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1437 Palavras

ANTÔNIO NARRANDO Eu caminhei pelo corredor da casa do meu filho devagar, sentindo aquele cheiro conhecido de ar-condicionado misturado com perfume de casa rica. Um cheiro que eu mesmo ajudei a construir, tijolo por tijolo, nota por nota, negócio por negócio. Mas desde o acidente, aquele ambiente parecia grande demais pra ele. E pequeno demais pra dor que carregava. Bati duas vezes na porta. Não ouvi resposta. Empurrei devagar. E a cena que eu encontrei não era a que eu esperava. Meu filho sentado na cama, meio curvado, com a postura rígida de quem tá tentando parecer inteiro. A cuidadora… Isabela… sentada na beira da cama, perto das pernas dele, segurando o celular dele e olhando pra tela como se estivesse resolvendo o enigma da humanidade. E os dois… conversando. Juntos. Próximos.

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