Emma tentou deixar de lado o que havia acontecido, mas simplesmente não conseguia, mesmo enquanto escolhia cada enfeite, cada decoração, cada luz que brilhava onde. Ela ainda pensava em Madelyn e como ela a havia derrubado tão facilmente. Não duvidava que a bruxa tivesse seus meios de a observar e saber onde estava, de controlar seus movimentos e passos, mas conhecimento é poder e ela não conhecia nada a respeito de Madelyn.
Demorou o que pareceu uma eternidade para que terminassem de escolher tudo o que precisavam. A cada momento era mais difícil sorrir e se manter sorrindo, gentil e alegre. Quando finalmente entrou na carruagem, deixou que a postura e o sorriso desabassem junto de todo fingimento.
— Agora fale, por favor, Frederick. — exigiu Emma.
Ele assentiu.
— Bem, Madelyn, ela sempre existiu, eu acho. Não sei há quanto tempo está aqui, mas desde que esse reino surgiu, há bruxos como Madelyn, não gostam do Natal, das festas, da alegria, então querem a todo custo destruir isso. — ele iniciava a explicação dando o contexto que achava importante para Emma — Desde que seu pai foi embora, não conseguimos realizar uma festa de Natal de verdade, Madelyn surge e faz tudo pegar fogo com os poderes dela.
— Mas por que ela odeia o Natal? — questionou Anaïs.
— Não sei. — respondeu Frederick com um dar de ombros — Ninguém nunca conseguiu tirar isso dela. O fato é que Madelyn é poderosa, consegue destruir tudo e já desapareceu com pessoas que ousaram desafiá-la. Ela avisa três vezes, depois ela destrói.
— Ninguém nunca a derrotou?
— Não, mas eu acho que você poderia.
— Como?
— Você tem poderes e um bom coração, é o exato oposto de Madelyn. Só precisamos te treinar em luta e com seus poderes, e descobrir quem é o ajudante da bruxa.
— Ela tem um ajudante?
— Sim, ele também tem poderes, mais fracos que os dela, mas ele serve a ela ajudando em tudo o que Madelyn faz. Só que ninguém sabe a aparência dele e nem o nome, nunca usam o nome dele e mudam como ele se parece toda vez.
Emma deixou sua cabeça pender levemente para o lado.
— Isso é curioso, como pegar alguém que você não sabe quem é? Um desafio de fato. — comentou Emma e então algo surgiu em sua mente — Ele não tem um nome?
— Não, ela o chama de lacaio. — replicou Frederick.
— Bem, ainda hoje temos tempo, então começaremos a lição de magia depois do chá da tarde. — sugeriu a ruiva.
— Eu acho uma ótima ideia.
***
Assim que dispensado, Dante retornou ao castelo, para seu quarto no local. Destrancou a porta, mas a deixou fechada. Foi diretamente para sua cama e abriu um livro qualquer que estava em sua cabeceira. Não se concentrava nisso de fato, estava concentrado em ouvir os barulhos fora dali.
E foi assim que pode dizer quando Emma chegou ao castelo, ela passou por sua porta conversando com a amiga. Dante precisava conseguir que as amigas ficassem separadas por um momento, para que ele pudesse entregar o presente e tentar flertar, se ela achasse que estava interessado nela, então passaria a confiar em porquê ele queria tanto continuar ali.
Poderia oferecer para colocar a estrela no topo da árvore, mas a julgar pelo resto do lugar, ainda não haviam escolhido as árvores.
Alguns minutos se passaram até que ele resolvesse levantar da cama, o feitiço na estrela já havia sido feito, agora precisava da árvore para fazer com que Madelyn tivesse um ponto de observação. Dante pegou a estrela embrulhada e saiu do quarto em direção ao da rainha.
Ele cruzou o corredor e seguiu diretamente para as escadas que davam no andar de cima, onde Emma e os amigos estariam. Ao chegar no final das escadas, deparou-se com guardas impedindo seu caminho.
— Boa tarde senhores, como vão? Eu sou um artesão que está como convidado neste lugar e fiquei de entregar um enfeite para a rainha, alguém poderia checar se ela me receberia?
Os guardas olharam de um para o outro com desconfiança, Dante estava preparado para lançar um feitiço de persuasão, mas um dos vigilantes deu de ombros.
— Bem, não custa perguntar, se ela estiver esperando mesmo, não seremos nós a impedir nada.
O homem alto e de ombros largos saiu, restando o outro guarda igualmente musculoso.
— Você é o da exibição lá das artes no salão de jantar, não é?
— Sim, eu mesmo.
— Você tem coisas bonitas, acho que vai receber bastante encomenda.
— Assim espero, de verdade. — ele mentiu com um sorriso.
Pouco depois o guarda que havia saído retornou e pediu que Dante o acompanhasse, ele o fez.
Caminharam uma curta distância pelo corredor e pararam diante de uma porta com uma guirlanda branca e dourada. O guarda bateu na porta, segundos depois ela foi aberta revelando Emma sozinha no quarto.
— Obrigado por acompanhar o Senhor Fallace até aqui, pode voltar ao seu posto, Ralph, eu chamo se precisar.
— Como quiser, majestade.
Ele fez uma reverência e saiu. Dante continuou parado esperando pelo que Emma faria.
— Eu estou tomando meu chá da tarde, então se importa de entrar? — ela perguntou com suavidade.
Ele negou e a seguiu para dentro do quarto, foi mais fácil do que ele pensou que seria.
— Se me permite perguntar, onde está sua amiga?
— Ah, ela está lá embaixo com os outros, eu precisava de um momento a sós, pedi para ser servida aqui, jantarei com todos a noite. — ela explicou.
— Sinto muito por ter atrapalhado, serei breve.
Emma dispensou as desculpas com um gesto de mão.
— Houveram muitas encomendas das suas coisas?
— O suficiente. — ele garantiu.
— Bem, obrigado por trazer minha estrela, ainda não tenho árvore, acho que vamos escolher essa semana ainda, de qualquer forma é bom ter um enfeite.
— Claro majestade, uma estrela para outra, nada mais justo.
— Você está sendo galanteador, agradeço, mas não há necessidade. — ela garantiu antes de beber um gole do chá.
— Estou sendo sincero, majestade, você é muito bonita e sua alegria é contagiante, ilumina o ambiente ao seu redor. Você chegou ontem, mas toda a cidade está mais alegre do que nunca e se me permite dizer, eu também.
Ele sorriu ao ver Emma corar e ela levou as mãos às bochechas sentindo o calor que irradiava por conta da timidez com tantos elogios.
— Bem, obrigado. — ela respondeu baixinho.
— Não precisa me agradecer por dizer a verdade. — ele garantiu — Eu devo, você quer ter um momento sozinha e eu estou atrapalhando.
Dante caminhou para a porta, mas sabia que seria impedido de sair.
— Está tudo bem, se quiser ficar. — ela ofereceu.
Ele sorriu ao vê-la morder a isca que ele havia jogado, virou-se para ela com uma expressão de surpresa.
— Não precisa oferecer por gentileza, majestade, fico feliz em apenas ter me recebido.
— Você é uma boa companhia, não estou oferecendo apenas por gentileza.
— Ah não?
— Não, em troca de ficar aqui terá que me contar sobre seu vilarejo, sua vida lá.
Dante ergueu as sobrancelhas, bem teria que inventar algumas mentiras, mas nunca foi r**m em fazê-lo.
— Pergunte o que quiser.