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ALIANÇA SECRETA

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Sinopse

Aliança Secreta

No coração de um morro carioca, onde a lei do tráfico impera e o medo anda lado a lado com a sobrevivência, Olívia luta para manter sua família de pé. Aos 18 anos, ela é o alicerce da mãe e das irmãs mais novas, sonhando com uma vida longe da violência que a cerca. Mas seu destino muda drasticamente quando seu pai, Wando, um ex-traficante recém-libertado da cadeia, faz um acordo impensável para salvar a própria pele: ele vende Olívia para Madrugadão, um dos donos de morro mais perigosos da região.

Desesperada para escapar de um destino c***l, Olívia recorre à única pessoa capaz de protegê-la: Urso, o líder do tráfico no seu morro. Misterioso e temido, ele nunca demonstrou interesse nela—até agora. Para impedir que Madrugadão a tome, Urso propõe um pacto: uma aliança secreta, onde ele a assume como sua.

Mas num mundo onde confiança é uma moeda rara e qualquer passo em falso pode significar a morte, Olívia se vê presa entre o medo e a atração crescente pelo homem que a jurou proteger. Será que essa aliança é sua salvação ou apenas uma nova prisão?

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Capítulo 1 – O Peso Nas Minhas Costas
OLÍVIA Cresci ouvindo que filho não tem que sustentar a casa, que responsabilidade de adulto é coisa de adulto. Bonito na teoria. Na prática? Meu nome é Olívia Nogueira, tenho 18 anos e ajudo a sustentar a minha família desde os 15. — Ô, princesa, bora agilizar esse pedido aí? — Seu Naldo, o dono da pizzaria, grita da porta da cozinha. — Tô terminando, chefe! A caixa de pizza tá quente na minha mão, e o cheiro de queijo derretido me dá fome, mas já aprendi a ignorar. Trabalhar aqui no morro é isso, correr pra cima e pra baixo equilibrando bandeja e evitando esbarrar nos caras armados que ficam na porta. Não que eu tenha escolha, né? Desde que meu pai foi preso, a vida ficou ainda mais apertada. Minha mãe sai de casa antes do sol nascer pra passar roupa e limpar apartamento de madame na Zona Sul. Minhas irmãs? Só estudam e esperam tudo cair do céu. — Ó, entrega lá pro Alemão. — Seu Naldo coloca mais uma pizza no balcão. O Alemão é um dos gerentes do tráfico, braço direito do Urso, o dono do morro. Gente r**m. Mas fazer o quê? No morro, tem que respeitar. Pego a pizza e saio pro beco escuro, desviando dos moleques que jogam bola descalços no meio da rua. Esse lugar é um caos, mas é minha casa. Eu sempre sonhei em sair daqui, morar em outro canto, longe dessa guerra. Só que sonho não paga conta, né? Manhãs na Escola, tardes na ONG e noites na pizzaria. No dia seguinte, acordo cedo pra ir pra escola. Último ano. Parece que nunca vai acabar. Aula de manhã, trabalho na ONG de tarde. Pagam pouco, mas eu gosto de ajudar na turma do balé. As meninas são cheias de sonhos, tão diferentes de mim. Enquanto elas falam em virar bailarinas famosas, eu só penso em ter grana pra pagar as contas do mês. No intervalo, encosto no muro e abro o celular. Mensagem da minha mãe. "Filha, não esquece de buscar o feijão na dona Jô. Vou chegar tarde hoje." Nada novo. Minha mãe trabalha feito condenada, e eu cubro os buracos. Olho pro lado e vejo minhas irmãs sentadas na rodinha com as amigas, rindo. Vendo assim, até parece que a vida é fácil pra elas. O Inimigo Tá Voltando Na volta pra casa, subo a ladeira com um saco de arroz numa mão e o feijão na outra, doações. Quando viro a esquina, vejo dona Neide, a vizinha, no portão. — Oi, minha filha. Soube da novidade. Seu pai tá pra sair, né? Parece que um buraco abre debaixo dos meus pés. — O quê? — Faltam só uns meses. Tá quase livre. Engulo em seco. Meu pai pode até estar voltando, mas não é por saudade da gente. Não duvido nada que vá trazer mais problema. Se tem uma coisa que aprendi nesse morro, é que azar nunca vem sozinho. Mais uma noite agitada na pizzaria, entregas perto sou eu mesma quem faço a pé. Subo a viela com a pizza equilibrada na mão, desviando dos buracos no chão e dos moleques correndo atrás de uma bola furada. O morro tá como? Pegando fogo, cheio de gente na rua, as caixas de som tocando aquele funk proibidão que a vizinhança finge que não ouve. Quando chego na boca, dou de cara com os soldados do tráfico espalhados pelos cantos, fumando, rindo alto. Mas quem tá na cadeira de plástico, com um copo de whisky na mão, não é o Alemão. É o Urso. Papo reto, esse cara impõe respeito. Alto que nem um poste, ombros largos, cara fechada. Se ele chega num lugar, todo mundo já sabe que é pra sair da frente. Ele não anda, ele desfila com aquela presença de quem manda e desmanda. Paro na frente dele, segurando a pizza. — Achei que era pro Alemão — solto, tentando parecer natural. Urso levanta o olhar devagar, como quem mede minha reação antes de falar. — Mudança de planos. Agora sou eu que vou jantar. O silêncio pesa por um segundo. Eu só quero largar essa pizza e vazar. Mas antes que eu possa falar qualquer coisa, ele enfia a mão no bolso e puxa uma nota de cem. — Fica com o troco, Olívia. Ele sempre faz isso. Toda vez que sou eu que trago a pizza, ele dá gorjeta generosa. Nunca fala nada demais, nunca passa do limite. Mas sei lá… Tem alguma coisa nesse jeito dele que me dá um arrepio diferente. Pego o dinheiro, forço um sorriso e saio rapidinho dali. Melhor não dar papo. Melhor não dar ideia. O morro já tem regra demais, e eu não tô afim de quebrar nenhuma. No morro, perigo e rotina andam de mãos dadas. Urso sempre me dá essas gorjetas, e eu sempre finjo que não significa nada. Mas a real? Me incomoda. Não porque ele seja grosso ou desrespeitoso, pelo contrário. Ele nunca foi desses que mexem ou botam pressão. O que me incomoda é que eu não entendo por quê. Já vi ele dar dinheiro pros moleques da favela, ajudar a dona Lurdes quando a casa dela caiu com a chuva, mas comigo… sei lá. Parece diferente. Desço o beco apressada, enfiando a nota de cem no bolso. O vento quente bate no meu rosto, misturando o cheiro de comida com o de baseado que sempre fica no ar. Quando viro a esquina e saio da área do tráfico, solto o ar pesado que tava prendendo no peito. Preciso sair desse lugar. Chego em casa e, como sempre, as minhas irmãs tão largadas no sofá. Pâmela tá com o celular na mão, rindo de alguma coisa, enquanto Mônica mastiga um biscoito, o saco virado no sofá sujando tudo. — Vão arrumar a cozinha, c*****o! — jogo a bolsa num canto e encaro as duas. — Nossa, que estresse — Pâmela revira os olhos. — Ah, vai se f***r! Vocês tão achando que eu sou empregada agora? Trabalhei o dia inteiro e chego aqui pra encontrar essa zona? Mônica suspira alto, mas levanta arrastando os pés. Pelo menos essa ainda tenta fingir que faz alguma coisa. Pâmela, nem isso. Vou pro quarto, jogo o tênis pro lado e desabo na cama. Minha cabeça tá a mil. Meu pai vai sair da cadeia. Meu estômago revira só de pensar. Esse desgraçado nunca foi pai de verdade. Bateu na minha mãe, gritou comigo, sumiu quando precisou. E agora vai voltar? Pra quê? Uma sensação r**m se arrasta pelo meu peito. Se ele voltar pro morro, vai trazer merda junto. Eu sei. Eu sinto. Levanto da cama com a mente fervendo. Minha mãe deve saber de alguma coisa. Ela é a única que ainda visita aquele traste, mas eu nunca pergunto nada. Não quero saber, não me interessa. Ele nunca serviu pra nada, só deu desgosto pra gente. Saio do meu quarto e bato de leve na porta dela. — Mãe? Escuto um barulho baixo, tipo de sacola sendo mexida, e depois a voz dela: — Pode entrar. Abro a porta devagar. O quarto da minha mãe é pequeno, com um colchão no chão, um armário velho e um ventilador que faz mais barulho do que vento. Ela tá sentada na cama, tirando os sapatos depois de um dia inteiro faxinando, também acabou de chegar. Os olhos dela tão fundos, cansados. Minha mãe carrega o peso do mundo nas costas, e eu sei que, de um jeito ou de outro, ela ainda sente alguma coisa pelo meu pai. Mas eu não sou ela. Encosto na parede, cruzo os braços. — O pai vai sair, né? Ela para de mexer no sapato e levanta o olhar pra mim, surpresa. — Quem te falou? — Dona Neide. Ela solta um suspiro e passa a mão no rosto, como se tentasse decidir o que falar. — Vai, mãe. Fala logo. — Sim, Olívia. Ele vai sair. Ainda falta uns meses, mas já tá tudo certo. Meu estômago revira. — "Tudo certo" pra quem? Pra gente não tá, não. Ela aperta os lábios, como se segurasse alguma coisa. — Ele quer ver vocês. Solto uma risada seca. — Certeza que quer. Só não sei se é porque tá com saudade ou porque precisa de um canto pra se esconder. Minha mãe desvia o olhar. Ela sabe que eu tô certa. — Ele mudou, Olívia. — Ah, mudou? Virou crente, agora? Tá pregando na cadeia? — Para com isso, menina! — Ela me olha feio. — Eu sei que ele errou, mas ele ainda é seu pai. Sinto o sangue ferver. — Pai? Desde quando? Pai some? Pai larga a família na miséria? Pai mete a gente nessa vida de merda e nunca faz nada pra tirar? Ela fica em silêncio. Eu tô tremendo de raiva. — Só te digo uma coisa, mãe — dou um passo pra trás, segurando a porta — Se ele voltar pra cá achando que ainda manda alguma coisa, eu mesma boto ele pra correr. Saio do quarto batendo a porta. Se ele quer voltar, então que se prepare. Porque eu não sou mais aquela menina b***a que ele deixou pra trás. PARA ME AJUDAR: ADICIONE O LIVRO NA BIBLIOTECA, DEIXE MUITOS COMENTÁRIOS, BILHETE LUNAR E ME SIGA AQUI NO DREAME.

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