Eles sabem quem tem bom coração

1531 Palavras
Lyssa Depois da noite desastrosa, Sebastian pediu que eu passasse algumas noites fora da boate. – Sabe que eu te adoro Lyssa, mas você quebrou o nariz do cara! – Vi que ele estava tentando conter o riso. – Ele é um cliente importante e vai querer que tomemos uma providência, então fique afastada enquanto eu tento controlar as coisas por aqui tudo bem? Sei que não faria isso se não fosse obrigada, mas infelizmente eu não sou o único a dar ordens por aqui. Ou seja, passaria os próximos finais de semana sem um lugar para ficar e evitar a casa da minha irmã. Saí da boate morrendo de raiva, coloquei apenas uma camisa por cima da roupa e fui para casa com aquele uniforme i****a, se não fosse eu ter que estar quase nua naquele lugar os homens não se engraçariam tanto assim. Sebastian pediu para uma das seguranças femininas me levar até em casa, já que ainda era madrugada. Entrei com cuidado para não acordar ninguém em casa, mas assim que passei pela sala me assustei com a voz do meu cunhado. – Isso são horas e vestes para chegar em casa Lyssa? O que você faz até essa hora na rua? – Desculpe... eu trabalho no bar de uma balada, e eles exigem uniforme. Ele me olhou de cima a baixo. – Que tipo de criação é essa? Olhe só para você, alguma vez viu sua irmã vestida com tão pouca dignidade? – Sinto muito, vou para o meu quarto, não imaginei que teria alguém acordado. – Não deixei que ele falasse mais nada e fui me deitar ainda pior do que quando acordei. No sábado de manhã me levantei cedo e fui para a cozinha fazer café da manhã para a família. – Bom dia minha linda, eu quase não consigo te ver em casa Lyssa. – Minha irmã esta parada na porta. – Como você está? parece até que emagreceu? Olhei para Kátia sentindo um aperto no peito, minha irmã havia perdido todo o seu brilho, e mesmo que me diga que está completamente feliz, sei que não é assim que se sente lá no fundo. – Bom dia Ká, eu estou bem, trabalhando muito. – Sorri e agradeci mentalmente que meu cunhado não mencionou como foi que eu cheguei para ela. – Você trabalha demais Lyssa, te falta algo aqui? – Claro que não. – Respondi rapidamente. – Mas quero ter algo meu no futuro. Você não sente falta de trabalhar? – Seu rosto entristeceu, mas ela disfarçou rapidamente. – Não é que não sinta, mas estou feliz por estar aqui cuidando da minha família, faço parte da vida deles da melhor maneira possível. – Abriu um sorriso. Sei que estar em casa a está incomodando, e desde que ganhou alguns kg ela tem feito umas dietas malucas que chega até a passar m*l às vezes, mas ela não quer admitir que viver assim não a faz feliz, ela quer agradar meu cunhado acima de tudo e eu sinto meu coração se apertar cada vez que ela mente assim. – Eu vou tomar café e ir cuidar do jardim. – Ainda com essa ideia da floricultura? – É claro que sim, sabe que eu não sou de desistir das coisas que eu ponho na cabeça, não sabe? Ficamos na cozinha conversando por mais algum tempo, até meu cunhado entrar. – Bom dia querido. – Olhos dele pousaram nos meus e meu desespero começou a se instalar, ele vai dizer, estou sentindo que vai. – Bom dia amor, bom dia Lyssa. – Não conseguiu dormir bem? Senti quando saiu da cama, mas estava cansada demais para me levantar também. Os dois começaram a conversar e aproveitei aquilo como deixa para me retirar. – Tenham um bom dia, preciso ir logo para voltar antes da chuva, disseram que seria bem forte hoje. Eu teria que proteger melhor as nossas flores, reforçar para que a chuva forte não acabe estragando nada e proteger as sementes porque se molharem teremos um belo prejuízo. Passei boa parte do dia fazendo isso, mas como hoje eu não teria a boate para ir, fiquei até mais tarde do que deveria. Estava começando a anoitecer quando vi que eu não poderia mais sair dali, era melhor ficar do que a chuva me pegar no caminho. O pequeno cômodo é o bastante, como passo muito tempo por aqui, acabei colocando um colchonete e deixando tudo mais agradável para passar um tempo. Cochilei um pouco e por volta das sete a chuva começou a vir com mais força, fiquei torcendo para que o jardim