Thursday

2907 Palavras
Seven Days Thursday p.f.amaro   Taehyung sentia algo molhado em seu pescoço, era uma sensação boa quando juntava essa mesma sensação com o toque suave em sua bochecha. Acordou sorrindo naquela manhã. Foi quando se lembrou, estava sozinho em seu quarto, não deveria ter nada o tocando. Abriu os olhos de imediato, mas relaxou assim que viu que era Matthew. O americano não deveria estar ali, mas se estava, é porque alguém tinha deixado entrar. — Bom dia, Tae. — o maior sussurrou e logo em seguida sorriu. — Bom dia. — Taehyung respondeu confusa enquanto tentava se erguer na cama — Como entrou? — Sua mãe me deixou entrar. Tinha que ter dedo de sua mãe no meio, sempre tinha. Se não fosse pra tornar a vida do filho mais constrangedora, Kim Yerin nem acordava de manhã. Mas voltando ao caso, Taehyung se tocou que estava atrasado, seu celular não havia despertado, e nele haviam dezenas de mensagens do próprio Matthew perguntando por ele. Por sorte, ao olhar a hora, ainda havia tempo para tomar banho e ir para aula. Essa era a vantagem de ter um namorado com carro. Correu para o banheiro e tomou um banho rápido. Não conseguiria dizer se escovou seus dentes direito ou se usou shampoo no corpo ao invés do sabonete. Só sabia que para ele já era o suficiente, deixaria para lavar os cabelos depois. Enrolou-se em uma toalha e retornou ao quarto, vendo que Matthew havia mexido em seu guarda-roupas e pego seu uniforme escolar. Sorriu ao ver o americano sentado ao lado da janela, e aproveitou a distração do mesmo para se trocar sem que ele o olhasse. Tudo bem que era seu namorado, mas não precisa o ver sem roupas, se sentia envergonhado só de imaginar. Quando Matthew finalmente o olhou, já havia posto a calça e abotoado metade da camisa. Parou o que estava fazendo assim que viu o mais o olhando, o rapaz o olhava de uma forma que nenhuma garota o havia olhado antes. De fato, admitia, aquele olhar penetrante mexia consigo. — O que foi? — Taehyung perguntou vendo que o rapaz não parava de encará-lo. — Está abotoando errado. Nesse instante seu olhar baixou para os botões da camisa, estava pronto para responder malcriado, todavia notou que estava mesmo colocando os botões desordenados, estava tão apressado para se vestir que nem notara o quão bagunçado estava ficando. Matthew levantou-se de onde estava, caminhando em direção ao namorado, que começara a ficar apreensivo. De uma hora para outra, Taehyung começou a sentir seu corpo formigar sempre que Matthew se aproximava, era uma sensação desconhecida, mas ao mesmo tempo era boa. E quando aqueles dedos ásperos tocaram sua pele, sentiu um leve arrepio, Matthew começara a desabotoar os botões bagunçados de sua camisa, espalmando a mão sobre seu abdômen assim que terminou de tirar todos. — Você tem um bom corpo. — o mais alto elogiou, descendo seus dedos cada vez mais, parando assim que tocou o cós da calça. Taehyung sentiu seu interior congelar. — Não é como o seu, mas gradeço. — Como conseguiu apagar a marca que te deixei ontem? Ah, ele com certeza não iria querer ouvir a história toda, porque além de longa, era constrangedora, ainda mais porque envolvia sua mãe e um balde de água gelada. — É um segredo de família. E era melhor permanecer assim, um segredo. Matthew não quis mais fazer perguntas sobre o assunto. Porém se sentia desapontado, havia gostado de ver aquela marca ali, todavia entendia o lado do menor, era um tanto constrangedor andar por aí com uma marca roxa enorme no pescoço. Uma espécie de telão gigante gritando aos quatro ventos que alguém andou te dando uns pegas. — Eu queria marcar o seu corpo inteiro. — aquela frase fez todos os pelos do corpo de Taehyung se arrepiarem, era mais do que algo dito da boca pra fora, vindo de Matthew, aquilo era um possível aviso. — Matthew, nós vamos nos atrasar. — o mais tentou desviar do assunto, aquilo o assustava, sabia que se dependesse do americano as coisas sairiam do controle, mas Taehyung tinha medo disso, medo de deixar as coisas tomarem profundidades desnecessárias, e chegarem num ponto de não ter mais