capítulo 7

1268 Palavras

Narrado por Kevão O céu ainda era roxo quando abri o olho. Sem sonho, sem susto—só a certeza de que o dia ia custar sangue. A Glock já estava na minha mão antes mesmo de eu pisar no chão frio de concreto. Primeiro cigarro no beiço, brasa viva iluminando a treva do quarto. Na cozinha, Dona Alzira — coque firme, blusa florida lavada até desbotar — mexia o café preto que parecia piche. Conheceu a Rosa, costurou meu calção quando eu ainda chutava lata na rua; hoje costura silêncio pra não morrer de curiosidade. — Bom dia, meu filho — arriscou, ajeitando pão na chapa. Assenti com o queixo, sentei e larguei a arma na mesa, como se fosse colher. O café queimou a língua; dor pequena não faz nem cócega. Alzira respirou fundo, catou coragem entre as rugas: — Hoje… a irmã do Fábio sobe com

Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR