SAM
As primeiros dias de trabalho se passaram voando, e ainda é inacreditável que eu realmente esteja trabalhando em uma das maiores empresas daqui. No terceiro dia eles já conferiram meus documentos e assinaram minha carteira (VOU GANHAR 2 MIL DÓLARES POR MÊS!!! AAAAAAH!!!) o que na verdade me deixou surpreso, porquê eles fizeram isso sem ao menos uns três meses de experiência antes.
Bom, meu trabalho até agora se resumiu apenas em ir buscar café (sem mais nenhum desastre, graças a Deus), e levar alguns papéis para meu chefe assinar, ou levar os assinados para os seus respectivos donos.
Ele ainda me dá um pouco de medo e nervosismo, me encarando com aquele olhar duro e tensionando o maxilar quadrado, coberto por uma barca preta bem aparada.
Já passam das 4:00 da tarde quando eu entro novamente na sua sala com um copo de café, do único tipo que ele gosta. Ele ergue o olhar e para de encarar o computador, e antes que eu chegue até ele, meu chefe levanta da cadeira, exibindo aqueles dois metros de altura e os músculos para todo lado.
— S-seu café, senhor. — preciso urgentemente dá um jeito na minha voz, que falha sempre que estou perto dele. Hoje o terno dele é cinza claro.
— Obrigado. Nós vamos sair agora. E você precisa ir comigo. — ele começa a caminhar até mim e pega o copo da minha mão. Quando seus dedos tocam os meus, uma eletricidade estática sobe pelo meu braço e me faz engolir em seco.
— Onde vamos, senhor? — pergunto, já começando a caminhar ao lado dele. Preciso apressar o passo para acompanhá-lo, porque apesar de estar indo devagar, os seus passos são enormes.
— Iremos ao shopping. Você precisa de roupas novas. — ele diz sem olhar para mim, de forma tão casual que é como se estivéssemos falando do clima.
— O-o que? Mas eu tenho roupas. — travo no lugar, sentindo as minhas bochechas arderem.
— Você vai andar comigo nas reuniões e eventos a partir de agora, e precisa de roupas a altura.
— Eu posso comprar no final do mês, senhor. Quando receb...
— Considere isso um presente. Ainda está com o cartão que Alberth te deu? Ele é seu, e é na conta vinculada a ele que seu salário irá cair. Mas fique tranquilo, todos os cafés e coisas que comprar para mim com ele vão ser reembolsados automaticamente. — ele me corta, deixando claro que eu não posso discutir sobre isso.
Quando chegamos ao elevador, engulo em seco enquanto descemos para o térreo. O espaço é grande, mas ele é tão gigante e musculoso que é como se tomasse metade do espaço. Um cheiro másculo e amadeirado emana dele e passa e faz os pelos da minha nuca se eriçarem.
— Toma. — Senhor Theodoro diz, entregando o copo que está completamente cheio para mim. Ele não deu um gole sequer e sinaliza para que eu beba, então retiro a tampa e dou um gole, mesmo não tendo certeza se devo fazer isso.
— Eu... Ãhn... Prefiro com bastante açúcar e chantilly. — explico, tentando não fazer careta enquanto o amargor se espalhar pela minha língua. É muito r**m. Muito muito mesmo.
Senhor Théo apenas revira os olhos e pega o copo de volta, tomando longos goles, enquanto o elevador se abre e começamos a andar em direção a saída do prédio.
Meu olhar recai sobre seu pomo de Adão, que sobe e desce então ele engole. Os movimentos são hipnotizantes...
— são apenas alguns minutos até o shopping. O carro é aquele. — Meu chefe aponta para o novinho e absolutamente lindo carro esportivo preto estacionamento na frente do prédio. Não entendo nada sobre carros, mas deve ter custando muuuuuito. Alberth sai de dentro dele e caminha até nós, antes de jogar as chaves para Theodoro e me lançar um pequeno sorriso.