volta. Matthew sorriu como sempre sorria, sabia que seu sorriso deixava Taehyung mais calmo. Lentamente colocou os botões de volta nas casas, arrumando a camisa branca do mais novo, logo em seguida ajeitando a gola e a gravata. Os cabelos muito arrumados foram bagunçados pelo maior, mesmo secos eles ainda eram muito macios, ainda com o cheiro que sentiu na noite passada. Taehyung tinha um cheiro bom, poderia senti-lo pelo dia todo. Inconscientemente o menor o abraçou pela cintura, deixando que sua cabeça no ombro do maior, parando por um segundo para sentir o seu cheiro. Por que estava assim? O que aquele homem tinha que o deixava dessa maneira? — Taehyung, nós vamos nos atrasar. Acordou de seu transe. Se Matthew não tivesse dito nada, teria esquecido o tempo passar. Soltou-se do maior e juntou seus livros na mochila. Mas foi o americano que colocou a mochila em um dos ombros, o mais velho não reclamou. Desceram as escadas passando reto pela sala antes que a Sra. Kim os visse e começasse com uma sessão grátis de vergonha alheia. Já no carro, Matthew deixou a mochila de Taehyung no banco de trás, e colocou o cinto de segurança. O coreano achou aquilo estranho, Matthew sempre o beijava no carro. Por que não fez isso? Porém não disse nada, haviam tido tempo suficiente para ter feito isso antes, se Matthew não o beijou, era porque não queria. O caminho foi silencioso. Taehyung tinha muita coisa pra pensar. A chegada na escola foi a mesma coisa de sempre, andar de mãos dadas pelo corredor e Matthew o acompanhar até a sala, se despedindo do mesmo com um beijo na testa. O mais velho adorava isso, era uma sensação de carinho mutuo. — Desculpe não ter parado pra comprar um café da manhã decente pra você. — Matthew dizia enquanto revirava sua própria mochila — Mas eu tenho um monte de barras de cereais pra você enganar a fome até o almoço. Taehyung apenas abriu sua mochila recebendo tudo o que o americano quisesse lhe dar, mas não disse uma só palavra, algo ainda o incomodava, e acredite se quiser, não era fome. — O que há com você? — Não me beijou hoje. Matthew quis rir, mas segurou, Taehyung ficava fofo quando estava chateado, o bico vinha automaticamente, e o americano adorava isso. Mas não disse nada, apenas sorriu e beijou os lábios do menor rapidamente, em um simples selinho. — Nos vemos no almoço, Tae.   [...]   BamBam é o ser humano mais inconveniente do mundo. Só perdia para o pai de Taehyung mesmo.   Na escola ele já podia ser considerado o melhor aluno quando o assunto era papo inapropriado, em pleno horário de almoço o assunto na mesa era qual jogador do time de basquete era melhor na casa, e não sei se todos aqui já chegaram a entender, mas para os que não entenderam, BamBam é mais gay passivo do que Taehyung. — Você joga no time, Tae, sua opinião é a que conta. — Jiwoo estava no mesmo rumo que BamBam, por mais que a garota não fosse de falar tantas besteiras, ela estava animada com o fato de que todo mundo ali gostava de homem. — A opinião dele não conta muito, ele namora um dos jogadores, claro que vai falar que é o namorado dele. — o tailandês meteu mais uma de suas pérolas. — Não tenho como saber disso. A frase deixou BamBam chocado, o rapaz até mesmo parara com seu suco apenas para encarar a face de Taehyung, que olhava para a mesa vazia choramingando internamente por ter se perdido tanto com Matthew a ponto de esquecer sua carteira, e ter dois amigos unhas de fome que traziam o dinheiro contadinho apenas para um almoço. — Ah é, eu tinha esquecido que você é um puritano. — o amigo debochou — Eu já teria liberado e deixado o cara me arregaçar. — Você tem mesmo que falar essas coisas? — era nessas horas que Taehyung parava para pensar que deveria rever seus pré-requisitos para amigos. Andar com BamBam não era algo saudável, isso ele já tinha certeza. — Mas confessa pra gente, Tae, você pode até não querer fazer nada, mas e ele? ‘Tá aí algo que não tinha nenhuma dúvida. Todos os toques de Matthew indicavam suas intenções, o americano queria prova-lo por inteiro, e iria até o final no momento que