Quando abro meus olhos vejo apenas o nada, na verdade vejo algumas árvores e estrada. Mexo-me e como esperado não sinto mais dores, com certeza Yasmin curou meu frágil corpo humano.
– Ei, você acordou.
Olho para o lado e recebo um sorriso sincero da morena, essa que desviou o olhar da estrada apenas para me fitar, logo depois encarando o caminho de novo.
– Onde estamos? _ Pergunto, arrumando meu corpo no assento.
– Nesse momento chegando à cidade chamada Altamira no Pará.
– Caramba, que horas são? _ Olho para o lado de novo e vejo que o sol já estava se pondo.
– Quase seis.
– m***a, você dirigiu esse tempo todo? Você comeu alguma coisa? _ Yasmin gargalha das minhas palavras.
– Juliette, eu não sou humana. _ Bato na minha testa com a palma da mão.
– Claro, você só comia, dormia e fazia muitas coisas para me fazer acreditar que era humana.
– Desculpa. _ Minhas palavras não foram uma acusação, mas com certeza acertaram a morena dessa forma.
– Não peça desculpas, eu não quis te acusar ou julgar, foram apenas palavras m*l colocadas. Para onde vamos? _ Mudo de assunto rapidamente.
– Acho que passaremos a noite aqui.
– Certo, mas para onde vamos? _ Aquela era a nossa questão mais urgente, afinal, alguém nos salvou, com certeza a tal “energia”, mas e agora?
– Eu pensei em procurarmos uma bruxa.
– Uma bruxa?
– Sim, existe um feitiço de leitura de aura. _ Respiro fundo e encaro a estrada com alguns carros à nossa frente.
– Já ouvi falar disso.
– Acredito ser um começo, podemos ler sua aura e tentar descobrir se tem algo que possamos usar. Temos uma verdade, virão atrás da gente. Nosso primeiro passo é encontrar uma bruxa.
– Você tem razão, mas ainda assim precisamos estar atentas a tudo.
– Quanto a isso não se preocupe, ou pelo menos não por enquanto, você está sob efeito de feitiço, assim como eu, ninguém pode nos encontrar, quero acreditar nisso, sendo que foi Raziel que o fez. Porém acredito que seja verdade, afinal, para ele te encontrar, sempre tinha que entrar em contato comigo.
– Isso é bom, podemos usar a bruxa para saber se esse feitiço ainda é válido. Ah, e obrigada por me curar.
– Não foi nada.
– Na verdade, foi mais do que você pode imaginar.
Yasmin concorda e acelera mais, queria urgentemente uma cama. Quando adentramos ao centro da cidade, logo avistamos um hotel que seria o melhor, afinal, não podemos mais usar os cartões de crédito que tínhamos, pois assim seria fácil nos encontrar. Paramos na entrada e não foi difícil fazermos nosso cadastro, pagando com dinheiro, eu era esperta o suficiente para ter guardado nossas malas dentro do carro antes de irmos para a Floresta, agora tínhamos nossas roupas e dinheiro.
– Uma cama, graças a Deus. _ Jogo-me contra o colchão, recebendo uma gargalhada gostosa de Yasmin.
– Vou tomar um banho.
– Posso ir com você?
Ela me olha e arregala os olhos, na verdade saiu naturalmente, pois sempre tivemos essas brincadeiras, agora sei que pode afetá-la mais do que eu queria.
– Com certeza não seria uma boa ideia ter você nua perto de mim.
Com isso ela sai em direção ao banheiro, me deixando de boca aberta com suas palavras. Esse tempo juntas, sentindo desejo, t***o e mais o amor dela, seria complicado e difícil, teria que trabalhar meu autocontrole.
– p***a de castigo.
Estava quase dormindo quando vejo a porta se abrindo, Yasmin aparece apenas com uma toalha ao redor do seu corpo. Levanto-me e vou até a mala, pego uma roupa, depois vou para o banheiro. Após tirar toda a roupa e entrar debaixo do chuveiro, deixo meu corpo relaxar, de fato tínhamos que começar de algum lugar, porém saber que não poderíamos ser encontradas através de feitiço era uma vantagem, mas saber que fora Raziel a fazer isso, me deixava amedrontada. Estava perdida em pensamentos quando escuto leves batidas na porta.
– Vou procurar algo para você comer, sei que precisa, alguma preferência?
– Qualquer coisa, estou sem muita fome.
– Volto em alguns minutos.
Logo escuto a outra porta batendo. Termino de tomar meu banho e volto ao quarto, troco minha roupa e deito na cama, cada segundo que passava eu estava mais preocupada com o amanhã, mas forçava-me a pensar apenas no primeiro passo, encontrar uma bruxa. Respiro fundo e logo vejo a porta se abrindo, Yasmin adentrava com um lanche completo da McDonald’s, o que me deixou extremamente feliz.
