Vitória Almeida
— Quem tá organizando o baile, você sabe me dizer vó? — Alana pergunta pra vovó.
— O Coringa, teu pai tá de viagem! — Ela falou e me olhou meio triste. — Achei super errado isso, eles podiam ter esperado você chegar.
— Aí vó, nem liga muito pra isso! — Falei e me levantei, peguei nossos pratos e fui pra pia lavar.
— Liga sim, teu pai já me ligou e falou que tu ficou brava.— Dei de ombros.
— Vamos ver filme? Aí mais tarde nos arrumamos para o baile, vó vai lá escolher o filme! — Alana fala.
Escuto a minha vozinha sair da cozinha e continuo lavando a louça, sinto a Alana me abraçar por trás e dar um beijo na minha bochecha e ficar do meu lado, olho para ela e sorrio.
— Amiga, relaxa eu tô bem! — Falo antes que ela pergunte.
— Mas não pode negar que tá chateada. — Dou de ombros.
— Às vezes eles são s*******o! — Falo colocando o último prato no escorredor, pego um pano e seco a minha mão. — Agora vamos ver o filme, tô ansiosa pra ficar agarradinha com ela. — Falo a puxando para fora da cozinha.
*****
Me olho no espelho me sentindo uma p**a de uma gostosa, estou vestida com um bori rose e uma saia branca curtinha, tudo bem grudado no meu corpo deixando todos os meus atributos bem destacados.
— Amiga cê tá gostosa demais! — Olho para a Alana e sorrio.
Ela tá com um cropped laranjas, um shorts jeans de lavagem clara, ela tá com uma maquiagem bem fraquinha mas o delineado dela é o destaque, dou uma rodadinha ela sorri animada.
— Amiga hoje é a minha estreia, eu quero abalar corações vamos! — Falo a puxando para fora do quarto.
— Ai meu Deus, vou nem beber muito, tô vendo que vou ter que cuidar de você. — Ela diz com uma cara engraçada.
******
Foi no baile de favela
Que eu vi ela jogando o rabetão pro ar
Foi no baile do Mandela
Que eu vi ela jogar devagar, pra provocar
Bota, bota, bota, bota, bota, bota...
Bota a mão no chão, chão
O Fopi vai te dar catucadão-dão
Bo-bota, bota a mão no chão, chão
O Cardoso vai te botar com pressão (pressão)
Rebolo até o chão colocando o copo pro alto, subo rebolando jogando meu cabelo para o lado, olho para a Alana e vejo ela sendo engolida por um carinha qualquer.
Assim que chegamos no baile eu subi para o camarote e falei com alguns parceiros do meu pai que viu crescer e meti o pé pra ficar no tumulto, perto do povo.
Todos os olhares se dirigiram para mim, eu já estava até desacostumada a ser o centro das atenções, falei com alguns parceiros do meu pai que me viu crescer e meti o pé pra ficar no tumulto, perto do povo.
Assim que eu subi no camarote eu dei de cara com o coringa, envolta deles cheio de mulher praticante pelada, eu não aguentei ver aquela cena.
A Alana percebeu tudo, viu a minha cara e eu não aguentei, contei tudo o que rolou pra ela, Alana como uma boa amiga, mandou eu esquecer e me ajudou a encher meu cu de cachaça.
Agora nós estamos dançando desde quando chegamos, não paramos um minuto para nada.
— Amiga, não olha agora! — Olho para a Alana confusa, ela finge está tirando alguns fios de cabelo do meu rosto. — Coringa tá olhando pra cá bem sério, acho que o bandido tá caidinho por você.— n**o sorrindo e dou de ombros,
— Tá nada amiga, deve tá olhando pra outra. — Fala e ela n**a. — Vamos esquecer ele, sério! — Falo fazendo biquinho.
— Vamos deixar ele no passado, ok ? — Assenti e ela sorri.
De repente as luzes se apagam e o pessoal começa a gritar, começa a tocar uma música e eu olho para a Alana sorrindo.
Sexo, drogas, luzes, flashes
Maconha, dinheiro, bebidas, mulheres
Acelerando pela estrada atrás do money
Acelerando pela estrada atrás do money
Meu bonde na onda contando malote
E o mundo dizendo que tudo foi sorte
Acelerando pela estrada atrás do money
Acelerando pela estrada atrás do money
Atrás do money
Celebridade sem lei
Vivendo essa vida de rei
Mas só eu sei do que eu passei
Fumaça pro alto, conte os seus segredos
Se liberte da sua prisão
Façam suas apostas, amor ou dinheiro
Decifrando o jogo do cifrão
Correndo atrás do malote
Diamante e ouro, não posso
Nasci, não vou morrer pobre
Então não adianta esconder o cofre
Minha rima é igual Kalashnikov
Então corre, o****o, essa bomba explode
Se o trap é a nova religião
Sou apocalipse, esse episódio
Canto animada, pulando do chão enlouquecidamente, Orochi é gostoso demais e canta bem pra caramba.
— Amiga esse homem é perfeito. — Alana grita me olhando, sorrio animada.
— Apertando o cinto, aumentando o volume, aproveita a viagem, a fuga nas mágoa junto com as safada na hidromassagem! — Canto apontando para a Alana.
— Eu só peço a Deus muita paz e saúde e mais um pouco de malandragem, Orochi, bota pra cuspir, menor, Que a vida é uma só, ninguém quer viver no sufoco. — Ela canta animada e toma um gole da sua bebida.
Quando a música termina ele começa a interagir com o público e logo depois ele canta acende o isqueiro, eu canto animada junto com a Alana.