Taehyung dissesse que podia. Sabia disso, sabia que seu namorado faria com ele qualquer coisa no momento que aceitasse. — Hoje ele me disse que queria marcar o meu corpo inteiro. — confessou — O que acha que isso significa? O sorriso pervertido que surgiu como fênix nos lábios do tailandês já dizia tudo. — Toma cuidado, oh puritano virgem, Taehyung seria o responsável por criar a sua própria teoria dessa frase, pois BamBam não iria explicar. E de todas as coisas que pudesse pensar, nenhuma era boa. Sua fome só aumentava, seu dia havia começado bom, mas estava tomando um rumo não tão legal. Era mesmo um azarado, e estando de compromisso com alguém, sabia que nenhuma garota lhe ofereceria nada. Azar, muito azar mesmo. Estava pronto para fazer o maior drama quando uma bandeja surgiu entre suas vistas, uma bandeja nada modesta, diga-se de passagem. Levantou o olhar vendo Matthew se sentando ao seu lado, o maior havia comprado seu almoço, e pelo tanto de comida que tinha ali, o americano já o conhecia muito bem. — Comprou meu almoço? — perguntou ainda sem acreditar. — Não te vi na fila, imaginei que tivesse esquecido a carteira. — o mais alto respondeu — Porque com fome eu sei que você tá. — Você é o homem da minha vida. — a emoção foi tanta que ele até mesmo ficou de joelhos no banco para abraçar Matthew pelo pescoço, quase se desequilibrando. O maior o segurou pela cintura para ter certeza que o coreano não sofreria um acidente diante de tanta exaltação, nunca tinha visto Taehyung tão empolgado na hora do almoço. — Desça do banco, você vai cair. O menor desceu tentando entender porque tinha feito aquilo.   [...]   Como sempre, Matthew o esperava na porta quando o sinal tocava. Taehyung estava mais animado, comprar um almoço pra ela já era quase uma declaração de amor, e isso não é exagero. Segurou na mão do americano e o seguiu até o lado de fora do enorme prédio. Não soltou a mão de Matthew até estarem dentro do carro. Dessa vez, Matthew deixou Taehyung mexer no rádio e procurar algo interessante para ouvir, mas tudo acabou se resumindo em Taehyung trocando para todas as estações possíveis, escutando músicas até em francês. O americano não disse nada, achava fofo como o Kim se divertia com aquilo. Ao chegarem, Taehyung esperou seu beijo de despedida como sempre, mas não aconteceu. Ele já estava começando a acreditar que estava com bafo. — Durma comigo hoje, Taehyung. — o pânico nos olhos castanhos já respondia por si só — Não me olhe com essa cara, eu só quero dormir ao seu lado hoje, tudo bem? Foi inesperado, não era todo dia que recebia um convite desses. Mas acabou afirmando com a cabeça. Virou-se para o outro lado e abriu a porta do carro, saindo logo em seguida. Foi seguido por Matthew, que o acompanhou até dentro de casa, e subiu com ele até seu quarto. Taehyung recolheu tudo o que julgava que fosse precisar, e também os livros para o dia seguinte. Os dois desceram encontrando a Sra. Kim na sala, a mulher mexia no controle da TV enquanto tentava aumentar o volume da mesma. Esse era um encontro que Taehyung não queria que acontecesse. — Vai sair? — a mulher perguntou curiosa. Como sempre. — Vou dormir na casa do Matthew. — essa com certeza foi a coisa mais difícil que disse pra sua mãe em toda a sua vida, já esperava a chinelada na boca. — Use camisinha. E depois dessa ilustre frase, o coreano desistiu completamente da existência de sua mãe. De seus pais, de sua vida. Só queria sumir dali antes que o papo se estendesse. Arrastou Matthew pela mão até o lado de fora antes que sua mãe soltasse mais uma pérola. Por sorte seu pai não estava em casa, senão tudo seria ainda pior. Nem olhou para trás, simplesmente entrou no carro e se voltou para a janela, meneando a possibilidade de não voltar nunca mais. Matthew estava rindo internamente segurando para não gargalhar na cara do namorado. Dirigiu até sua casa, que Taehyung teve a oportunidade de notar ser bastante próxima da sua. Não levaram nem dez minutos para chegar. E se Taehyung já era impressionado com o namorado que tinha, se impressionou ainda mais ao