— Vamos. — Theo abre a porta do passageiro e sinaliza para que eu entre, então faço isso, um tanto nervoso. Ainda não consigo acreditar que vou comprar roupas com meu chefe. Que loucura!!
Theodoro dá a volta no carro e senta no banco do motorista. A calça social abraça as suas coxas grossas e deixam um volume nada discreto evidente entre as suas pernas, me fazendo engolir em seco e desviar o olhar.
— o que espera com o seu estágio? Planeja ficar conosco por tempo definitivo ou só por algum tempo? — ele me pergunta, olhando-me com sua visão periférica enquanto dirige pelas ruas tão rápido que faz um calafrio subir pela minha espinha. Talvez seja por isso que ele disse que levaria apenas alguns minutos...
— Se não me demitirem, pretendo continuar por tempo definitivo. Quero começar uma faculdade, mas só daqui alguns anos. — explico.
— certo. — ele murmura. Percebo que mesmo conversando casualmente, a sua voz é dura e um pouquinho arrogante. Na verdade Theodoro é a verdadeira personificação de um mafioso ricaço.
Depois de uma pesquisa na internet, descobri que a empresa Caccini tem origem italiana, então sua família deve ser italiana também, o que condiz com sua bela aparência e os traços marcados.
As janelas do carro estão fechadas, fazendo com que aquele seu perfume se espalhe aqui dentro e me deixe meio bêbado e sem entender o porquê disso. passo a viagem inteira respirando fundo e compassadamente, aspirando o máximo que consigo desse cheiro quase que involuntariamente.
— Chegamos. — ele anuncia, estacionando na frente de um shopping luxuoso e quilométrico que eu nunca tinha visto antes. Meu chefe deve ter notado o meu olhar espantado, porque pergunta longo em seguida: — você nunca veio aqui??
— Na verdade, não. — murmuro, deixando de fora que geralmente compro minhas roupas de segunda mão ou na forever twenty one.
— Vamos. Para tudo tem a primeira vez. — ele sai do carro e dá a volta para abrir a porta para mim.
Saio do carro em passos cambaleantes e o sigo, enquanto ele fala com um manobrista para encontrar uma vaga para o carro, jogando a chave para ele, então começamos a andar até o enorme saguão de vidro do shopping.
(***)
Se por fora o shopping era chique daquele jeito, por dentro é mil vezes mais, com lojas de luxo para todos os lados. Senhor Theodoro me conduz enquanto subimos a escada rolante e atravessamos o amplo espaço limpo e bem iluminado.
— Aqui. — ele diz, parando em frente a uma loja absurdamente grande e com certeza de grife. Olhar para os preços descritos nas plaquinhas douradas ao lado dos manequins me faz engolir em seco, mas a expressão séria no rosto dele mostra que não tenho para onde correr.
Assim que coloquei os pés dentro desse shopping me senti deslocado, mas dentro dessa loja o nível de "deslocação" é muito superior. Uma atendente morena caminha até nós e me faz encolher o corpo um pouco, mas depois de um rápido olhar e julgar que eu sou insignificante, ela dá toda sua atenção para o meu chefe, distribuindo sorrisos e risadinhas.
— Quero roupas que sirvam para ele. Não importa o valor, tragam tudo da última coleção. Camisas sociais e simples, sapatos e tênis, calças jeans e sociais, alguns relógios para ele escolher o que lhe for do agrado, gravatas e cuecas boxers. Levem tudo pra sala particular, onde vamos esperar. — ele diz, me deixando um pouco atordoando. Tenho quase certeza que minha pressão baixou do nada...
— mais alguma coisa? — A moça abre um sorriso e se inclina um pouco para frente, mostrando um pouco do decote, mas ele a dispensa com um aceno de mão.
— Se precisar de alguma coisa a mais, pode deixar que avisarei. Agora vá buscar as roupas que não temos todo tempo do mundo. Vamos Santiago. — ele coloca a mão no meu ombro e começa a me puxar levemente para o fundo da loja, onde realmente tem salas privativas com provadores, sofás e espelhos.