— Foi tão bonito ver, você rebolando a noite toda sem se arrepender, dizendo que não vai mais lutar pra tentar me esquecer. — Canto e sem querer olho para o camarote.
É nessa hora que sem querer eu olho para o camarote e os meus olhos se chocam com o do coringa, ele está com um copo não mao debruçado na sacada do camarote, ele toma um gole da sua bebida sem desviar os olhos de mim, reviro os meus olhos e desvio o olhar sentindo meu coração pular em meu peito.
Mas quando ele canta amor de fim de noite eu sinto uma vontade doida se olhar para o camarote mas graças Deus, a minha amiga não deixa, duas horas depois o show acaba e volta para o funk.
— Loucura que ela fez comigo, desceu pra bandido, sem medo de se apaixonar, na cama, meu vulgo ela chama, te conheço, p*****a! — Alana canta apontando pra mim. —
Você não nasceu pra namorar.
Dou de ombros rindo e rebolo até o chão, sinto uma mão na minha cintura, olho para trás e vejo o João, todo lindo e maravilhoso com a mão na minha cintura me acompanhando na dança.
Sorrio e volto a rebolar contra ele, ele segura na minha cintura dançando junto comigo, de canto de olho vejo a Kiara me olhar rindo e eu faço uma cara de “calada, nem um piu” ela rir e nega
Quando a música acaba eu me viro para o João tirando o cabelo do meu rosto.
— Cheguei e não te vi, achei que não ia vim. — Falei e ele sorriu de lado.
— Tua acha que eu ia perder a oportunidade de te ver rebolar? — Gargalho jogando a minha cabeça pra trás e coloco as minhas mãos em volta do pescoço dele.
— E como você sabe que eu ia vim? — Pergunto curiosa e mordo o cantinho da minha boca.
— Um passarinho verde, tlg? — Olho para o passarinho verde que tá rebolando do meu lado.
— Sei… — Digo rindo.
João se aproxima e me puxa para o beijo, seu beijo é calmo, mas cheio de promessas, ele aperta a minha cintura e eu o puxo contra mim, então ele começa a aprofundar o beijo e eu só consegui pensar o porquê de não ter ficado com ele antes.
Quando o meu ar acaba eu afasto e sorrio, antes que eu consiga falar algo um menino chega do nosso lado e fala algo no ouvido do João, ele assente e o vai embora.
— Pô, eu vou ter que resolver uns bagulho na boca. — Faço bico e ele me dá um selinho. — Mas se pá amanhã eu colo lá na tua goma.— Assinto
— Claro, pode ir sim. — Falo e me afasto, João me puxa para um último beijo e sai andando arrumando a arma nas costas.
Arrumo o meu cabelo e me viro procurando a Alana, mas meus olhos se chocam com o do Coringa, ergo o meu copo o cumprimentando e mando beijo.
Então eu mudo o meu olhar e vou em busca da Alana que deve tá se agarrando com alguém em algum canto por aí.
******
— Amiga, tem certeza que tu tá suave? — Alana pergunta assim que eu desço da moto, devido meus olhos.
— Amiga, eu tô tonta e falando arrastado, mas eu tô bem! — Digo e ela sorri.
— Ok, então vai lá! — Ela fala rindo.
— Não esquece, as treze almoço aqui em casa viu? — Falo e ela assente, dou um beijo na sua bochecha e saio andando.
Entro em casa e fecho a porta atrás de mim, sorrio e jogo a minha bolsa no sofá.
Subo direto pro meu quarto e vou direto pro banho, tiro toda a minha roupa deixando ela jogada no chão, entro no chuveiro de cabeça molhando o meu cabelo, pego o sabão líquido e passo no meu corpo todo.
Finalizo o meu banho e me enrolo na toalha, vou para a pia e escovo os meus dentes, tiro o excesso de maquiagem do meu rosto e penteio o meu cabelo, saio do quarto e quase caiu pra trás.
— O que você tá fazendo aqui? — Pergunto encarando o Coringa que tá em pé no meio do meu quarto olhando umas fotos no porta retrato que eu tirei em Portugal.
O Coringa se vira e me olha de cima a baixo, então é ele se aproxima me olhando bem sério.
— Eu quero saber, que p***a foi aquela no baile?— O olho sem entender. — Tu tá maluca, de ficar se esfregando no p***a do João c*****o?
Abro e fecho a minha boca várias vezes sem acreditar, o coringa tá com ciúmes?
— Eu não te devo satisfação nenhuma coringa, eu beijo, transo e dou pra quem eu quiser! — Falo, é nessa hora que o coringa se aproxima me encostando contra a parede colando o seu corpo no meu.
— UMA p***a! — Ele rosna baixo. — Tu não é maluca Vitória, tu só se faz, mas tu não é! Tu presta atenção nos bagulho que tu faz, tô brincando com tu não.
Empurro ele com todas as forças do meu corpo morrendo de raiva.
— Eu não te devo nada e tu não tem o direito de cobrar nada sobre a minha postura! — Falo e levanto o meu dedo. — Tá vendo esse dedo aqui, não tem nenhuma aliança e isso significa que eu sou livre, tá escutando bem? LIVRE!
Coringa está tenso, ele tá puto e se fosse qualquer outra pessoa ele já tinha metido a mão, mas ele não é louco de encostar em mim.
— Eu tô te dando o papo, abraça ele ou vai aguentar as consequências! — Ele diz e sai do quarto sem falar mais nada.
— MALUCO! — Grito sabendo que ele escutou, já que segundos depois a porta de baixo bate com força, indicando que ele foi embora.
Me sento na minha cama respirando fundo, que p***a aconteceu aqui?