começou, mas parou pra tossir. — Se continuar assim, quem vai parar no hospital sou eu. E aí você vai ter que trabalhar dobrado pra pagar conta. Tentei sorrir. — Já trabalho dobrado, mãe. Ela deu de ombros, se arrastou até a cadeira, sentou com dificuldade. Minha mãe tinha mãos bonitas. Longas, finas. Foram essas mãos que sustentaram a casa a vida inteira, costurando pros outros. Até o pulmão dela falhar. Agora sou eu que sustento tudo. Comi só um pedacinho do pão, bebi um gole do chá frio e peguei minha bolsa. — Não volta tarde — ela disse. — Quem dera eu pudesse voltar cedo — resmunguei, colocando o cachecol. — Se Dmitri deixar. Ela franziu a testa. — Ele continua…? — ela não terminou a frase, mas eu entendi. — Continua sendo quem ele é — respondi seca. — Mas não se preocupa. Eu sei me virar. Ela sabia e não sabia. Sabia que ele vivia passando dos limites. Não sabia o quanto eu engolia calada. Beijei a testa dela e saí. O vento cortou meu rosto assim que eu pisei na rua. A neve já estava suja, pisoteada, misturada com barro e lixo. As pessoas passavam com o rosto enfiado nos casacos, sem olhar pra cima, cada um carregando suas próprias urgências. A lanchonete ficava a uns quinze minutos andando. Eu podia pegar ônibus, mas cada moeda economizada era uma vitória. No caminho, um grupo de homens fumava na esquina. Um deles me olhou de cima a baixo, sem pudor. — Ei, boneca russa — falou em tom de piada. — Vai congelar essas pernas, assim. Fingi que não ouvi. Acelerei o passo. Ser bonita era isso: meio elogio, meio ameaça. Cheguei à lanchonete com as mãos dormentes de frio. O vidro da fachada embaçado, o cheiro de óleo queimado escapando pela porta. Empurrei, entrei, e o calor do ambiente me bateu no rosto misturado com cheiro de gordura. — Finalmente — ouvi a voz grossa atrás do balcão. Dmitri. Ele estava encostado na máquina de café, barriga grande empurrando o avental, camiseta manchada. O bigode cheio de migalha, o olhar de sempre, pesado demais para ser só de patrão. — Bom dia — respondi, automática. — Bom mesmo, com você chegando — ele sorriu torto. — A lanchonete fica mais bonita. Respirei fundo e engoli seco. — Vou trocar de roupa. No pequeno vestiário, pendurei o casaco, ajeitei o avental, prendi melhor o cabelo. Olhei pro uniforme no espelho: camiseta branca, saia preta até o joelho, meia-calça grossa, tênis. Nada demais. Mas eu sabia que, pros olhos certos, qualquer coisa virava desculpa. Quando voltei pro balcão, Dmitri se aproximou demais pra justificar qualquer coisa. — Sorria, Caterine — murmurou, baixinho, perto demais do meu ouvido. — Cliente gosta de ser bem atendido. E eu também. Forcei um sorriso que não chegou nos olhos. — Tá. — Isso, assim. — ele passou a mão “de leve” na minha cintura pra pegar uma bandeja atrás de mim. Tinha espaço dos dois lados. Ele escolheu passar colado. Meu corpo inteiro se enrijeceu, mas eu não me mexi. Se eu reclamasse, viria o discurso de sempre: “Tá difícil, as contas, o movimento caiu, talvez eu não possa manter duas funcionárias…” E eu não podia me dar ao luxo de testar se isso era só chantagem ou verdade. O movimento começou cedo. Trabalhadores entrando e saindo, pedindo café, salgado, sopa. Eu atendia, servia, limpava mesa, sorria mecanicamente. — Mais rápido, Caterine! — Dmitri resmungou em certo momento. — Essa cara séria espanta cliente. “Essa cara séria é o pouco de dignidade que eu ainda tenho”, pensei. Mas o que saiu foi: — Desculpa. Na hora do almoço, a lanchonete encheu. Um cara deixou cair refrigerante, uma criança derrubou sopa na mesa, uma senhora reclamou do sal. Eu resolvi tudo, limpando, pedindo desculpas, recolhendo, repondo. Foi só lá pelas duas da tarde que eu a vi pela primeira vez. Ela entrou como se não pertencesse àquele lugar. Casaco claro, elegante, caindo perfeitamente sobre o corpo. Cabelo escuro preso num coque impecável. Salto alto — caro demais pro nosso bairro. A maquiagem discreta, batom vermelho suave, um perfume diferente de tudo que eu já tinha sentido ali dentro. Não era dali. Nem fingia ser. Os homens na lanchonete olharam. As mulheres também. Dmitri endireitou a postura atrás de mim, ajeitou o avental. — Atende ela direito, hein — murmurou, como se eu atendesse alguém “errado”. Ela