sobrevivesse a noite. Me levantei várias vezes seguidas para olhar através da janela e foi quando vi um cavalo do lado de fora com alguém, estava escuro e a pouca luz que vinha de dentro daqui me permitia ver apenas a silhueta. Abri a porta correndo e fui em direção a pessoa que estava vindo muito devagar, meus olhos se arregaram quando vi que era uma senhora. – Céus! – Exclamei. – Venha comigo! Ela parecia estar cansada demais, e o cavalo deve tê-la derrubado porque estava mancando um pouco. Voltei o mais rápido que pude para dentro, não tinha onde deixar o cavalo, então o coloquei para dentro também, não conseguia pensar em deixar aquela bela criatura debaixo daquele temporal estávamos os três exarcados. – Como está se sentindo? – Perguntei a senhora que estava se sentando na única cadeira disponível. – Tem alguém para quem eu possa ligar? – Vi que agora que não está mais na chuva, há alguns pontos onde seu sangue começa a escorrer. – Estrela se assustou com um raio que caiu em uma árvore perto de nós e disparou. Passei as mãos na égua que agora estava no chão deitada. – Coitadinha, deve ter sido um susto e tanto. Peguei o meu pequeno kit de primeiros-socorros, que está mais para kit de quando eu faço alguma besteira e acabo me cortando enquanto cuido do jardim. – É sim, ela se assustou, ela nunca tinha me derrubado. – A senhora disse olhando para a égua com carinho. – Eu devia ter ouvido meus netos, mas estava tão brava que precisava espairecer. Assenti. – Deixa eu cuidar dessas feridas, não quero que acabem inflamadas. – Comecei a limpeza. – Eu sinto muito, mas não tenho muita coisa pro aqui, tenho toalhas de mão e um cobertorzinho leve, não sei se vai aquecer. Sua expressão se suavizou muito e ela sorriu. – Agradeço pelo que fez. E não se preocupe com mais nada. – Enquanto cuido do ferimento em sua testa, ela não para de me encarar. – Qual seu nome menina? Sorri, era assim que meu pai me chamava. – Lyssa. – Apelido? – Não, é meu nome mesmo, mas realmente parece um apelido, todos perguntam. – Expliquei. – É um lindo nome Lyssa, eu me chamo Ofélia. Terminei de fazer os curativos nela e perguntei novamente se ela tinha alguém para quem eu pudesse ligar, mesmo que apenas para avisar que ela está bem. – Deixe aqueles três se morderem um pouco, nenhum deles merece a avó que tem. Não consegui me impedir de dar risada. – É assim mesmo, acabamos sempre dando mais valor depois que perdemos, mas eu tenho certeza de que eles te amam e que estão morrendo de preocupação, vamos ligar? Peguei o celular para ligar e ela me disse o número. – Parece que você conhece a sensação... – Não acredito! Estou sem sinal, está com sorte Ofélia, vai mesmo deixar seus netos quase loucos hoje. – Então vamos bater papo, a muito tempo eu não converso com alguém tão doce quanto você. E você provavelmente salvou minha vida Lyssa, te devo muito. – Não se preocupe com isso. Ofélia me fez muitas perguntas. O que faço, meus sonhos, o que eu estava fazendo ali, quantos anos eu tenho... me senti em uma entrevista de em prego, mas rendeu boas risadas. Ela me contou que perdeu o filho e a nora, disse a ela que perdi meus pais, nem sei como nosso assunto chegou a ficar tão pesado. – Obrigada por deixar Estrela aqui dentro, sabe... você passou a mão nela e ela não te rejeitou, eu sei que é uma boa pessoa, os animais sempre sabem quem tem um bom coração. Assenti. – Também acredito muito nisso, eles sentem... – Procurei sinal em algum lugar para tentar telefonar para os netos dela e consegui. – Rápido, diz o número, consegui sinal! – Alô... me chamo Lyssa, estou com sua avó. A voz do outro lado soou como um trovão raivoso. – O que p***a você quer? – Algo mais que ele disse foi ininteligível. – A ligação está cortando o que quer com a minha avó. – Ela está bem, não se preocupe. – O que? – Ela está bem, eu entro em contato novamente! – Olhei para Ofélia. – Era melhor ter esperado até a chuva passar. – Sorri e me sentei ao seu lado no colchonete. – Tente descansar um pouco, não é tão confortável... – Mas é melhor do que lá fora querida. – Sorriu.
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