Te conhecer não foi por acaso

1429 Palavras
Ofélia Esses meninos só podem estar de brincadeira comigo, eu não os criei assim eu fiz tudo para que eles fossem bons em todos os sentidos, mas os três acabaram construindo um caos na vida pessoal. – Vó, sabe que eu te amo, e que todos te respeitamos incondicionalmente, mas isso já é demais. – Hades diz com toda a calma do mundo para tentar me convencer. Sorrio para ele. – Está decidido Hades, você não vai obedecer a sua avó? – O olhei sério e ele baixou o olhar para não me encarar. – Foi o que pensei. Vocês estão agindo colmo crianças imaturas, não como os homens que os criei para ser, e já que se mostraram incapazes de pôr ordem em suas vidas, eu vou! O jantar foi silencioso, nenhum deles estava com humor para conversar e eu não estava com humor para ser contrariada. Mas depois de terminarmos, Hades voltou ao assunto. – Vó, infelizmente dessa vez eu tenho que discordar da senhora, isso não está certo... – Ele ainda pensa que eu vou dar a ele uma escolha? – Você está com alguém? Planeja conhecer alguém? Se casar? Ter filhos? – Não me respondeu. – Você não pode viver para sempre no passado Hades, e se não está disposto a dar esse passo, eu estou e não vou ouvir um não como resposta. Me levantei da cadeira e sai da sala de jantar. – Vó, onde está indo? Temos que conversar melhor sobre isso, não acha? – Vou montar, e minha decisão já foi tomada, não tem mais o que conversar. – Ares e Eros não estavam falando nada, apenas esperando que o irmão conseguisse resolver aquilo. – Está tarde vó, faça isso amanhã. – Eros disse assim que ouviu. – Podemos ir amanhã de manhã, o que acha? – Vou agora, vocês me deixaram estressada, e me sinto melhor dessa maneira. Fui direto para o meu quarto me trocar para dar uma volta, Estrela ficou animada assim que me viu. – Que menina linda... – passei as mãos nela. – Vamos passear menina? Hades Olhei para meus irmãos sem saber por onde começar a falar. – Vocês também viram isso? Ouviram tudo? Eu não estou ficando louco, estou? – Não é possível que ela esteja mesmo falando sério! – Minha avó enlouqueceu de vez, ela não pode esperar que eu obedeça a uma coisa dessas. Conhecendo bem dona Ofélia, ela não está brincando... Ares se sentou no sofá. – Não sei o que está acontecendo com ela, nem o que ela pensa que vai acontecer nos forçando a nos casar, mas não vai dar certo! Quem nos aguentaria? – Deu risada. Eros se aproximou. – A única coisa que estou feliz nesse momento, é por vocês serem mais velhos, assim ela vai ter duas chances para ver que isso é um erro, e chegando na minha vez já vai ter desistido! – Caiu na gargalhada. Ares jogou uma almofada nele. – Você leva tudo na brincadeira, não é espertinho? Vou acabar aceitando e me casando só para te ver se ferrar! – Pensa pelo lado positivo Ares, Hades vai ser o primeiro! Olhei feio para os dois. – Vou tentar convencer ela de que não está certo, mas parece que não vai ser hoje, ela está uma fera! – Me juntei aos dois no sofá. – Não é para menos. – Ares comentou. – Viu o tamanho do dossiê que ela fez contra nós? Não sei se acho graça ou se concordo com ela, somos pessoas horríveis! – gargalhou. Passado algum tempo, ficamos calados e pensativos, então escutamos os trovoes. Nos entreolhamos. – Onde ela está? já deveria ter voltado. – Abri as cortinas da sala e a chuva já estava muito forte. – p***a! Cadê ela? – Eros perguntou correndo para a janela enorme que mostrava o espaço das baias dos cavalos de minha avó, mas ela também não estava lá. Peguei o celular para ligar. – Desiste, ela não leva o celular para montar. – Ares pontuou. – Ela pode estar com a Estrela esperando a chuva passar, eu vou lá ver. – Saí com o guarda-chuva, mas não adiantou de nada, o vento fez com que a chuva nos molhasse completamente. Não havia sinal da minha avó nem da Estrela. Nossos nervos já estavam a flor da pele, cada