caminhou até o balcão sem pressa, os olhos varrendo o lugar, analisando tudo. Até pararem em mim. Foi um olhar rápido, mas fundo. Do tipo que não repara só na sua roupa, mas mede seu cansaço. — Boa tarde — ela disse, num russo quase perfeito, com um sotaque que eu não soube identificar. — Boa tarde. O que vai querer? — perguntei. — Um chá de limão e… — ela fingiu olhar o cardápio na parede. — Um pirozhki de carne. Anotei, passei o pedido, servi o chá numa caneca branca e o salgado num prato. Ela pagou sem reclamar do preço, que muita gente achava caro. Quando estendi o troco, nossos dedos se encostaram de leve. Ela sorriu. Não um sorriso grande, mas… curioso. — Você trabalha aqui há muito tempo? — perguntou. — Dois anos — respondi. — Todos os dias? — Quase todos. Ela assentiu devagar, como se aquela informação tivesse algum peso especial. — Obrigada, Caterine. Arregalei os olhos. — Como… você sabe meu nome? Ela apontou discretamente pro meu peito. Olhei pra baixo. O crachá torto: “Caterine V.”. Senti minhas bochechas esquentarem. — Ah… é. Ela levou a bandeja pra uma mesa mais afastada, perto da janela. Sentou, tirou as luvas com calma, bebeu o chá devagar, observando o movimento da rua. De vez em quando, eu sentia o olhar dela voltar pra mim. Dmitri percebeu também. — Amiguinha nova? — ele ironizou. — É só uma cliente. — respondi, limpando o balcão. — Cliente chique — ele comentou. — Vai ver é daquelas mulheres ricas que adotam menininha pobre pra virar filha. — riu sozinho, da própria piada. Não achei graça. Quando ela terminou, levantou, trouxe a bandeja até o balcão. — Estava ótimo, obrigada. — Que bom — sorri de leve. — Volte sempre. Ela segurou a bandeja mais um segundo, como se estivesse pensando se dizia ou não o que vinha a seguir. — Eu vou voltar, sim. Não era o jeito que os clientes costumavam falar. Ela falou como quem promete. Não pra lanchonete. Pra mim. Quando saiu, Dmitri assobiou. — Se essa voltar todo dia, não vou reclamar. Eu fiquei olhando pela janela, observando a mulher se afastar pela neve, o casaco claro se destacando contra tudo que era cinza. Não fazia ideia de quem ela era. Nem de por que eu senti um arrepio nas costas quando ela disse que voltaria. Naquela noite, quando cheguei em casa, minha mãe estava sentada à mesa, com uma xícara de chá pela metade e a conta de gás na mão. — Veio mais alta de novo — ela reclamou, sem olhar pra mim. — Não sei como vamos pagar isso, Caterine. Tirei o avental, pendurei na cadeira, sentei à frente dela. — Eu vou conseguir mais horas lá na lanchonete. Ou arranjar outro trabalho à noite. — respondi. — Você já m*l dorme, menina. — Eu durmo o suficiente. Ela levantou o olhar, cansado, mas firme. — Você precisava estudar. Fazer alguma coisa pra você. Não é justo que uma garota da sua idade só trabalhe. Soltei uma risada fraca. — Estudar o quê, mãe? Com qual dinheiro? Vão me pagar em beleza? Ela mordeu o lábio, irritada. — Se fosse pela beleza, você já tinha que estar rica, mesmo. Cada vez que sai na rua, homem quebra o pescoço pra te olhar. Revirei os olhos. — Isso nunca me deu nada, além de dor de cabeça. Ela suspirou fundo, guardou a conta na gaveta como se, escondendo o papel, escondesse o problema. — Às vezes, eu tenho medo de alguém te ver como eu sei que os homens vêem… e te prometer o mundo, Caterine. — ela disse, séria. — Essas coisas não existem pra gente. Não acredita quando vierem com promessas bonitas, tá ouvindo? Assenti, meio distraída, lembrando do casaco claro, do batom vermelho, do “eu vou voltar”. — Eu sei, mãe. Ela levantou, veio até mim, segurou meu rosto nas mãos. — Você é toda a minha vida. Não deixa ninguém brincar com isso. Fechei os olhos por um segundo, encostando o rosto nas mãos geladas dela. — Não vou deixar. Naquela noite, deitada na minha cama estreita, pensei na mulher. No jeito que ela entrou. No jeito que ela me olhou. No jeito que disse que ia voltar. E, pela primeira vez em muito tempo, eu tive a sensação estranha de que alguma coisa, lá fora, tinha reparado em mim. Não como boneca. Não como corpo. Como possibilidade. Eu só não sabia ainda se isso era bom. Ou se era o começo de um inferno muito pior do que aquele balcão frio.

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