— Não é um evento para mães. Reclama Lucas, franzindo a testa.
— Eu não quero você lá. Todos os meus amigos vão com os seus pais.
Deito-me ao lado de Lucas no sofá cinza-claro no centro da minha sala,
com pijama do Bob Esponja que combina com o do Lucas.
— Eu sei que você quer ter um pai, e só me ofereço porque não quero você
vá sozinho. Eu respondo e ele franze a testa. — Você não entende nada de futebol, mãe. Será muito vergonhoso quando todos os meus amigos virem você lá.
— Vergonhoso?
Lucas nunca tinha usado uma palavra assim comigo. O meu coração encolhe vendo o quanto ele cresceu. Meu pequeno não é mais a criança que me seguia por toda parte, querendo saber tudo sobre mim.
Agora ele é um homenzinho que tem vergonha da mãe.
Toco o seu cabelo escuro, mantendo a minha voz suave. — Oh, querido!
Lucas não se vira para olhar para mim. Ele está muito zangado.
Mas eu não desisto. — Ei. Seu pai não está aqui conosco, Lucas. Eu sei que você sente falta dele e que o quer aqui, mas agora é só você e eu.
A culpa toma conta de mim quando olho para o meu filho. Lucas tinha três anos a primeira vez que ele perguntou sobre o seu pai. Isso me pegou de surpresa e, embora não
fosse uma mentira muito lógica, eu disse a ele que o pai dele tinha viajado para muito longe e que talvez ele nunca mais voltasse.Talvez.
Porque não importa o quanto eu tente negar, ainda há um pequeno vislumbre de esperança em mim.
Que, um dia, estarei junto dele novamente.
E então não poderei esconder de Dominic a existência de seu filho.
Pensar nisso me assusta.
A ideia de que um dia não poderei mais proteger Lucas de Dominic me faz espreita como um pesadelo.
Dominic partiu para a Itália logo depois que eu terminei com ele.
Acredito que ele nunca mais volte para Nova York, mas se voltar, pretendo manter Lucas, o mais longe possível dele. Não importa se eu tiver que arriscar a minha vida para conseguir.
Mas, o meu filho nunca terá de viver nas trevas da máfia.
— Mãe? Ele não franze mais a testa, mas a expressão em seu rosto não está mais carrancuda, isso me mostra que ele está feliz. —Você às vezes sente falta do papai?
Eu acaricio a sua cabeça. Ele tem o mesmo cabelo ônix escuro que
Domingos. Os mesmos olhos castanhos quase escuros e pele escura. Lucas me lembra muito Dominic e muitas vezes me pergunto se o motivo de eu não ter superado Dominic em todos esses anos é por causa de Lucas. Porque ele mantém Dominic no centro da minha mente.
A semelhança entre eles é incrível e sempre traz lembranças do meu
passado que tento esquecer.
Suspirando, pego a mão de Lucas na minha. — Sim, sinto falta.
Alguém disse uma vez que “o tempo cura tudo”, mas mesmo depois de sete anos, os meus sentimentos por Dominic ainda estão tão frescos como se fossem recentes. A facada em meu coração desde a noite em que o deixei ainda sangra.
— É por isso que você não quer ter namorado? Lucas pergunta franzindo a sobrancelhas.
Ele é muito inteligente para uma criança de sete anos.
— Ou você não quer ter namorado por minha causa?
— Minha doce criança. Acaricio as suas bochechas rechonchudas e as aperto suavemente. — Claro que não. É que a mamãe não encontrou o cara certo.
Lucas levanta as sobrancelhas. Ele é uma criança muito curiosa.
— Como você vai saber quando encontrar o cara certo?
Penso na primeira noite em que conheci Dominic.
— Hmmm. Eu murmuro, lembrando do jeito que só de olhar para Dominic
pela primeira vez, fiquei sem fôlego.
Eu toco seu peito. — Você sente isso aqui, e então você sabe que é ele.
Suas risadas são inocentes e contagiosas.
— Você se sentiu assim quando conheceu o meu pai?
Um sorriso aparece no meu rosto.
— Sim. Mesmo agora, o meu coração bate quando penso nele.
Meu telefone toca antes que Lucas possa fazer mais perguntas.
O nome da Maira pisca na minha tela quando pego o telefone.
Eu me pergunto por que ela está ligando.
— Olá, bebê! Eu respondo.
A música pop tocando ao fundo me diz que ela está em um bar. Maira é
muito extrovertida, o que contrasta com a minha natureza introvertida. Eu me pergunto como conseguimos ser melhores amigas todos esses anos.
Há uma mistura de excitação e pânico em sua voz. — Adivinha o que está acontecendo?
Meus olhos encontram os de Lucas. Eu não confio o suficiente em Maira
para atender ad suas chamadas enquanto estiver perto dele. Às vezes ela é muito travessa e imprevisível, então vou até a cozinha e pego um banquinho ao lado da ilha.
— Você sabe que não sou bom com enigmas. O que está acontecendo?
— Respire fundo primeiro. Ela me avisa.
Meu estômago aperta enquanto minha expectativa aumenta.
— Seja o que for, espero que valha a pena a tortura que você está me fazendo passar.
— Acredite, vale a pena. Ela faz uma pausa e estou prestes a arrancar todos os cabelos da minha cabeça. — Estou em uma boate no centro da cidade e você não vai acreditar em quem esta aqui.
Eu suspiro. Deus, em breve lhe enviarei a minha alma.
— Quem?
Ela expele o nome dele como fogo.
— Dominic Romano.