um entrou em seu carro para rodear a propriedade, para procurar qualquer sinal da nossa avó, mas debaixo daquele diluvio era impossível. Quando retornamos, ninguém havia encontrado nada, nem sinal da nossa avó. – Porque ela tinha que sair agora... – Eros já estava quase chorando, ele e minha avó são como unha e carne. Andamos de um lado para o outro até ver meu celular tocar. – Alô... me chamo Lyssa, estou com sua avó. – Está com a minha avó? – O que p***a você quer? – A ligação está horrível. – Eu vou matar você, quem quer que seja! A ligação está cortando o que quer com a minha avó? Meus irmãos já estavam perto de mim, os dois tão aflitos quanto eu. – Ela está bem, não se preocupe. – O que? – Já estava com dificuldade para respirar. – Ela está bem, eu entro em contato novamente! Apertei o celular na mão até senti-lo trincando e protestando. – Não me diz que é o que estou pensando... – Eros foi o primeiro a quebrar o silencio. – Ela não foi... – Sequestraram a nossa avó... – Respondi cerrando a mandíbula. – Liguem para a policia e para quem mais for necessário, eu quero que encontrem essa mulher imediatamente! – Gritei de frustração. Não demorou para que a casa da família estivesse abarrotada de pessoas, investigadores, policiais, cães, tinha de tudo. – Assim que entrarem em contato novamente, vamos rastrear a chamada, tente segurar na linha o máximo possível para termos mais precisão. – Assenti. No meio da madrugada, quando a chuva já tinha passado, recebi uma ligação do mesmo número de antes, precisei colocar meu chip no celular do meu irmão, já que tinha quebrado o meu. Coloquei no alto-falante para que todos ouvissem. – Por favor, eu preciso de ajuda, ela não está bem, não está nada bem... está com muita febre! – O que? O que fez com ela? – Perguntei com raiva. ­– O que? – A pergunta me deixou confuso. – Olha, ela está queimando de febre e está delirando, eu não tenho nada que possa ajudar, nada! Eu preciso que venha depressa! O policial fez sinal de conseguiu o local e eu desliguei. – – É melhor que fique aqui Sr. Bacelar. – Nem que você me amarrasse, nenhum de nós três vai ficar aqui! Meus irmãos e eu fomos em nosso carro seguindo a polícia, por sorte eles também trouxeram uma ambulância, então minha avó já seria socorrida. Não era longe daqui, pudemos ver uma luz vinda de uma pequena casinha, parece ter apenas um cômodo, os policiais foram na frente e tiraram uma mulher de lá de dentro. – O que estão fazendo? Por acaso estão loucos? – Ela se sacudiu e protestou enquanto era contida. – Você? – Arregalei os olhos quando vi de quem se tratava. – Foi você quem fez isso? – Isso o que? Do que é que estão falando? – Perguntou desesperada. – Vocês a conhecem? – Um dos policiais perguntou. – Apenas a vimos uma vez, ontem em uma boate. – Meu irmão respondeu. – Sequestrou a nossa avó! A quanto tempo estava planejando isso? Te conhecer ontem não foi por acaso, não é? Ela deu uma risada histérica. – Só pode ser brincadeira! Eu só posso ter jogado pedra na cruz! – Joguem-na no buraco mais profundo que encontrarem, não me importo qual, mas não quero que ela veja a luz do dia novamente! – O que? Vocês não podem fazer isso! estão cometendo um engano, eu só estava... – Não a ouvi. Passei por eles para ir ver minha avó, ela estava deitada num colchonete com um paninho molhado na testa. Estrela estava deitada ao lado as duas tinham pequenos ferimentos. Os paramédicos vieram para prestar os primeiros atendimentos. – Ela vai ficar bem senhores, não se preocupem. – Suspiramos aliviados. Ainda não acredito que nossa avó foi levada bem debaixo dos nossos narizes. Olhei para os meus irmãos, os dois a olhavam fixamente, provavelmente sentindo todo o medo de perdê-la que eu sentia nesse momento. Se eu não tivesse que cuidar da minha avó, mataria essa mulher agora mesmo!
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