Johanna Drummont
Sinto um toque quente bem perto do meu ombro. Mas não é toque de mãos ou algo parecido, é a respiração dele que toca a minha pele. Ainda estou paralisada aqui no lugar e fico sem saber o que esperar de fato. Nada é dito. Ele ainda não me toca e o silêncio predomina por completo.
Pouco depois, o que ouço é a sua respiração mais uma vez.
— Vire-se, Johanna! — Eu tento me mexer, mas não consigo e nessa altura, a minha vista fica completamente desfocada pelas lágrimas. — Eu mandei virar...
— E-eu não consigo... — Respondo com a voz embargada. — E-eu n-não consigo fazer isso.
— Você sabe muito bem que devemos consumar o casamento. É a lei! — A sua voz não é nada amigável e juro que tento reagir. — Vire-se, Johanna!
Sem opção, eu tento ao menos puxar o ar e viro-me lentamente. Não tenho total certeza por conta das lágrimas, mas, o vejo sem camisa e usando apenas uma calça lisa. De frente a ele, sinto o seu perfume misturado com sabonete fresco, mostrando que ele se banhou há pouco.
Sinto as minhas mãos tremerem por dentro, estão frias e descontroladas. Uma lágrima escorre pelo meu rosto e rapidamente, tento secar o rosto.
Ryder, me observa com atenção e vejo bem o olhar que ele me dá. Me sinto intimidada. É como se ele estivesse me avaliando por completo, porque os seus olhos descem enquanto ele ergue uma sobrancelha. Parece até que ele se questiona de algo mentalmente.
Essa sensação é horrível!
— É uma mulher bonita, Johanna! — Não esperava ouvir isso dele. — Se cooperar, podemos ter uma relação tranquila e poderemos evitar problemas. — Nisso, ele olhar bem para as minhas mãos. — É melhor controlar os seus nervos, porque eles vão atrapalhar. Se controle que quanto antes começarmos, mais rápido terminamos.
Ele não me dá espaço para responder. Quando pisco, já sinto a coluna nas minhas costas e a sua mão agarra o meu queixo. Tudo é muito rápido e de repente, ele me beija sem delicadeza alguma, enquanto se cola a mim. Isso está indo rápido e não sei bem reagir a esse momento.
Me sinto sufocada pela forma firme e de certa forma, pesada. Os seus dedos apertam o meu queixo e a minha cintura de uma forma e isso não ajuda em nada a me acalmar. Não consigo acompanhar os movimentos dos seus lábios e quando menos espero, sinto um sabor salgado inesperado.
Inicialmente, ele parece não se incomodar e continua como se nada estivesse acontecendo. Ele não me deixa respirar, o ar me falta e mais uma vez, o salgado nos lábios ficam mais fortes.
— Já chega! — Ele se afasta me dando um susto enorme. — Qual é o seu problema? Eu te machuquei?
— N-não..., e-eu só preciso de um tempo. — Respondo com medo até de olhar para ele agora. — Por favor.
— Você já teve esse tempo, não lembra? — Nisso, ele chega mais perto e agarra o meu rosto. — Recomponha-se e tome o controle. Eu não forço ninguém e não vou levar uma mulher para à cama chorando sem parar. É patético! — Engulo em seco tendo um olhar irado e obscuro. — Coloque na sua cabeça que estamos casados e que eu tenho direito total sobre você. É minha mulher e vai exercer essa função como tal. Entendeu? — Noto um certo esforço e procura de controle dele. — Eu fiz uma pergunta.
— Entendi... — Sussurro por não encontrar a minha voz e olho bem nos olhos dele de forma forçada.
— Ótimo! Você já me irritou por hoje e vou dormir em outro quarto. — Nisso, ele dá meia volta e sai batendo a porta.
Estremeço pelo som forte que ecoa no quarto e deslizo pela coluna chegando ao chão. Poderia ter sido pior. Nem quero imaginar o que outro faria comigo no seu lugar. Ainda sinto como se a sua mão estivesse apertando o meu queixo e foi quando notei a sua vontade de ter controle.
Por vontade maior, ele queria apertar mais, mas o vi bem parar.
Eu não sei como isso pode dar certo. Nesse momento, a lei não faz muito sentido na minha cabeça mesmo eu sabendo que deve ser cumprida. Eu preciso saber mais dele para tentar me sentir mais a vontade com a sua presença, mas, não sei se vai dar certo. Ele tem o jeito autoritário como muitos homens da máfia e é exatamente como o meu pai era em casa.
Não queria fazer essa comparação, mas é inevitável!
Enquanto fico sentada aqui agarrada aos meus joelhos, fico me perguntando se vou conseguir suportar isso ou ao menos tentar. Ele não se mostra uma pessoa aberta a conversas e desde cedo, só mostra essa impaciência e indiferença. Até a forma como ele me olha é estranha.
Me sinto cansada e esse cansaço é pesado. Pouco depois, faço um esforço para me levantar e vou para à cama. Tem o perfume dele aqui, bem no travesseiro e está em todos eles. Não é forte. Ao me deitar, eu me cubro aqui com a cabeça latejando sem parar e só espero que amanhã, a gente possa conversar.
Não conversamos sobre nada ainda e eu preciso saber quem é o homem com quem me casei.
{ . . . }
Acordo com uma luz forte no meu rosto e ela vem das portas da varanda abertas. Me cubro em defesa e ao olhar para os lençóis, eu e lembro da noite anterior. Me sento num pulo na cama e olho ao redor tendo a mente bombardeada de lembranças. Eu me casei. Meu marido é impaciente e estressado. E eu, me neguei a dormir com ele.
Espero que esse dia seja melhor!
O quarto está em completo silêncio e não vejo sinal de nada. Acho que estou só. Então, eu me levanto da cama e ando com cuidado pelo quarto. Noto o banheiro vazio e o closet também, então, fico mais aliviada por enquanto.
Não faço ideia de que horas são, mas, já decido me banhar. Com a toalha em mãos, eu vou à pia e escovo os meus dentes. Depois, eu lavo o rosto e vou para debaixo do chuveiro. Opto por uma água bem morna na tentativa de me acalmar e faço de tudo para ser um banho rápido.
Depois, vou ao closet e procuro um vestido para usar e vou me vestindo.
— Senhora? — Ouço batidas na porta e volto ao quarto. — Bom dia, senhora! Vim chamá-la para o seu desjejum. — Celeste, já entra com cautela e mostra um sorriso prestativo.
— Obrigada, Celeste! Eu vou já descer. — Digo mostrando que estou me arrumando.
— Precisa de ajuda? — Negö na mesma hora.
— Não. É..., eu só vou terminar de me arrumar. — Mostro que vou voltar ao closet e ela apenas sorrir pequeno.
— Eu espero. — Ela fica parada no lugar bem perto da porta.
Volto a pentear os meus cabelos e depois, eu uso um pouco de perfume. Coloco algo nos pés bem confortável e sinto a minha barriga completamente vazia. Preciso comer. Estando pronta, saímos do quarto juntas e descemos as escadas.
Celeste, parece ser muito observadora e prestativa. Isso me intriga! Isso também me faz pensar nas coisas que ela sabe sobre essa casa e claro, sobre Ryder. Será que um dia eu vou conseguir saber algo por ela? Sinto que existem segredos por aqui.
Então, ao chegar à sala de jantar, eu o vejo. Ryder, está sentado bem na ponta tomando o seu café e engulo em seco enquanto me aproximo. Quando ele me vê, já noto o olhar de ontem, mas está mais escuro e noto bem o seu mäu-humor.
Acho que tudo piorou de ontem para hoje.