ver o prédio onde ele morava. Matthew era mesmo alguém de boas condições financeiras, a prova disso era o prédio 4 estrelas onde ficava seu apartamento. Mais impressionado mesmo ficou quando entrou ali, o apartamento do americano era muito bem limpo e arrumado, muito diferente do que esperava, os móveis eram bonitos, quase tudo em tons marrons. Não era muito grande, apenas quarto, sala, banheiro e cozinha. Mas mesmo assim, um ótimo lugar para se viver. — É bem diferente do que eu imaginei. — confessou. — É limpo, né? Taehyung admirou tudo, o que era uma forma educada de falar que ele mexeu em tudo. Largou sua mochila em um lugar qualquer da casa e continuou seu tour. Só parou quando entrou no quarto e encontrou Matthew agachado ao lado do guarda-roupas, as costas nuas indicavam que ele estava procurando algo para vestir. Não conseguiu parar de olhar. Quando o americano se virou deu de cara com Taehyung o encarando. Sorriu de lado, o Kim o olhava de uma forma que ainda não tinha o visto olhar. — Já me viu sem camisa outras vezes. — o altão falou. — É diferente, das outras vezes você não era o meu namorado. — o mais velho mordeu o lábio inferior, estava nervoso, os dois estavam sozinhos ali, se Matthew quisesse fazer algo, não teria como pará-lo. — Tem razão. — o americano se aproximou segurando Taehyung por cada lado de sua cintura, o menor tentou se manter da mesma forma — Eu sou seu namorado agora, não sou? Dessa vez o coreano não esperou que Matthew o beijasse, tomou a iniciativa selando seus lábios aos dele. E também não esperou o altão aprofundar o beijo, foi o responsável por pedir passagem. Deixou-se segurar Matthew pela nuca enquanto o outro apertava sua cintura, quanto mais tempo aquele beijo durava, mais uma certeza crescia dentro de Taehyung: Ele era mesmo o passivo da relação. A forma como Matthew o apertava, a constância de seus toques, a textura de sua língua, a forma sensual com que sugava sua língua e lhe trazia um milhão de sensações era impagável. Matthew Kim o dominava, isso estava implícito, tudo apontava para um só caminho, seu namorado era quem comandava e ditava o ritmo de seu relacionamento. E no fim das contas, Taehyung estava certo de que Matthew era o seu homem. — Matt, eu sou gay. — Taehyung falava rente aos lábios do americano, com seus corpos ainda muito juntos, as mãos do mais alto ainda o apertavam. — Sim, você é gay. — Matt, eu sou o passivo da nossa relação. — era rir para não chorar, era complicado assumir isso para si mesmo. — É, eu vou te f***r todinho. — Não quebra o clima, i****a. — ele ainda estava rindo, já esperava que Matthew fosse falar alguma besteira— Matt, isso ainda me incomoda, mas eu não posso mais mentir pra mim. — Ainda tenho mais alguns dias, Tae, estamos na metade, você vai se apaixonar por mim. Sete dias, até mesmo havia se esquecido desse prazo imposto por si mesmo, estava com Matthew há apenas quatro dias, mas parecia já ser tanto tempo. Estar com alguém por quem sentia atração era assim? Isso era novo, tudo com Matthew parecia incrível. Até mesmo o abraçar enquanto os dois se embolam no meio dos lençóis da cama parecia algo extremamente bom, deitar entre as pernas do maior e escolher um filme para assistir, sentir o calor do corpo do mesmo. Era bom, ter Matthew ali era bom, estar com ele era a melhor coisa para se fazer em uma tarde de quinta-feira. — O que você quer fazer o resto do dia, Tae? — Eu só quero ficar aqui com você. — confessou, o abraçando ainda mais forte — Agora mime o seu passivo até amanhã de manhã. — Aproveitador! — Sou mesmo. — Taehyung espreguiçou-se e voltou a se aconchegar em Matthew, m*l havia anoitecido, mas não tinha a menor intenção de levantar dali. Taehyung passou o resto do dia ali, apenas sentindo o carinho de Matthew em seu cabelo, era bom estar com ele, e mesmo estando tão juntos, o americano respeitou sua promessa de nunca obriga-lo a fazer nada. E talvez Taehyung não fosse perceber tão rápido, mas já era claro o quanto estava perdidamente apaixonado pelo americano.
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