— S-senhor... — começo, sentindo as minhas pernas bambas tanto pela aproximação repentina quanto pela quantidade de coisas que ele vai comprar. E além disso, o bendito cheiro continua a entrar pelas minhas narinas.
— Recusar está fora de questão. — ele explica, lançando-me um olhar intenso, antes de sentar em uma das poltronas e relaxar o corpo gigante, fazendo cada um daqueles músculos ficarem aínda mais visíveis na roupa social.
Eu fico em pé mesmo, observando atônito enquanto três mulheres entram e começam a colocar pilhas e mais pilhas de roupas e sapatos em cima da mesa.
— Pode escolher o que quiser. — ele manda, apontando para as dezenas de peças de roupas.
— E-eu não sou muito bom em escolher roupas. — Gaguejo, esfregando meu braço e desviando o olhar. Realmente não sei escolher nada; as minhas roupas de vestir em casa se resumem a moletons e pijamas.
— Eu escolho e você vai provando, então. — ele levanta da poltrona e vai até o monte de roupas, pegando algumas peças e descartando outras em uma pilha.
— Aqui. Vá provar essas. — ele coloca uma calça preta, macia e justa nos meus braços, junto com uma camisa branca e um pouco folgada e um par de sapatos brancos também. A combinação é absolutamente linda, e com certeza não é algo que eu pensaria se estivesse sozinho.
Olhar para a etiqueta com os preços me deixa zonzo, mas depois de receber um olhar duro dele assim que percebe o que estou fazendo, engulo em seco e caminho até o provador.
(***)
Passo as duas horas seguintes provando cada uma das roupas escondidas por ele, e mesmo insistindo que já estava mais do que bom, Theodoro não me dava ouvidos e simplesmente continuava escolhendo outras.
Por fim, ele foi pagar e voltou com nada menos que DOZE Sacolas enormes, me deixando completamente horrorizado.
— Não me olhe assim. — ele me entra duas sacolas e leva todas as outras com a maior facilidade do mundo.
— Obrigado, senhor. — agradeço-o. Acho que precisaria trabalhar cinco anos ganhando cinco mil por mês para pagar isso tudo.
— Já está tarde. Qual é o seu endereço? Vou te deixar em casa. — ele coloca as sacolas no porta-malas do carro (que está estacionado na garagem ao lado do shopping) e abre a porta para mim novamente.
Passo o meu endereço para ele e entro no carro, ainda sentindo as minhas pernas bambas.
A viagem até o meu condomínio é preenchida por um silêncio confortável. Passar o dia com ele me deixou um pouco mais tranquilo na sua presença meio assustadora.
— É aqui? — meu chefe me pergunta assim que paramos na frente do prédio meio velho em que moro.
— É sim. Obrigado, senhor. Não sei nem como agradece-lo. — Digo, abrindo um sorriso sincero para ele. Ele acena e sai do carro, abrindo a porta para mim e me ajudando a tirar as coisas do carro.
Nós colocamos tudo na recepção do hotel, então digo para ele que posso levar sozinho (não quero que ele suba quatro lances de escada, já que o elevador não está funcionando).
— Obrigado mais uma vez, senhor. — enfio as mãos nos bolsos da calça e encaro os seu belo rosto quadrado.
Ele se aproxima e aperta a minha mão, colocando a outra na minha cintura. O seu movimento me pega de surpresa, mas não me afasto dele, olhando para cima para encara-lo (já que dou na altura do seu peitoral largo).
— tem um lugar que quer te levar esse final de semana. Está livre?
— C-claro. — gaguejo, sentindo o calor que emana dele.
— te pegarei às 8:00 da noite. Sábado. — a sua mão aperta a minha cintura fina, me fazendo ter que segurar o grunhido que ameaça sair pela minha garganta.
— Okay, senhor. — respondo, então ele confirma com a cabeça e começa a andar para fora do prédio, em direção ao seu carro.