Na noite passada...

1050 Palavras
Naquela noite, saí do trabalho com Mauro e fomos a um bar local. Eu estava tão exausta e precisava de um momento de distração que acabei esquecendo de revisar os relatórios. Se Yan não tivesse me deixado com a mente tão pesada, talvez eu lembrasse, mas não o culpo; essa responsabilidade é minha. Assim que chegamos, pedimos cervejas e nos sentamos, trocando olhares. — Não sabia que você costumava frequentar esse tipo de lugar — comentei. — Tem muitas coisas sobre mim que você ainda precisa conhecer — respondeu Mauro, sorrindo. — Obrigada, você me faz bem nesse trabalho horrível. — Lia, estarei sempre aqui por você, ok? Agradeci com um sorriso doce e logo nossos copos de cerveja chegaram. Virei o meu de uma vez e já pedi outro. Mauro me olhou surpreso, mas riu. — Calma aí, mocinha! Desse jeito, não vai conseguir voltar para casa. Revirei os olhos e dei uma gargalhada. Depois de alguns momentos, começamos a conversar sobre nós. — Mauro, você namora? — Não, e você? — Não, eu não namoro — respondi, sorrindo e balançando a cabeça. A conversa flui entre risadas e olhares cúmplices. A cada gole, a tensão do dia parecia se dissipar. — O que você procura? — Mauro perguntou, curioso. — Sei lá... Alguém que me faça esquecer as coisas ruins, talvez? — brinquei. Ele sorriu, e o clima ficou mais leve. — Eu também. A vida é muito curta para se preocupar tanto, não acha? Concordei, e a conversa se aprofundou. Falei sobre meus sonhos e ele compartilhou os dele. É bom ter alguém que entende. — Sabe, Lia, você é uma pessoa incrível — disse Mauro, olhando nos meus olhos. Senti meu coração acelerar. — Obrigada, Mauro. Isso significa muito para mim. As cervejas iam e vinham, e a conexão entre nós só aumentava. O bar parecia se apagar ao nosso redor, deixando apenas nós dois no centro da conversa. A noite avançava e as cervejas se acumulavam. Eu já estava completamente bêbada, rindo descontroladamente com Mauro, quando, de repente, vi Yan, meu chefe, se aproximando. Ele estava com uma expressão séria. — Lilian! O que você está fazendo aqui? Você tinha que revisar os relatórios para amanhã! — ele disse, olhando para mim com uma mistura de preocupação e desapontamento. Mauro, surpreso, rapidamente se desculpou. — Desculpe, Senhor Yan. Eu não sabia que ela tinha relatórios pra revisar hoje. — Não é com você que eu estou bravo, Mauro. É com a Lilian — respondeu Yan, claramente irritado. Ele gesticulou para que Mauro fosse embora. Enquanto Mauro se afastava, não consegui conter uma risada. — Você fica muito lindo bravo, Yan! — comentei, piscando. — Mas deveria ser mais calmo. Ele me olhou, sem saber se ria ou ficava sério, e então suspirou. — Vamos lá, vou comprar água para você. Yan foi ao bar e voltou com uma garrafa, me forçando a tomar alguns goles. A água parecia um milagre. Depois de um tempo, o clima relaxou um pouco, mas o álcool ainda fazendo efeito. — Sabe, Lilian, faz anos que não me sinto tão feliz e leve — disse ele, olhando nos meus olhos. — Sem pensar só em trabalho. Eu sorri, animada pela revelação. — O que aconteceu, Yan? — perguntei, curiosa. Ele começou a abrir seu coração, contando sobre como seu pai o pressionava e como isso o fazia m*l. A conversa foi se aprofundando, e eu me senti mais próxima dele, compartilhando histórias e risadas. Quando a noite começou a se dissipar entre risos, conversas e desabafos, ele decidiu que era hora de me levar para casa. Enquanto caminhávamos, refleti sobre o que aconteceu. Agora, lembrando da noite passada, percebi que Yan sabia muito antes que eu não conseguiria entregar o relatório revisado e, mesmo assim, decidiu me humilhar daquela forma, eu sei que errei, mas por que agiu daquels jeito hoje? Isso me fez questionar suas intenções e a relação que parecia que construímos ontem de noite. Na manhã seguinte, enquanto ainda tentava processar a noite anterior, meu celular vibrou. Era uma mensagem de Yan. “Oi, Lilian. Poderia revisar os relatórios hoje na sua casa? Precisamos deles prontos para amanhã. Sem faltar com a responsabilidade desta vez.” Senti um frio na barriga. Eu queria questioná-lo sobre o que aconteceu na noite anterior, mas a verdade era que hesitei. O que eu diria? Acabei desistindo da ideia. Concentrada, peguei os documentos e comecei a revisar. À medida que eu, refletia sobre Yan: no fundo, ele tinha um lado gentil, que aparecia entre as frustrações e a pressão que carregava. Ele só precisava de mais paciência, assim como eu. Enquanto corrigia os erros e organizava as informações, percebi que, apesar do jeito duro, ele se importava com a qualidade do nosso trabalho. Essa perspectiva me fez sentir um pouco mais próxima dele, mesmo sem entender completamente a dinâmica entre nós. Depois de algumas horas, enviei os relatórios revisados para ele. O peso da responsabilidade parecia mais leve, e, quem sabe, talvez eu pudesse descobrir mais sobre Yan e sua verdadeira natureza nas próximas interações, já conheci o chefe insuportável, agora quero conhecer apenas o Yan sendo o Yan. Após essa longa noite de lembranças e trabalho, eu fui tomar um remédio para a dor de cabeça e me aprontei para dormir, deitei na cama e fiquei refletindo mais um pouco sobre Yan. Olhando para o teto e lembrando que eu o vi sorrindo, eu não imaginei que veria ele confortável assim tão cedo. Senti que poderíamos ter uma boa conexão, se ele não fosse um chefe tão bravo e exigente. Dormi pensando em Yan, no dia seguinte acordei com meu celular tocando, meio sonolenta eu atendi: — Alô? — Disse, minha voz falhando. — Oi, Lia! É o Mauro, estou na frente de sua casa, esperando você para te levar ao trabalho, não quero você se cansando no ônibus. — Trabalho? Tão cedo? — Olhei o relógio enquanto eu falava, meus olhos ficaram arregalados quando percebi que faltava dez minutos para o meu horário de trabalho começar. Eu ainda estava na cama, não havia feito nem o básico e se eu acabar me atrasando por um minuto que fosse, seria só mais um motivo para meu Chefe meia-boca se irritar.
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