– Não sei como você consegue comer essas porcarias. _ A voz da morena era intrigante.
– Você vive no mundo humano há dois anos e ainda não se acostumou com essas “porcarias”? _ Faço as aspas com os dedos.
Yasmin revira os olhos e me entrega o saco com o lanche, hambúrguer, bata frita, molho rosê e um copo gigante de refrigerante. Sem esperar abocanho o delicioso hambúrguer, deixando escorrer o molho.
– Credo...
Sorrio da expressão da morena, porém continuo o meu trabalho. Yasmin me ignora e pega seu notebook, sentando-se na cama com o aparelho na perna, logo o liga, resolvo deixar para lá e continuar comendo.
– A bruxa está em Recife. Iremos encontrá-la em três dias.
– Ela sabe que vamos?
– Não, ela sabe que eu vou. Se eu dissesse que você ia, ela nunca aceitaria.
– Entendo. _ Termino meu lanche, arrumo tudo e depois me sento ao lado da morena na outra cama. – O que está fazendo?
– Olhando estradas menos movimentadas para viajarmos, quanto menos chamarmos atenção melhor.
– Está certa, mas ainda assim temos que conseguir dinheiro.
– Com isso não se preocupe. _ Encaro Yasmin que me encara com um sorriso no rosto.
– O que vai fazer?
– Não se esqueça, Juliette, eu ainda tenho a minha graça.
– Ah, é verdade. _ Sorrio, seria difícil me acostumar de novo com Yasmin tendo seus poderes.
– Melhor dormirmos, ficaremos bastante tempo dentro do carro, quanto menos paramos em hotéis, melhor, evitamos ser reconhecida por algum dos guerreiros de seja lá quem que esteja atrás de você.
Concordo com um movimentar de cabeça e me aproximo do rosto da morena, poderia beijá-la, sabia que Yasmin retribuiria, porém era melhor esperar mais um pouco, por isso levo minha boca para sua testa e beijo carinhosamente.
– Boa noite, morena.
– Boa noite, Juliette.
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Estava suada, sentia aquela dor novamente por todo o meu corpo, porém agora não era só por Laura, era por Samandriel também, por erro meu, por minha causa os dois estavam mortos, eu era a única culpada. Meu coração estava ardendo de culpa, remorso, medo, insegurança, nunca havia me sentido assim antes, estava mais forte, mais doloroso.
– Não, não, por favor.
Minha voz saía alta, eu podia ver a cena, era como se eu estivesse lá de novo, era como se eu estivesse revivendo aquelas cenas de novo.
– Juliette. _ Escuto meu nome ser chamado em meio toda aquela confusão. Era fraco, mas ainda assim significante.
– Por favor, pare.
Sentia as lágrimas caírem dos meus olhos, assim como braços firmes me segurando, mas eram toques diferentes, não eram os mesmos de sempre.
– Ouça a minha voz, volte para mim, Juliette.
A voz se fez mais firme, pude identificá-la, assim como mãos carinhosas tocando a minha testa, me passando a tranquilidade que há tempos não sentia.
– Relaxe. _ Aos poucos abro meus olhos, tendo as lindas pérolas negras me encarando, respiro fundo, entendendo o que estava acontecendo. – Desculpe, tive que intervir, você estava se contorcendo, eu...
Não a deixei terminar de falar, puxei seu corpo com força e o joguei contra o colchão, mesmo surpresa, Yasmin colocou seus braços ao redor do meu pescoço, entendendo aquilo como uma permissão avancei em seus lábios, sendo recebida com perfeição, agora mais do que nunca eu sabia que aquilo era certo, tão bom que nunca poderia ser pecado.
Yasmin abre suas pernas, deixando-me acomodar entre elas, mesmo sabendo dos riscos, eu não conseguia parar. Nossas línguas dançavam em sincronia, sinto meus fios de cabelos da nuca sendo puxados, nossos corpos estavam quentes e excitados, poderíamos continuar facilmente, ainda mais porque minhas mãos ganharam vida e se encaminharam para suas coxas grossas, apertando a pele exposta com força, escutar o gemido da morena foi tão delicioso, que não aguentei e encaminhei minha mão mais para o meio, porém fui parada pela mão dela, essa que se afastou tão ofegante quanto eu.
– Não, não podemos, d***a, não podemos.
Seus olhos eram sôfregos, pois eu sei que ela queria tanto aquilo quanto eu, o que me faz respirar fundo. Sem sair de cima dela deixo meu nariz roçar em seu pescoço, sentindo seu delicioso cheiro natural.
– Eu sei, desculpa, só... desculpa. _ Ela mexe a cabeça em um sinal de positivo. – Dorme aqui, por favor, só me abraça, você me faz sentir melhor, sentir bem.
– Eu sempre farei isso, Juliette, sempre. _ E nada mais precisava ser dito, logo estávamos dormindo.