Elena
— Qual Domingos Romano? Pergunto, rindo como se Maira tivesse acabado de fazer uma piada de m*au gosto.
Eu sei que não é uma piada. Maira pode ser louca, mas ela não é do tipo que inventa coisas, nem mesmo por diversão.
Mas acho que quero tanto que não seja ele que é mais fácil continuar vivendo em negação por alguns minutos do que aceitar que isso aconteceu. Que ele voltou para Nova York. Se eu fingir que não é o Dominic Romano que conheço,
então não será ele. Certo?
— É Dominic Romano, Elena. Ela diz.
— Seu ex.
Me*rda.
Passo os dedos pelos cabelos, como uma nova onda de risadas, a desgr*aça escapa do meu peito.
— Não pode ser. Dominic está na Itália. Ele está na Itália há sete anos. Não pode ser...
— É ele. Maira interrompe antes que eu possa me meter ainda mais no túnel de negação. — Ele acabou de voltar. Eu não queria bisbilhotar, mas ouvi dizer que ele está se estabelecendo permanentemente em Nova York.
Não Isso não é verdade. Isso não pode estar acontecendo.
— Talvez eles sejam parecidos? É! Deve ser alguém parecido e...
— Elena. Maira pronuncia o meu nome em voz baixa, como se quisesse me acordar de um sonho do qual não quero acordar. — É mesmo ele. Eu sei do que você tem medo, devemos conversar sobre isso amanhã no trabalho. Ela desliga antes que eu possa dizer qualquer coisa.
— Isso se eu durar até amanhã.
Minha mente se torna uma confusão de angústia pelo resto da noite e,
quando chega a manhã seguinte, vou para o escritório com os olhos inchados.
Não chorei, mas m*al dormi, os meus pensamentos não me abandonavam.
Tento cuidar da papelada para me manter distraída. O tempo passa
lento, mas fico grata quando alguém abre a minha porta sem se preocupe em bater antes. Eu sei que é Maira, só ela ousaria entrar no meu escritório sem bater primeiro.
— Olá, amiga. Ela me diz ao entrar em meu escritório, com um largo sorriso no rosto.
Ela engasga e cai em um sofá em forma de L a poucos metros da minha mesa.
Ela chegou tarde. Tão tarde que pensei que não conseguiria vir hoje.
— Meu Deus, acho que vou desmaiar.
Eu olho para ela com desconfiança. — Você bebeu ontem à noite?
Ela me dá um sorriso culpado.
— Conheci um italiano muito lindo, não pude recusar quando ele me ofereceu uma bebida... e se*xo.
Fico enjoada quando ouço falar de se*xo e ela percebe.
— Amor, você tem que sair um dia desses. Você está celibatário há tanto tempo que você é praticamente virgem agora.
— Obrigado, mas eu dispenso. Como se eu já não tivesse problemas suficientes por causa do se*xo que
eu tive há sete anos.
— Então, vamos conversar sobre o seu problema. Ela começa, direcionando a atenção dela em minha direção e longe do se*xo delicioso que ela fez na noite anterior. — O que você vai fazer agora que ele voltou?
Tento não revirar os olhos porque a resposta é óbvia.
— Se eu soubesse a resposta para essa pergunta, seria a mulher mais calma do mundo, você não acha?
Ela encolhe os ombros e não sei se está concordando comigo ou não.
— Ainda permanece o problema de você não conseguir encontrar um homem. Mas antes de mais nada, você não pode esconder Lucas para sempre.
— Tem certeza? Porque eu acho que sim. Eu não costumo brincar em
situações sérias como está, mas, os meus ombros estão carregados com o peso do medo que corre em minhas veias.
Acho que posso acalmar a minha ansiedade se tentar tirar um pouco da importância da situação, mas isso só me deixa mais nervosa.
— Maira, não posso deixar Dominic conhecer Lucas. Eu não quero ele...
Acabe se envolvendo naquele mundo de trevas. Eu completo a frase.
— Eu sei, mas vou te contar uma coisa, Lucas merece uma chance com o seu pai.
— Seu pai é o chefe da máfia italiana, Maira. A frustração cresce em mim
e é difícil para mim manter o tom.
— Ele não é um homem qualquer. Ele é o chefe da máfia. Você sabe o que isso significa? Isso significa que seu dinheiro é dinheiro de sangue, suas mãos estão encharcadas de sangue e é tão brutal quanto a por*ra de um monstro. Como posso deixar o meu filho ficar perto dele?
— O que você vai fazer agora? Tenho certeza que você não planeja manter
Lucas trancado no porão de sua mansão para mantê-lo longe de Dominic.
Mordo o meu lábio inferior enquanto penso.
— Não, não posso manter Lucas preso, mas posso garantir, que Dominic nunca descubra.
— Como faremos isso?
— Comece não ficando bêbada e conversando na boate. Você é a única pessoa que sabe a verdade sobre Dominic e eu. Dominic não vai suspeitar de nada se você não contar a ele.
— Está falando sério?
Eu me recosto na cadeira, virando-a de um lado para o outro. — Muito sério.
Maira bufa. — Talvez você não tenha notado, mas Lucas é a cara do Domingos. Se Dominic ver, ele só precisará de um teste de DNA para
descubrir que ele é seu filho.
Ela está certo e o fato de ela estar certa, faz o meu coração bater com
força contra a minha caixa torácica. Não demoraria muito para Dominic ligar os pontos e descubrir que Lucas é seu filho se eles se conhecerem.
— Então terei que manter Lucas longe dele de alguma forma.
Ainda não sei como, mas tenho que fazer.
— Elena.
Pisco, olhando para minha amiga.
— Do que você realmente tem medo? Ela pergunta, com a voz suave.
— Você está realmente com medo de que Lucas se machuque se Dominic descobrir, ou você está realmente com medo dos seus próprios sentimentos em relação a esse homem?
O mundo para ao meu redor e a pergunta de Maira ecoa através de mim, fazendo um loop na minha cabeça.
Do que eu realmente tenho medo?
Não posso negar que os meus sentimentos por Dominic ainda são tão fortes como antes. Mas também temo pela segurança do Lucas.
Dominic pode ter mentido para mim sobre o que fez para ganhar dinheiro, mas nunca, nem por um segundo, duvidei de seu amor. Do jeito que ele
carinhoso comigo, tudo isso não poderia ser falso.
Ele me amava. Talvez não tanto quanto eu o amo, mas sei que ele me amou e que não faria nada para me machucar. Não é dele que tenho medo. É mais da dor que eu veria em seus olhos, se ele descobrisse que eu havia escondido um segredo como esse, é o que me assusta profundamente.
São os seus inimigos que mais me aterrorizam.
E se uma guerra estourasse? O que aconteceria? Homens como aqueles da máfia pode prejudicar mulheres e crianças sem pestanejar.
Eu nunca entrei no mundo dele durante os quatro meses que estivemos juntos, mas não sou tão ingênua a ponto de ignorar os perigos que existem na máfia.
Conheço o perigo e não acho que estou preparada para isso.
Eu não estava há sete anos e ainda não estou agora.
Minha voz sai abafada enquanto forço uma resposta. —Tudo me assusta, Maira.
Tudo.